MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Universidade de Brasília inicia discussões sobre desafios socioambientais em evento preparatório para a COP30. Papel da ciência nesse contexto é tema da palestra de abertura

 

Memorial Darcy Ribeiro sedia a abertura de evento que antecede a COP de Belém (PA). Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

O mundo se prepara para discutir, mês que vem, em Belém (PA), a viabilidade de um futuro sustentável. É a partir de 10 de novembro que a capital paraense vai sediar a aguardada Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30. Integrada ao espírito das discussões globais que se achegam, a Universidade de Brasília iniciou, na manhã desta segunda-feira (13), no Memorial Darcy Ribeiro, a Pré-COP30 na UnB. O evento preparatório segue pelas próximas semanas com palestras, seminários, oficinas e atividades culturais no campus Darcy Ribeiro e na Faculdade UnB Planaltina (FUP).

 

>> Confira a programação da Pré-COP30 na UnB.

 

“Nossos saberes e experiências de pesquisa nas áreas humanas, sociais, tecnológicas e de saúde devem contribuir para a proposição de soluções criativas e de vanguarda para a sociedade”, disse a reitora da UnB, Rozana Naves, após saudar a comunidade acadêmica e as autoridades na Pré-COP30. Responsável por encerrar a mesa inaugural, ela rememorou o compromisso de gestão pela justiça socioambiental e destacou que a programação do evento resulta de diálogos internos e externos e de chamada pública. “Que todo o resultado possa contribuir para a verdadeira soberania nacional, que passa pela soberania científica, ambiental e pelo cuidado com nossos biomas.

 

O secretário de Meio Ambiente da UnB, Valdir Steinke. abriu a Pré-COP30 com breve saudação em que destacou os compromissos históricos da instituição com a oferta de soluções aos desafios da sociedade. “A UnB foi criada e pensada por Darcy Ribeiro para pensar o Brasil. E assim estamos tentando fazer nesse evento”, disse ele sobre a missão de amplificar as discussões sobre temas ambientais para outras universidades e para os demais atores envolvidos na busca por sustentabilidade.

Entre Lucia Pellanda e Gilmar Pereira da Silva, a reitora Rozana Naves defende a soberania ambiental e o cuidado com os biomas brasileiros. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

“Os rios que nascem no Cerrado drenam para a Amazônia. As chuvas na Amazônia irrigam o Cerrado. Cerrado e Amazônia se retroalimentam”, disse na sequência o reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Gilmar Pereira da Silva, sobre a interdependência de biomas e a necessidade de debates abrangentes sobre as questões climáticas. Ele destacou o papel das universidades públicas como elementos centrais de desenvolvimento da ciência nacional, apontada como indispensável para “um futuro mais digno e menos desigual”.

 

O secretário Nacional de Participação Social da Presidência da República, Renato Simões, disse que o governo federal, superando pressões externas, manteve a COP30 em Belém e destacou a aproximação com a UnB em questões nacionais. “Agradeço a grande parceria com a Universidade de Brasília e com sua gestão em particular [em menção à reitora Rozana Naves]”, disse. Ele lembrou a presença da gestora, em março, na assinatura de portaria interministerial sobre extensão e participação social. Mencionou ainda a possibilidade da presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em fóruns de participação popular, previstos para ocorrer na Universidade a partir de quinta-feira (16), também no âmbito da Pré-COP30.

 

Egressa do Instituto de Ciência Política da UnB, Lidiane Melo representou o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) na mesa e classificou a ciência como “crucial” para nortear políticas públicas. “Que a gente tenha mais tomadas de decisão calcadas em evidências técnicas e científicas e não precise contar com a incerteza em um assunto que é tão complexo”, disse ela, que é diretora de Políticas de Mitigação e Instrumentos de Implementação da Secretaria Nacional de Mudança do Clima (DPMI/SMC/MMA).

 

A Secretaria de Educação Superior (Sesu) do Ministério da Educação (MEC) teve assento à mesa com a coordenadora-geral de Relações Estudantis e Serviços Digitais, Lucia Pellanda. Ex-reitora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), ela lembrou as inundações que ocorreram ano passado no Rio Grande do Sul como consequências dos desequilíbrios ambientais e criticou as diferentes expressões do negacionismo, inclusive as relacionadas ao clima. “O papel principal das universidades é ensinar a pensar. Sem pensar a gente não tem esperança de futuro”, disse.

Alexandre Strapasson apresenta reflexões sobre a atuação da ciência frente aos desafios impostos pelas mudanças climáticas. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

REFLEXÕES E CIÊNCIA O Papel da Ciência na Mudança do Clima foi tema da primeira palestra da Pré-COP30 na UnB. O professor do Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS/UnB) Alexandre Strapasson apresentou indicadores de aquecimento na temperatura média da Terra e mostrou que os avanços por matrizes energéticas sustentáveis ainda são modestos. Embora a participação de fontes renováveis tenha crescido globalmente em mais de 56% entre 2013 e 2023, ele reforça que “os combustíveis fósseis continuam aumentando em magnitude” e ainda representam 79,5% da energia consumida no planeta.

 

Strapasson encerrou a palestra com uma lista de dez reflexões para o avanço de atividades universitárias no contexto do clima. A necessidade de abordagens inter e transdisciplinares, o combate ao negacionismo e a formação de uma ampla aliança universitária nacional estavam entre os destaques das proposições.

 

Confira a transmissão da UnBTV da abertura da Pré-COP30 na UnB: 

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