CELEBRAÇÃO

Aproximação da comunidade local com a instituição marca a história do campus, que aniversaria neste 16 de maio

Primeiro campus da UnB fora do Plano Piloto, FUP é marcada pela diversidade de pessoas que compõem sua história. Foto: Leandro Evangelista/FUP

 

Na próxima segunda-feira (16), a Faculdade UnB Planaltina (FUP) comemora 16 anos, sendo referência na interlocução acadêmica com a sociedade. Inaugurada em 16 de maio de 2006, a FUP foi a primeira obra do projeto de ampliação da Universidade de Brasília (UnB). Foi fundada antes mesmo do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que depois fomentou o crescimento da Faculdade e a construção dos campi de Ceilândia (FCE) e do Gama (FGA), em 2008.

 

extensão teve por finalidade atender à demanda da população da região por oportunidade de acesso à educação superior pública. Além disso, visava permitir que a UnB assumisse importante papel na aceleração do processo de desenvolvimento socioeconômico e científico de Planaltina e arredores.

 

A reitora da Universidade de Brasília, Márcia Abrahão, lembra que a expansão da UnB para fora do Plano Piloto era um sonho antigo da sociedade do Distrito Federal, que começou a se concretizar a partir do campus de Planaltina. “Foi emocionante perceber como a população de Planaltina se mobilizou em torno da UnB. Tenho um carinho muito especial pelo campus.” À época docente do Instituto de Geociências, e, depois, decana de Ensino de Graduação – de 2008 a 2011 –, a reitora acompanhou a criação da FUP e os concursos de professores para os primeiros cursos.

 

O campus foi construído no bairro Vila Nossa Senhora de Fátima, em Planaltina, a aproximadamente 36 km do Darcy Ribeiro. O objetivo era agregar as regiões de Planaltina, Sobradinho, Brazlândia, Sobradinho II, Formosa, Buritis Cabeceiras, Planaltina de Goiás, Vila Boa e Água Fria de Goiás, entre outras.

 

Para o diretor da Faculdade, professor Reinaldo Miranda, a localização aproxima o ensino do cotidiano de Planaltina. Vínculo este que pode ser visto na rede de interação montada com a segurança pública, a administração regional, grupos de minorias, grupos de expressão cultural e artística, museus e outras estruturas que integram a dinâmica de funcionamento da região administrativa.

 

“Nós somos recebidos por essa comunidade de braços abertos.” Ele ressalta ainda que o campus está à disposição para acolher a todos. “Queremos desmistificar que aqui só entram alguns, deixar claro que não é inalcançável o ingresso”, completa. 

 

A diversidade de pessoas, de diferentes origens, presentes na comunidade acadêmica é, sobretudo, uma das marcas da unidade. “A nossa configuração de estudantes é bastante diversa. E eles se sentem contemplados por essa diversidade, que aqui dentro é um assunto tratado de maneira natural", ressalta o diretor.

 

Algo que também chama a atenção nas interações entre o corpo acadêmico é a cultura do diálogo. Uma das ações mais tradicionais em comemoração ao aniversário é a Assembleia Geral, onde se reúnem discentes, docentes, servidores, terceirizados e comunidade externa para decidir as medidas e ações a serem tomadas pelo campus ao longo do ano. “A partir do momento que a gente fortalece os espaços democráticos, fortalecemos essa cultura que a gente tem no campus”, defende o diretor. A assembleia deste ano será realizada após o início do semestre letivo, marcado para 6 de junho.

 

>> Confira artigo de opinião de Reinaldo Miranda sobre os 16 anos da FUP

 

PANORAMA – A FUP foi concebida com vocação no campo da educação, ambiental e de desenvolvimento rural. “Nossos cursos de graduação e pós-graduação possuem grande atuação nas temáticas de meio ambiente, educação ambiental e agronegócio de maneira abrangente”, explica Reinaldo Miranda. 

 

Em pleno crescimento na graduação e pós-graduação, a FUP já colhe os resultados de sua receptividade à comunidade regional: o campus formou 1.561 profissionais em suas quatro graduações oferecidas, além de 381 na pós-graduação – ao todo, são seis cursos, sendo dois de mestrado profissional. Atualmente, conta com 112 docentes e 52 técnicos administrativos. Confira abaixo outros números que dão um panorama da Faculdade:

Imagem reúne dados sobre a FUP na graduação e pós-graduação, além de seu quadro de servidores. Arte: Luísa Reis/Secom UnB

 
EDUCAÇÃO POR GERAÇÕES – Morador de Planaltina há 51 anos, Carlos Ferreira da Silva, de 52 anos, teve sua vida transformada após a inauguração do campus. “A Universidade começou a funcionar em 2006. Nessa época, decidi montar na garagem da minha casa um pequeno comércio para vender lanches e bebida”, conta. O público eram os moradores das redondezas e os transeuntes da Universidade.

 

Conforme o campus cresceu, o negócio de Carlinhos, como é conhecido, progrediu junto. Segundo o comerciante, ele chegou a servir 320 refeições por dia e hoje tem dez colaboradores que o ajudam. Em 2014, Carlinhos decidiu se aproximar mais da FUP. “Resolvi fazer o vestibular da Universidade e entrei pelo Enem [Exame Nacional do Ensino Médio]. Fiz o curso de Gestão de Agronegócio e tive a oportunidade de participar de diversos projetos de extensão. Sou testemunha do quanto a Universidade pode transformar e agregar à vida de uma pessoa.”

Júlia Rafaela e o pai, Carlos Ferreira da Silva, ambos marcados pela passagem na Faculdade de Planaltina. Foto: Arquivo pessoal

 

Hoje graduado, Carlinhos acredita que a proximidade da FUP transformou a vida da cidade. “O espaço da comunidade ficou mais valorizado, vários membros tiveram grandes mudanças na vida graças ao ensino e à Universidade aqui em Planaltina.” O egresso conta que o plano agora é se esforçar para continuar estudando e um dia virar docente, para retribuir à sociedade e à Faculdade tudo o que conquistou. 

 

O gosto pelos estudos e a paixão pela Faculdade de Planaltina são negócio de família. Júlia Rafaela de Oliveira Silva é estudante do curso de Gestão Ambiental e filha do Carlinhos. Ela se apaixonou ainda criança pela Universidade, e quando viu o pai embarcar na instituição, se inspirou a estudar. Em 2017, decidiu seguir os mesmos passos. “Participava de eventos, oficinas e até de projetos junto com a escola em que eu estudava. Em 2014, vi meu pai ingressar na FUP e para mim foi um sonho, uma inspiração que eu precisei seguir.”

 

Para a estudante, a inserção da Universidade na vida cotidiana da região é muito importante e motivadora. Ela enfatiza que a FUP oferece projetos, oficinas, palestras e eventos voltados para a comunidade, “levando informações e conhecimentos que têm um valor muito grande e que com certeza retornarão de forma positiva para a sociedade”.

 

FUP VOLTADA À FUP – “A FUP mudou minha vida”, declara Tállyta Abrantes do Nascimento, egressa do curso de licenciatura em Educação do Campo. Para ela, a instituição é extremamente acolhedora, principalmente para os estudantes do campo, quilombolas e da periferia do Distrito Federal. “Eu sou da periferia do DF e desde o início [do curso], me senti acolhida – desde quando me apresentaram as instalações até a moradia que me foi concedida”, compartilha ela, que hoje é professora da Secretaria de Educação do DF.

 

Tállyta iniciou a graduação em 2012 e participou ativamente da vida acadêmica, no movimento estudantil do curso, no colegiado da FUP e até nas ações de extensão e nos programas de educação.

Tállyta Abrantes foi aluna do curso de licenciatura em Educação do Campo e agora é coordenadora pedagógica no projeto de extensão EJA na UnB-FUP. Foto: Arquivo pessoal

 

Ao ajudar a organizar e promover "aulões" para toda a comunidade dos arredores, Tállyta e seus colegas ficaram surpresos ao descobrirem que muitos trabalhadores terceirizados do próprio campus nunca haviam participado de nenhuma atividade acadêmica. Foi assim que surgiu a ideia de criar um projeto de educação que atendesse essa demanda. A então estudante escreveu o projeto de extensão EJA na UnB-FUP, que foi aprovado em 2017.

 

“Como ‘morávamos’ no campus, passamos a conhecer e conviver com as trabalhadoras e trabalhadores da FUP. Eles fizeram e fazem parte da minha vida”, explica a professora.

 

Desde então, Tállyta nunca mais saiu da instituição. Exceto na pandemia, quando foi preciso pausar as atividades do projeto. Para ela, a iniciativa foi uma porta aberta para receber a comunidade de Planaltina e já tem rendido resultados. A egressa conta que muitas trabalhadoras conseguiram concluir seus estudos e algumas até ingressaram na FUP. Atualmente coordenadora pedagógica do EJA na UnB-FUP, ela mantém um desejo: “Espero continuar fazendo parte dessa história”.

 

Confira episódio do programa Universidade para Quê? sobre instalação da UnB em Planaltina:

 

 

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