CINEMA

Dos egressos Bruno Victor e Marcus Azevedo, Rumo resgata atuação do coletivo EnegreSer na consolidação da ação afirmativa. Após aclamação, cineastas querem levar a obra a outras mostras

Filme recupera história sobre implementação das cotas na UnB a partir de narrativa sobre duas personagens que prestam vestibular para ingressar na instituição. Foto: Carol Matias/Divulgação

 

A dupla de cineastas Bruno Victor e Marcus Azevedo levou a UnB para o 55º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro com o filme Rumo e ganhou o prêmio Especial do Júri e o de Melhor Ficção do Júri Popular. O documentário ficcional conta a história do sistema de cotas na Universidade, que foi a primeira federal no Brasil a implementar a política. Nesta narrativa, os cineastas resgatam também a trajetória do EnegreSer, coletivo de estudantes negros que lutou pela valorização da questão racial dentro da UnB.

 

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“Abordar as cotas é refletir sobre nossas existências no contexto universitário. Compreender também que não existia nenhum documentário sobre a ação do EnegreSer na implementação das cotas atesta um absurdo apagamento dessa história da UnB”, conta Bruno, que ao lado de Marcus foi estudante de Audiovisual da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília.

 

“Percebemos a importância de recontar essa história, mas queríamos fazer isso também compreendendo como outras pessoas foram afetadas, como nós. Então, surgiu a ideia de um docficção em que uma família está estudando para o vestibular da UnB”, relembra Marcus.

 

Os dois chegaram ao EnegreSer graças ao encontro com Lia Maria, artista plástica e estilista que assina a direção de arte do filme e que foi parte do coletivo nos anos 2000. Além da graduação em Artes Visuais, Lia também é especialista em Culturas Negras e mestra em Gestão Educacional em Gênero e Raça pela UnB.

 

“Ser parte desta feita da UnB, uma das pioneiras neste salto quântico para o enfrentamento ao racismo estruturante que nos vilipendia na falta de acesso, permanência, conclusão e inserção no mercado de trabalho, é vitória”, avalia a ativista, que também relembra a criação da disciplina Pensamento Negro Contemporâneo, uma das muitas vitórias do EnegreSer no combate ao racismo na UnB.

 

Assista à campanha do filme Rumo:

 

PRÊMIO –  Rumo concorreu à premiação no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro na Mostra Competitiva Nacional pela categoria de Longa-Metragem. Para Bruno Victor, o reconhecimento do público é motivo de celebração.

 

“De fato, é muito importante ser acolhido pelo público, nossa sessão foi catártica, muitos ali se viram na tela, se reconheceram na luta de Leni, Sierra e do EnegreSer. O prêmio do Júri foi o maior reconhecimento que poderíamos ter. Foram muitos anos de expectativas para o dia do lançamento do Rumo. O maior desejo era que quem assistisse fosse contemplado pela nossa poética”, relembra.

 

Para o futuro, os cineastas desejam que o filme seja exibido em muitos espaços e que a história chegue a diversos públicos. “Queremos circular por festivais, porque também compreendemos que esses espaços precisam de debates como o que o filme traz e ainda sonhamos em lançar nos cinemas, mas também que ele chegue a muitos lugares, como escolas, cineclubes. O nosso plano é que o máximo de pessoas possam ter acesso a essa história de luta dos movimentos negros por acesso à educação”, conclui Marcus.

 

DESTAQUES – A UnB esteve representada no Festival com outros filmes de estudantes e egressos. A 55ª edição homenageou o cineasta e ex-discente Jorge Bodansky, que teve três de seus filmes exibidos em uma mostra especial. Dirigido pelo mestrando Adirley Queirós e por Joana Pimenta, o longa-metragem Mato Seco em Chamas, uma mistura de ficção e documentário cuja trama centraliza personagens da periferia do Distrito Federal, foi destaque com sete prêmios, entre eles o de Melhor Direção, Melhor Roteiro e Melhor Atriz.

 

Entre os curtas-metragens, a obra Anticena, dos egressos do curso de Audiovisual da UnB Tom Mota e Marisa Arraes, concorreu na Mostra Competitiva; já Capitão Astúcia, de Filipe Gontijo, formado em Publicidade na instituição, levou o Troféu Câmara Legislativa do Júri Popular na Mostra Brasília.

 

A Universidade também apareceu nas telonas em dois filmes com cenas gravadas no campus Darcy Ribeiro: O Pastor e o Guerrilheiro, dirigido por José Eduardo Belmonte, vencedor da Mostra Brasília na categoria Melhor Longa-Metragem, e Profissão Livreiro, de Pedro Lacerda, que homenageia o livreiro Chiquinho.

 

Saiba mais sobre o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e os prêmios desta edição:

 

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