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Ao UnBTV Entrevista, Vânia Moreira, da UFRRJ, menciona apagamento na historiografia nacional da atuação dos povos originários durante o processo 

Professora Vânia Moreira concedeu entrevista nos estúdios da UnBTV no campus Darcy Ribeiro. Imagem: Reprodução UnBTV

 

Neste ano, comemora-se 200 anos da independência do Brasil. Para a professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) Vânia Moreira, que é pesquisadora com foco em história dos indígenas durante os séculos XVIII e XIX, a data deveria levar a uma reflexão sobre o apagamento da participação dos indígenas nesse processo. Ela discorreu sobre o tema em entrevista à TV universitária da Universidade de Brasília.

 

“De forma geral, a participação indígena no processo de independência é ignorada pela historiografia oficial, porque nós temos uma construção histórica do Brasil como nação independente em que os indígenas foram basicamente excluídos; construiu-se uma imagem de um país sem eles”, considera a professora ao UnBTV Entrevista. A pesquisadora esteve na Universidade de Brasília em junho para ministrar a aula inaugural do Programa de Pós-Graduação em História.

 

Apesar de os povos originários não serem citados na Constituição de 1824, Vânia Moreira relembra que durante a constituinte, ocorrida um ano antes, os membros discutiram a questão indígena. Segundo a professora, pelo fato de os povos indígenas serem considerados livres e com direito a terras — muito visadas pelos constituintes — antes de 1822, este era um assunto complexo. “A impressão que eu tenho é que a ausência da questão indígena na Constituição de 1824 foi justamente para não criar polêmica”, analisa.

 

“Desde o Brasil colonial, liberdade e terra caminhavam juntos.” Durante o período de transição do modelo colonial para o império, afirma Vânia, tentou-se mudar essa máxima e separar os dois. “O indígena sem terra caía na dependência de alguém. Ou na dependência do Estado, onde ele iria para a Marinha ficar 12, 13 anos em um trabalho quase forçado; ou caía na dependência de um fazendeiro; ou caía na dependência de um comerciante. Ele perdia a liberdade”, conta a professora.

 

Segundo Vânia, a colonização não foi totalmente superada pelos povos indígenas. Ela ressalta ainda que a antropologia e alguns historiadores trabalham há algumas décadas, inclusive, com a ideia de colonialismo interno. “Há uma troca de elites, na qual a que se passa por brasileiros (os portugueses nascidos no Brasil) vai exercer o mesmo colonialismo, inclusive com as mesmas leis ou até piores”, observa.

 

Vânia Moreira ressalta que, dentro do direito internacional, o que ocorre com os povos indígenas se enquadra como genocídio: “Genocídio é qualquer política sistemática de acabar com um grupo étnico, ou um grupo religioso, ou um grupo cultural. Usando essa acepção, você pode aplicar o conceito de genocídio até o período colonial”, analisa.

 

Confira a entrevista na íntegra:

 

*estagiário de Jornalismo na Secom/UnB

 

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