Uma aula de humanidade. Foi com este conteúdo que o poeta Nicolas Behr inaugurou o semestre letivo no #InspiraUnB deste 2º/2022. A provocação escolhida para inspirar os estudantes foi um convite a “pensar fora da caixinha”. Com bom-humor, Behr surpreendeu o público presente no anfiteatro 9 do Instituto Central de Ciências (ICC) iniciando sua apresentação com uma performance artística fiel à proposta: com uma caixa de papelão na cabeça, perambulou pelo palco como quem busca uma inspiração. Em seguida, retirou a caixa da cabeça, lançou-a no chão, pisoteou e chutou para longe. Estava claro que a conversa não seria trivial.
O plano era falar sobre processo criativo e as armadilhas do ego contra a ebulição das ideias, mas a alma de poeta foi mais longe: com emoção, Nicolas lembrou aos presentes a importância de manter boas relações interpessoais e o valor de impactar positivamente a vida das pessoas ao redor.
“O altruísmo é uma forma sofisticadíssima do egoísmo. Porque, quando você faz bem a alguém, está fazendo bem a si mesmo”, comparou. Behr compartilhou experiências pessoais que o impactaram. “Um dia, uma criança perguntou se eu era uma pessoa importante. Me senti importante no dia em que elogiei sinceramente um jovem por suas poesias e a mãe dele me agradeceu, porque há cinco anos não via o filho sorrir.”
Por mais de uma vez, o poeta conectou-se à plateia ao assumir que realizar a palestra do #InspiraUnB estava sendo desafiador, devido às suas inseguranças e a uma “ansiedade crônica”. Utilizou seu próprio exemplo para incentivar os presentes a não recusarem convites para falar em público. “Mesmo que seja difícil, vão lá e falem. Usem suas próprias palavras”, aconselhou.
Além de lições de virtude aos jovens, Nicolas Behr recitou algumas de suas poesias. Várias tendo como musa a capital federal, Brasília, tema que norteia sua obra. Mas o momento explode coração veio mesmo ao rememorar poemas escritos à esposa Alcina, a quem se declarou, provando ao público como o poeta é, de fato, um sujeito de paixões.
“Quero compartilhar um momento íntimo com vocês, muito pessoal, porque ela veio – e isso é raríssimo. Uma pessoa que sempre sonhei que viesse, para que eu pudesse falar publicamente como ela é importante para mim. Essa é uma chance que eu tenho de dizer que te amo, Alcina, com todas as minhas falhas, carências e ausências”, disse, encantando não apenas a companheira, mas todos os presentes. “É difícil falar sobre amor. É o tema mais presente na poesia, em geral”, disfarçou.
A humanidade e o potencial transformador do que cada indivíduo pode causar com o melhor de suas próprias capacidades foi um ponto presente nas falas de Behr e também do decano de Ensino de Graduação, Diêgo Madureira, representante da administração superior a saudar o público do #InspiraUnB.
“Aqui, estamos diante daqueles que têm condições de mudar para melhor o nosso futuro. Façam bom uso de tudo o que está à disposição de vocês na Universidade. Assim, vocês serão esses agentes de transformação no mundo. Vivam a UnB, porque vocês não estão na UnB; vocês são a UnB!”, encorajou o decano, declarando aberto o semestre.
Precedida pela apresentação musical do sexteto Balbúrdia Sonora, composta por estudantes da UnB, a palestra de Nicolas Behr foi a atração destinada ao público dos cursos noturnos da Universidade. Mais cedo, no mesmo anfiteatro 9, o jornalista e escritor Eric Nepomuceno compartilhou com quase 300 estudantes suas vivências e saudades do fundador Darcy Ribeiro, cujo centenário é comemorado nesta quarta-feira (26).
A conversa Pensando Fora da Caixinha está disponível no canal da UnBTV no YouTube:
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