SBPC VAI À ESCOLA

Criado na década de 1980, programa SBPC vai à Escola é focado na divulgação da ciência para crianças e jovens

Estudantes de escolas públicas foram à Faculdade UnB Ceilândia para participar da 74ª Reunião Anual da SBPC. Foto: Manuela Ferraz/FAC

 

Um dos programas especiais da 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o SBPC vai à Escola foi lançado nesta terça-feira (26), e levou professores e estudantes do ensino fundamental e médio de instituições públicas à Faculdade UnB Ceilândia (FCE). O estímulo à criatividade e construção de conhecimentos científicos é um dos objetivos da programação, que contou com palestras sobre conteúdos desde a escala nano até assuntos relacionados à conservação de recursos naturais e dos animais.

Uma das atividades que despertou o interesse dos estudantes no primeiro dia de programação foi a palestra sobre doenças neurodegenerativas, apresentada pela professora de Bioquímica do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo Demes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Débora Foguel. Os numerosos espectadores surpreenderam a professora, que, apesar de já ter o hábito de visitar escolas no Rio de Janeiro, sempre fica impressionada com a participação dos alunos. "Eles pensam e têm dúvidas muito pertinentes. A iniciativa do SBPC vai à Escola é talvez a mais importante de todas, porque os nossos futuros cientistas estão nas escolas".

Nayra Madeline, 18, estudante do segundo ano do ensino médio no CEM 77 de Ceilândia Norte, foi uma das participantes da palestra e interessou-se pelo modo de funcionamento das doenças apresentadas. Embora esteja em período de férias escolares, ela contou que foi ao evento com uma finalidade particular: "vim para conhecer a Universidade e nunca tinha tido contato com estes temas. Foi a primeira vez".

Ayla Mota, professora de Biologia da mesma instituição, acredita que se o SBPC vai à Escola fosse realizado no período de aulas, o número de presentes seria maior. "Nós temos alunos interessados no conhecimento, e não só em notas, então os que vieram gostaram muito". Ela pontuou que a palestra conseguiu abordar o que estudantes já viram em sala de aula de maneira prática.

Este ano, o programa inverteu o movimento e levou alunos das escolas à Universidade. Amanda Leslye, 16, também do segundo ano do ensino médio no CEM 77, achou que faria apenas um passeio pela Universidade e foi surpreendida pelo material compartilhado na programação. "Acho muito importante para a gente ter uma noção do que se passa aqui."

Ildeu de Castro ministrou a palestra Independência rima com ciência?, na FCE. Foto: Manuela Ferraz/Secom UnB

 

Além da participação no evento, os estudantes receberam lanches ao final das palestras. Aqueles que estavam em sua primeira visita à FCE fizeram elogios aos prédios abertos, instalações, à beleza dos jardins e demonstraram vontade de conhecer os outros campi.

E engana-se quem pensa que a programação é restrita aos alunos do ensino fundamental e médio. Tainna Lorraine, graduanda do curso de Terapia Ocupacional da UnB, marcou presença na programação sobre nanomagnetismo e enxergou uma relação da área de saúde, na qual atua, e o fluido que dá mais mobilidade no campo do magnetismo.

Abimael Libano de Almeida e Cristiano Nogueira, ambos de 19 anos e do curso de Automação Industrial do Instituto Federal de Brasília (IFB), assistiram à mesma palestra e ficaram entusiasmados com os saberes divulgados, possibilidades de aplicação e avanços tecnológicos. "Mesmo sem muito conhecimento sobre essa área, consegui entender bem o que ele estava falando e achei muito interessante, aprendi muita coisa que não sabia", diz Abimael.

DEPOIMENTOS – Ítalo de Oliveira, 16, foi um dos estudantes do CEF 101 do Recanto das Emas que adicionou no calendário de férias a participação na SBPC. "Minha mãe achou legal eu vir porque estava sem fazer nada em casa nas férias. Depois eu quis vir mesmo pra encontrar os amigos e aprender coisas novas". A programação que assistiu durante a manhã foi intitulada Independência rima com ciência? e trouxe para sala de aula comprovações práticas ligadas ao universo dos planetas. Para casa, além das lembranças e dos ensinamentos, ele também levou dados poliédricos que ganhou do palestrante.

Para quem gosta de ciência como Yasmin Dominique, 13, a identificação com o evento é certa. A estudante do oitavo ano também recebeu um incentivo do responsável para comparecer ao evento. "A palestra foi incrível e o professor deixou a gente participar bastante da aula. A gente testou a teoria na prática". Esse pode ter sido um despertar da curiosidade, começo da formação de futuros cientistas e demonstração de que é possível aprender também fora da escola, que foi como a professora de Ciências Márcia da Silva definiu o projeto SBPC vai à Escola. Ela explicou que, na instituição CEF 101, o convite para participação dos alunos foi feito por meio das redes sociais e que ao chegarem lá, se empolgaram muito e interagiram com as práticas.

Victor Gabriel, 14, e David d'Luca, 14, ambos do nono ano, saíram da sala inspirados. Enquanto Victor destacou os jogos que fizeram ao final da palestra e que o ajudaram a entender o conteúdo, David afirmou querer participar das programações que estão acontecendo em outros campi também, principalmente aquelas que envolvem música.

Do mesmo ano e instituição dos colegas, Sara Lavinia, 14, definiu como seu momento preferido da palestra a explicação sobre a rotação e translação da lua. Ela afirma achar importante o fomento à ciência proporcionado pelo evento, afinal de contas, "ciência e tecnologia é uma das matérias mais legais que se tem para aprender".

Nanomagnetismo foi assunto tratado por Marcelo Knobel junto aos estudantes de ensino médio. Foto: Manuela Ferraz/Secom UnB

 

"A SBPC precisa expandir esse projeto das escolas e as universidades precisam inserir os estudantes em atividades permanentes. A educação científica precisa ser incentivada e é importante que eles tenham essa curiosidade", defendeu Ildeu Moreira, professor de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele foi um dos palestrantes do evento e explicou sobre ciência a partir de desafios que fazem parte do processo. "Só lamento que a educação em ciência nas escolas brasileiras é precária. Ciência não é decoreba e prova, ciência é você investigar, discutir, você errar, experimentar e criar.”

SBPC VAI À ESCOLA – O programa está em funcionamento desde a década de 1980 e tem impacto nacional, uma vez que já mobilizou e levou representantes às salas de aulas de diversas instituições de ensino para promoção da ciência. A novidade experimentada na 74ª Reunião Anual da SBPC é aproximar os estudantes da produção acadêmica e levá-los a uma experiência imersiva no espaço físico da Universidade de Brasília, sede do evento.

Na terça (26), a programação de palestras pela manhã atendeu a diversos interesses e incluiu temas como nanomagnetismo (palestrante Marcelo Knobel), conhecimentos para defesa do Cerrado brasileiro (palestrante Pedro Luiz Teixeira de Camargo), e primatas e conservação dos animais (palestrante Zelinda Maria Braga Hirano).

Na quarta (27) e quinta (28), as atividades continuaram nos campi de Planaltina e Gama, respectivamente. Apesar de ter estudantes do ensino fundamental e médio como público principal, as programações são abertas à comunidade.

 

>> Acesse a programação da SBPC vai à Escola


PARTICIPE – A programação da SBPC, maior evento científico da América Latina, segue até sábado (30), com atividades on-line, transmitidas ao vivo pelos canais no YouTube da UnBTV e da SBPC, e presenciais, nos quatro campi da UnB: Darcy Ribeiro (Asa Norte), Ceilândia (FCE), Gama (FGA) e Planaltina (FUP). O melhor da ciência, tecnologia e inovação desenvolvidas no Brasil estará em destaque em mais de 200 atividades abertas ao público, entre conferências, mesas-redondas, painéis, webminicursos, exposições e sessões especiais. Atrações culturais e eventos paralelos também movimentam a Universidade.

 

>> Confira a programação por grandes temas

 

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