2º/2022

Poeta conduzirá aula magna para calouros do noturno com o tema Pensando fora da caixinha

“Eu quero muito a presença massiva dos alunos porque quero aprender também com eles”, compartilha Nicolas Behr sobre as expectativas para o #InspiraUnB. Foto: Mozaniel Silva/Secom UnB

 

O segundo semestre letivo de 2022 da Universidade de Brasília tem início na próxima terça-feira (25). Para começar as aulas já em clima caloroso, a instituição preparou uma programação especial, que se estende por toda a semana, para a recepção dos novos ingressantes. A tradicional aula magna de boas-vindas, #InspiraUnB, será realizada em duas edições, na segunda-feira (24): uma, para estudantes dos cursos diurnos, com o jornalista, escritor e biógrafo de Darcy Ribeiro, Eric Nepumoceno, e outra, para discentes do noturno, com o poeta Nicolas Behr. As atividades acontecerão a partir das 16h, no anfiteatro 9 do Instituto Central de Ciências (ICC).

 

Às 19h30, Nicolas Behr conduz conversa com o tema Pensando fora da caixinha. A intenção é instigar os participantes a usufruírem ao máximo da criatividade e a experimentarem.

 

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Nicolas Behr nasceu em 1958, em Cuiabá, Mato Grosso. Passou parte da infância em Diamantino e, aos dez anos, voltou para Cuiabá. Mora em Brasília desde 1974. Três anos após a chegada na capital federal, lançou seu primeiro livro mimeografado, Iogurte com farinha. Em 1978 foi preso e processado pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops) por porte de material (seus livros) considerado subversivo pelos militares, sendo julgado e absolvido no ano seguinte.

 

O poeta ficou alguns anos sem publicar e voltou em 1993, com Porque construí Brasília. Em 2008, seu livro Laranja seleta foi finalista do Prêmio Portugal Telecom de Literatura. Em 2015, o Instituto de Letras da Universidade de Brasília instituiu o Prêmio Nicolas Behr de Literatura. O gosto por cuidar de plantas também fez com que o escritor criasse a Pau-Brasília Viveiro Eco Loja, espaço que produz espécies nativas do Cerrado.

 

Com muita ansiedade e animação, Behr concedeu entrevista à Secretaria de Comunicação (Secom) da Universidade sobre sua trajetória e a expectativa para o #InspiraUnB:

 

Você é um poeta reconhecido por escrever sobre Brasília. Como começou sua história com a cidade?

Eu nasci em Cuiabá e cheguei em Brasília em 1974. A cidade foi um choque muito grande para mim, pois saí do mato e caí em um local diferente de todos os que eu já tinha ido. No começo, eu sofri e tive uma relação difícil com a capital. Desse conflito, nasceu a poesia, uma tentativa de sobreviver a Brasília. Era uma cidade muito estranha para mim, que vim de um município não planejado, orgânico e com crescimento natural. Aí chego aqui com tudo pronto, tudo delimitado, tudo “organizado. Sem ladeiras, sem quintais, sem muros. Foi um susto.


Eu escrevo sobre o Brasil como um todo, mas com certeza mais sobre Brasília. Fiz oito livros só sobre a cidade, ainda mais porque quando eu cheguei, a capital era uma tela em branco. Mas ainda há muito espaço para homenagear e analisar a cidade, para mim e para outros. Por fim, venho tentando não repetir ao falar da cidade que adotei como minha, porém, é uma obsessão. Todo poeta tem uma: ou é a mulher amada, ou a morte, ou a pátria, ou a infância. A minha é Brasília, uma obsessão saudável.

 

Além de se encantar por Brasília, você se apaixonou pelo Cerrado, o que virou não só hobby, mas um trabalho. Como isso sucedeu?

Exatamente. Começou como um passatempo. Eu era botânico amador, gostava de colecionar frutas do Cerrado, plantas nativas, e eu tinha um pequeno viveiro no Entorno. Então, em 1992, acabei transformando a paixão pelas plantas em negócio. Além de ser uma central de informação ecológica, também é o fio terra do poeta. Porque a poesia pode levar você para outros caminhos, é necessário sempre ter algo que te mantenha firme. Caso contrário, perde-se um pouco a noção da realidade e vai-se para outros mundos. Então, além de poeta, eu realizo a produção de espécies nativas do Cerrado por meio da Pau-Brasília Viveiro Eco Loja.

 

O que espera alcançar com o tema proposto para sua palestra do #InspiraUnB?

A intenção é ser algo desafiador para mim e para os alunos, eu quero que seja uma troca entre os presentes e que todos participem. Vai ser uma palestra um pouco tensa, pois quero colocar alguns desafios. Quero comentar também sobre plantas e como foi minha experiência de vida ao longo dos meus 65 anos.

 

Vivi muita coisa. Eu fui preso na UnB em 1978 [durante a ditadura militar], por volta dos 20. Então, fui estudante, fui rebelde, fiz de tudo um pouco. Quero falar sobre isso, sobre essa questão da criatividade, da rebeldia, da inovação, da criatividade, dos desafios e da inquietação.

 

É necessário sair da bolha e da zona de conforto para conhecer outros lugares, outras culturas, outras estruturas, ter experiências culturais. As pessoas ficam muito confortáveis na zona de conforto, naquela bolha e naquele movimento. Então elas não se arriscam a conhecer novos lugares ou novas coisas.

 

Quero comentar também sobre o entusiasmo, a empolgação, o deslumbramento que é passageiro. Mas o que eu quero mesmo é provocar a reflexão e, com isso, provocar mudanças.

 

No fim, irei mencionar a importância da experimentação, como os alunos podem ler, viver de tudo um pouco. Vai ter um bom espaço para perguntas, então, vai ser uma troca de experiências. Mas quero que o pessoal vá porque quero aprender também.

 

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