CULTURA E EDUCAÇÃO

O evento reúne egressos e docentes da Universidade para a mostra de filmes

Cena do curta-metragem Vão das Almas que estreia na Mostra Competitiva Nacional, e será exibido no Complexo Cultural Samambaia e no Cine Brasília. Imagem: Divulgação

 

Entre os dias 9 a 16 de dezembro, ocorre a 56ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, no Cine Brasília. Para a UnB, o momento é uma oportunidade para prestigiar nomes que passaram pelo corpo acadêmico e participarão do evento.

 

ENSINAR É APRENDER Homenageada desta edição, a cineasta Dácia Ibiapina receberá a medalha Paulo Emílio Salles Gomes. Hoje aposentada, durante 25 anos foi docente do curso de Audiovisual da Faculdade de Comunicação (FAC/UnB). Ela destaca o desejo de deixar um “legado de amor ao cinema, à Universidade e à educação”.

 

A medalha carrega o nome do criador do Festival e do curso de Cinema (atualmente Audiovisual) da Universidade de Brasília e é um tributo destinado a personalidades que contribuíram e se destacaram na cinematografia brasileira.

Dácia ressalta que não é para o jovem cineasta reinventar o cinema do zero. Mas, olhar para o passado, ver a trajetória, e pensar onde quer se inserir e dar sua contribuição. Foto: Arquivo Pessoal

 

A cineasta conta que o momento traz a sua memória as ações realizadas por Paulo Emílio Salles Gomes e revela o desejo de compartilhar a homenagem com a Universidade de Brasília e colegas do curso de Audiovisual da FAC. 

 

“Durante os anos na UnB aprendi bastante com os estudantes, e quando eles desafiam seus docentes também os incentivam a buscar novos conhecimentos e referências. E isso é um fator positivo da carreira acadêmica, do ser professor”, destaca.

 

Ibiapina relembra que, no passado, para iniciar na cinematografia era necessário estudar. Hoje, percebe diferença nos jovens cineastas, que muitas vezes produzem filmes sem passar por instituição de ensino.

 

“Conhecer a história do cinema é importante para cada nova geração que deseja reinventar, e esse é o papel. Estudar a linguagem, o desenvolvimento histórico, experimentar e assistir filmes sem preconceitos com o gênero”, aponta.

 

No momento, a cineasta produz um documentário sobre Antônio Bispo dos Santos, antigo líder do quilombo Saco Curtume, que morreu este ano. “Além disso, preparo um projeto para o edital da Lei Paulo Gustavo, para fazer um longa-metragem em torno da questão do movimento quilombola em Brasília, focando no quilombo Custaneira Tronco, no Piauí”, diz.

 

RESISTÊNCIA E HISTÓRIA – No dia 15, o curta-metragem Vão das Almas estreia na Mostra Competitiva Nacional. Dirigido por Edileuza Penha de Souza e Santiago Dellape, o filme é sobre o saci e outros elementos mitológicos da cultura brasileira. Com tema principal envolvendo conflitos de terra, o enredo conta a história de uma família que retorna para seu quilombo e constata que o local foi ocupado por grileiros e latifúndios.

Edileuza Penha de Souza é cineasta e criadora da Mostra Competitiva de Cinema Negro Adélia Sampaio. Santiago Dellape, também cineasta, é egressa do curso de Audiovisual da UnB. Imagem: Divulgação

 

“A grande provocação é pensar no temor que as comunidades tradicionais experienciam com a grilagem. E refletir esse mito do saci, como ele perdeu a perna, juntando com o passado escravocrata que permanece nos dias atuais”, descreve Edileuza Penha.

 

“O Brasil tem mais de cinco mil comunidades quilombolas, e a maioria vive esses conflitos de terra, inclusive por falta de garantia de políticas públicas por parte do Estado. Então, queremos criar a reflexão sobre o medo, o racismo institucional e a urgência do compromisso com as comunidades tradicionais”, relata.

 

Para Edileuza, citar alguns episódios de violência cometidos contra os quilombolas em vários locais do país tem o objetivo de levar ao telespectador o terror e a fantasia que esses povos vivenciam cotidianamente.

 

REGISTRO DO COTIDIANO – Participante da Mostra Brasília Longas, o documentário Rodas de Gigante - Improviso Poético é um dos 42 longas que concorrem ao Troféu Câmara Legislativa (TCL). O filme acompanha o saudoso diretor de teatro Hugo Rodas durante quatro anos. 

 

Uruguaio, Rodas fixou-se na capital brasileira em 1975. Durante quase 30 anos atuou no corpo docente do Departamento de Artes Cênicas (CEN/IDA/UnB) e destacou-se em produções no cenário teatral em Brasília.

 

Produtora cinematográfica e egressa do curso de Artes Cênicas, Catarina Accioly dirigiu o documentário e também produziu a obra, junto a Daniela Diniz e os grupos Stelio e Grio Produções. Os longas serão exibidos no Cine Brasília e a entrada é gratuita.

 

Mais informações sobre o Festival estão disponíveis no instagram @festbrasilia.

 

*estagiária de Jornalismo na Secom/UnB.

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