INSTITUCIONAL

Em entrevista à UnBTV, gestora comentou desafios enfrentados e avanços no período, além de projetar o ano de 2026


Reitora Rozana Naves concedeu entrevista à UnBTV abordando aspectos de seu primeiro ano à frente da Universidade. Clique no player e assista.

 

A reitora da Universidade de Brasília, professora Rozana Naves, concedeu entrevista à UnBTV para fazer um balanço do primeiro ano à frente da administração superior da instituição. A conversa aborda desafios, conquistas obtidas e expectativas para a continuidade do mandato. A Secretaria de Comunicação disponibiliza a seguir a íntegra do bate-papo.

 

UnBTV – Logo no início da gestão, os servidores técnico-administrativos entraram em greve em defesa de um percentual que compõe o salário da categoria e que estaria ameaçado. Como a Reitoria atuou nessa questão? Como está sendo conduzida essa construção em torno da URP, parcela importante da remuneração de técnicos e docentes?

 

Reitora Rozana Naves – O que desencadeou a greve, em março, foi o parecer de força executória da Advocacia-Geral da União, que interpretou uma decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a absorção da URP pelos reajustes. No caso dos técnicos administrativos, isso consumiria o reajuste previsto para 2025. A Reitoria atuou de forma muito assertiva junto aos órgãos envolvidos. Estivemos com todos os ministros do Supremo Tribunal Federal, fomos diversas vezes à AGU dialogar com procuradores sobre a interpretação dada, e também estivemos no Ministério da Gestão, Inovação e Serviços Públicos, com a ministra Esther Dweck, para sensibilizar sobre a relevância da parcela, tanto pela segurança alimentar quanto pelo valor histórico, pois integra nossos vencimentos há 34 anos. Sempre mantivemos diálogo com as entidades representativas, especialmente o sindicato mais envolvido na pauta, já que a ação dos docentes ainda não transitou em julgado. Também fomos ao Tribunal de Contas da União para dialogar com os ministros, lembrando que a URP está congelada desde 2019, com valores de 2016, o que já significou uma grande redução. Agora estamos iniciando os trabalhos da mesa de negociação. Já participamos de reunião no TCU com a área responsável pela construção de consensos. Estamos na expectativa de que a mesa seja efetivamente constituída.

 

UnBTV – Apesar da greve, foi um ano de muitas conquistas. Quais podemos destacar?

 

Reitora Rozana Naves – Realizamos um grande levantamento de dados sobre o ingresso dos estudantes. Havia, e ainda há, uma preocupação com o preenchimento de vagas em vários cursos. Logo no início de 2025, alguns cursos não tiveram candidatos aprovados. Isso já vinha sendo discutido, especialmente no campus da UnB Planaltina. Trabalhamos com uma série histórica de 25 anos, construída pelo decanato, considerando diferentes tipos de ingresso. A partir dela, chegamos a conclusões robustas sobre o preenchimento de vagas. Identificamos que a combinação entre processos seletivos locais, como o PAS, e processos nacionais, como acesso pelo Enem e Sisu, é determinante. Isso resultou na aprovação pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) do reingresso da Universidade de Brasília no Sisu. O sistema será usado como processo complementar para preenchimento de vagas ociosas em cursos que historicamente não conseguem preencher todas as vagas. Vamos iniciar essa implementação e avaliar seus impactos no próximo ano.

 

UnBTV – Falando sobre cursos e ingresso: há também o novo curso de Inteligência Artificial. Como foi essa construção?

 

Reitora Rozana Naves – O tema da Inteligência Artificial era uma pauta tanto de campanha quanto de gestão. Ele atravessa várias dimensões. Na formação acadêmica, o vice-reitor articulou as ações necessárias. O curso foi aprovado e sua criação ratificada no conselho máximo da Universidade. Ligada a isso está a infraestrutura. No início da gestão, estabelecemos contato com a indústria e conseguimos a doação de dois supercomputadores, lançados em setembro. Eles estão instalados na Secretaria de Tecnologia da Informação e serão a base do Laboratório Institucional Multiusuário de Inteligência Artificial e Supercomputação. Já temos edital aberto e alguns projetos deverão começar a operar. Outra dimensão é a transformação digital da própria gestão. O Decanato de Planejamento, Orçamento e Avaliação Institucional (DPO), junto à Diretoria de Processos, está desenvolvendo plataformas digitais para automatizar processos administrativos ainda feitos em planilhas. Isso facilitará a transparência e o planejamento. Foi lançado o Painel de Gestão da Universidade de Brasília, fruto de articulação entre o DPO e o Decanato de Administração (DAF), que ajudará gestores a acompanhar a execução orçamentária e planejar gastos.

 

UnBTV – Na posse, a senhora mencionou que sustentabilidade seria uma bandeira da gestão e citou o lançamento do Instituto do Cerrado. Isso também avançou?

 

Reitora Rozana Naves – Sim. A ideia do Instituto Nacional do Cerrado já vinha sendo construída, e a Universidade de Brasília retomou protagonismo nessa articulação. Em agosto, instituímos na UnB o comitê Pró-Instituto Nacional do Cerrado. São 24 instituições de ensino superior – públicas, federais, comunitárias – articuladas para a criação de uma organização social de pesquisa vinculada ao MCTI. Além disso, nossa gestão tem trabalhado para articular um centro de estudos sobre o clima, ampliando a pauta além do Cerrado. Queremos integrar inteligência artificial para monitoramento climático, prospecções e subsídios às políticas públicas. Também realizamos a Pré-Cop UnB, reunindo grupos de pesquisa de todas as áreas do conhecimento em chamada aberta – que nos surpreendeu pela adesão. Recebemos ainda eventos do governo federal relacionados à participação social, como o Fórum Social da Amazônia, o Fórum Interconselhos e a Comissão de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Tudo isso tem contribuído para construir o cenário que permitirá inaugurar, talvez já no próximo ano, esse hub de estudos sobre o clima.

 

UnBTV – A Universidade lançou um edital para enfrentamento e disseminação de notícias falsas. Qual o papel das universidades nessa temática? Há outras ações sendo planejadas?

 

Reitora Rozana Naves – Sim, há várias ações. Estamos nos preparando para 2026, que será um ano desafiador por conta do calendário eleitoral. A democracia é central na nossa gestão, então o tema será muito debatido. Além do Comitê de Enfrentamento à Desinformação, temos trabalhado na reafirmação dos processos democráticos internos e na defesa da democracia em nível nacional. Ao longo deste ano, fizemos uma pesquisa ampla com a comunidade acadêmica sobre formas de participação nos colegiados e nos debates. Os resultados serão apresentados ainda este ano. O DPO já planeja mecanismos de consulta à comunidade sobre a execução orçamentária. A participação comunitária está ligada diretamente à qualidade e à integridade da informação. A informação precisa circular a partir de fontes confiáveis para fortalecer a democracia. Outro eixo é a divulgação científica, que também reforçamos. No edital do comitê de desinformação, várias unidades administrativas participaram, inclusive a Biblioteca Central, que desenvolveu ações importantes com trabalhadores terceirizados. Isso mostra como a universidade incide sobre a sociedade.

 

UnBTV – Agora sobre orçamento: como está a situação financeira da Universidade hoje?

 

Reitora Rozana Naves – Temos trabalhado com suplementações, porque o orçamento discricionário das universidades federais atualmente não cobre todas as necessidades. Por isso, a captação de emendas e recursos por meio de execuções descentralizadas tem sido essencial, tanto para manter projetos quanto para obras e conservação de espaços físicos. Ainda assim, o orçamento discricionário não é suficiente, então buscamos constantemente qualificar os investimentos. Em 2026, alguns contratos de terceirização vencem e teremos novas licitações, como as do Restaurante Universitário e da vigilância. Queremos implementar soluções inovadoras para otimizar custos. Também atuamos politicamente para eliminar a DRU (Desvinculação de Receitas da União) sobre nossas receitas patrimoniais. Este ano, 30% dessas receitas foram automaticamente retiradas, o que representou um corte significativo. A notícia positiva é que recebemos de volta o superávit do ano passado, o que ajudou a equilibrar o orçamento.

 

UnBTV – Para encerrar: haverá mudança no preço das refeições do Restaurante Universitário?

 

Reitora Rozana Naves – Sim, esse era um compromisso da gestão. Apesar de a demanda ser antiga, desde 2016, conduzimos uma discussão participativa. A comissão era formada por 50% de técnicos e 50% de estudantes, e chegou ao melhor mecanismo possível dentro do orçamento disponível. Teremos uma nova faixa de estudantes subsidiados, além da faixa vinculada ao ingresso por cotas. Com isso, será possível reduzir o preço cobrado atualmente. Hoje, estudantes pagam R$ 6,10. Se a resolução for aprovada nos conselhos, passarão a pagar R$ 4,50. Haverá também a faixa de R$ 2,50 para alunos com maior necessidade. Foi um esforço grande de cálculo, conduzido pelo DPO, pela direção do Restaurante Universitário e pelos estudantes que participaram do plebiscito. É uma mudança que reflete o espírito da gestão: todos participam das decisões, discutem, levam para a comunidade e, depois, para os conselhos. A expectativa é implementar tudo no início de 2026.

 

UnBTV – Quais as expectativas para 2026?

 

Reitora Rozana Naves – O primeiro ano exige muito: conhecimento das pastas, apropriação dos temas e início das entregas. Esperamos que 2026 seja um momento de consolidação dos movimentos iniciados agora. Queremos fortalecer ainda mais a relação com a comunidade universitária – técnicos, docentes e estudantes – e entregar ainda mais no próximo ano.

 

*com informações da UnBTV.

 

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