A Universidade de Brasília realizou, nesta quarta-feira (26), a cerimônia de outorga do título de Professor Emérito a Matheus Gorovitz. O evento ocorreu no Auditório da Reitoria, campus Darcy Ribeiro.
A mesa de honra foi composta pela reitora Rozana Naves, pelo vice-reitor Márcio Muniz, pelo homenageado e pelo diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), Caio Frederico e Silva. A oradora foi Sabine Gorovitz, professora do Instituto de Letras (IL) e filha do outorgado.
Integraram a comitiva de Matheus Gorovitz a docente do Departamento de Design (DIN) Marisa Cobbe Maass, a professora aposentada Claudia da Conceição Garcia (FAU), a docente Maria Cláudia Candeia de Souza (FAU), o arquiteto paisagista Lauro Renato Fernandes Fialho e a atriz Dora Wainer Gorovitz, esposa do homenageado.
Também estavam presentes a ex-reitora da UnB (2016-2024) Márcia Abrahão, a diretora da Faculdade de Comunicação (FAC) Dione Moura, a secretária de Direitos Humanos da UnB, Cláudia Renault, o assessor estratégico para Gestão de Infraestrutura da UnB, Eleudo Esteves, e a vice-presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal (CAU-DF), Larissa de Aguiar. A outorga foi aprovada durante a 526ª reunião do Conselho Universitário (Consuni), em agosto deste ano.
CERIMÔNIA – A oradora Sabine Gorovitz contou que seu amor pela arquitetura e por Brasília vem do convívio com o pai. “Quando muitas amigas ostentavam suas casas de Barbie, eu me exibia com as maquetes de meu pai, muito mais instigantes, com seus telhados removíveis, paredes que se abriam, janelas de papel”, contou.
“Com ele, aprendi que ética e estética estão intrinsicamente ligadas”, disse a docente, que descreveu o privilégio de ter crescido em casas projetadas ou reformadas pelo pai. “Senti que aquelas casas eram também uma forma de cuidado: uma dupla paternidade.”
“Ele é um arquiteto imbuído em sua missão de transformar uma casa, ou uma cidade, em um lugar de aconchego e, ao mesmo tempo, uma obra de arte. [...] Tudo que faz é movido por rigor, compromisso e integridade”, acrescentou.
A docente Maria Cláudia Candeia realizou apresentação musical durante exibição de imagens de obras de Matheus Gorovitz, que incluem desenhos, gravuras e fotografias.
Em sua fala, o mais recente Professor Emérito da UnB elencou pontos que considera elementares sobre a arquitetura. Primeiro, que a arquitetura é, antes de mais nada, construção com propósito primordial para ordenar e organizar plasticamente o espaço. Ela estabelece nexo entre construção e habitação. Segundo, que é uma construção concebida para determinada finalidade e visando determinada intenção, incluindo a convivialidade. Ela estabelece nexo entre cidade e harmonia.
A reitora Rozana Naves destacou que a trajetória de Matheus Gorovitz ressalta que a arte é um elemento essencial para a formação humanística e emancipatória, e afirmou que a plasticidade contribui para novos modos de fazer pedagógico. “E também evidencia a discussão da própria universidade como espaço físico que reúna a nossa comunidade, uma arquitetura que integre o diálogo, espaços de existência e de resistência.”
TRAJETÓRIA – A oradora destacou pontos altos da carreira do docente, que, em suas palavras, ofereceu uma leitura crítica sobre a arquitetura de Brasília. Matheus Gorovitz nasceu em 1938, em São Paulo. Sua carreira acadêmica foi marcada pela Universidade de São Paulo (USP): graduou-se em Arquitetura e Urbanismo em 1965, concluiu mestrado em 1989 e doutorado em 1996, os dois últimos sob orientação do professor Julio Roberto Katinsky. Em 2000, realizou pós-doutorado na Université Paris I Sorbonne, França.
Ingressou na Universidade de Brasília em 1973. Lecionou na FAU disciplinas de projeto até 1989 e, depois, de história de arte e da estética da arquitetura, na graduação e pós-graduação, até 2010, quando se aposentou. Foi diretor da FAU, chefe de departamento e do Centro de Planejamento Oscar Niemeyer (Ceplan/UnB). Criou a disciplina obrigatória de Estética e História da Arte e Arquitetura.
É autor de obras como: Brasília, uma questão de escala (1985), descrita como uma obra seminal sobre o entendimento da cidade; Os riscos do projeto: contribuição à análise do juízo estético na arquitetura (1993); e A invenção da Superquadra (2009), em colaboração com Marcílio Mendes Ferreira. Destacou-se pelo estudo das obras de Oscar Niemeyer e Lucio Costa e pela sua defesa dos ideários estéticos vinculados ao desenho/projeto de Lucio Costa, que deram vida ao Plano Piloto de Brasília.
Projetou espaços na UnB, como a Faculdade de Direito (1982), em participação com o arquiteto Maurício Azeredo, o Posto de Abastecimento e Serviços (1998) e o Pavilhão de Múltiplo Uso (1998), hoje Centro de Convivência Negra Lélia Gonzales, com a colaboração de Marisa Maass e Regina Sigmaringa. Liderou a equipe vencedora do concurso para a Praça Maior da UnB (2010), cujo projeto está em fase de contratação para construção.
Recebeu reconhecimentos como o II Prêmio José Aparecido de Oliveira (2009) e o Prêmio João Filgueiras Lima na Bienal de Arquitetura de Brasília (2001). Após a aposentadoria, continuou produzindo livros e projetos, incluindo a segunda edição de A invenção da Superquadra (2020) e o projeto da Aula Magna da UnB (2023-2024). Em 2024, publicou o ensaio Estética em Tempos de Narrativa.
Confira a íntegra da cerimônia, transmitida pela UnBTV: