ÓRGÃOS COLEGIADOS

Decisão busca ampliar oportunidades de ingresso e aproximar a Universidade das demandas tecnológicas e sociais do país

 

Durante a 688ª reunião do Cepe, foram aprovadas a readesão da UnB ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e a criação do curso de bacharelado em Inteligência Artificial (IA). Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

A Universidade de Brasília deu passos importantes para ampliar o acesso ao ensino superior e se alinhar às evoluções tecnológicas. Na 688ª reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) foram aprovadas, por unanimidade, duas propostas estratégicas: a readesão ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e a criação do curso de bacharelado em Inteligência Artificial (IA). Presidida pelo vice-reitor Márcio Muniz, a reunião aconteceu nesta quinta-feira (13), no Auditório da Reitoria, campus Darcy Ribeiro.

 

A UnB volta ao Sisu para reduzir vagas ociosas e combater a evasão, por meio de incremento nas ações de permanência. Já a criação do curso de IA dialoga com o movimento tecnológico que tem marcado a atualidade, de forma a “se alinhar com o trabalho da UnB rumo à excelência”, nas palavras do docente Ricardo Ruviaro (MAT), diretor do Instituto de Ciências Exatas (IE/UnB).

 

INGRESSO – Após estudo detalhado conduzido pelo Decanato de Ensino de Graduação (DEG) e voto favorável do relator, Wander Cleber Pereira (Engenharia de Software), coordenador acadêmico da Faculdade de Ciências e Tecnologias em Engenharia (FCTE/UnB), o Cepe aprovou alteração da Resolução Cepe nº 53/2022 a fim de incluir o Sisu como modalidade de ingresso primário especial, em caráter excepcional e voluntário, para cursos de graduação, como os de demanda formativa específica, apontados pelo DEG.

 

A proposta foi embasada em um relatório técnico da Comissão de Avaliação e Acompanhamento dos Ingressos na Graduação (CAIS/DEG), que apontou queda na taxa de matrícula desde 2019, agravada pela pandemia de covid-19, e índices elevados de evasão, especialmente em licenciaturas.

 

Segundo o decano de Ensino de Graduação, Tiago Coelho, a medida busca enfrentar um cenário nacional e internacional de estagnação na taxa de matrícula no ensino superior, conforme dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e estudos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “O objetivo é reduzir vagas ociosas e ampliar oportunidades para estudantes, especialmente em cursos com baixa adesão”, destacou.

 

O relatório indica que, atualmente, há cerca de 20% de vagas ociosas, considerando todos os cursos, o que reforça a necessidade de estratégias mais efetivas para ingresso primário. A adesão ao Sisu também permitirá que ingressantes pelo sistema tenham acesso ao programa Pé-de-Meia Licenciaturas, voltado à permanência estudantil.

 

Espera-se que o Sistema Único de Ingresso já esteja vigente na UnB a partir de 2026. A implementação será gradual e dependerá da adesão voluntária das unidades acadêmicas. O DEG acompanhará os resultados e apresentará relatórios regulares ao Cepe para avaliar a continuidade da modalidade.

 

A professora Otilie Eichler Vercillo, vice-diretora da Faculdade UnB Planaltina (FUP), descreve que a FUP será beneficiária da medida, pois é composta por cursos de demandas formativas específicas. Ela relata que, há alguns anos, nota-se a diminuição no interesse das vagas do campus de Planaltina e que estão implementando um plano de melhorias para contornar a situação.

 

“Desde o final da pandemia estamos fomentando ações, entre elas, rever o ingresso nos cursos. Com a possibilidade de retorno ao Sisu, podemos aumentar o ingresso. Não resolve, contudo, todas as questões, que envolvem aumentar o interesse dos estudantes nos nossos cursos e na Universidade. Vemos um desinteresse muito grande no ensino superior”, observa.

 

1º/2026 – Outro destaque da reunião foi a aprovação, também por unanimidade, do curso de bacharelado em Inteligência Artificial, previsto para iniciar no primeiro semestre de 2026. O projeto pedagógico foi elaborado em consórcio por quatro unidades acadêmicas: Matemática, Estatística, Ciências da Computação e FCTE. O curso terá duração de quatro anos e três ênfases principais: desenvolvimento de modelos para indústria, governo e sociedade; engenharia de sistemas inteligentes, com foco em engenharia de software e sistemas embarcados; e robótica, visão computacional e hardware para IA.

 

A proposta busca formar profissionais com sólida base em computação, matemática e estatística, preparados para atuar em um mercado em expansão. “A IA não é apenas tecnologia; envolve direcionamentos éticos, políticos e sociais, e espero que nosso curso consiga contemplar essas diretrizes”, ressaltou o professor Wander Cleber.

 

A proposta de criação de curso será avaliada pelo MEC. Caso seja aprovada, a área de computação da UnB ganhará três novos cursos em 2026: o bacharelado em IA, o mestrado profissional em Educação Digital e o doutorado em Cibersegurança.

 

Confira a 688ª reunião do Cepe, transmitida pela UnBTV:

 

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