GRADUAÇÃO

Decanato adota ferramentas para análise comparativa de indicadores. Instrumentos devem ajudar coordenadores na promoção de melhorias

Apresentada pelo professor José Jorge Dias (UFPB), plataforma Ecograd disponibiliza dados sobre as universidades brasileiras em painéis analíticos a partir de indicadores do Censo da Educação Superior. Foto: Anastácia Vaz/Secom UnB


Coordenadores de graduação da Universidade de Brasília foram convidados, na tarde da última sexta-feira (24), para conhecer algumas novidades que poderão auxiliá-los na análise de indicadores de avaliações externas e oferecer subsídios à gestão da qualidade dos cursos. As ferramentas foram apresentadas durante o 1º Seminário de Tecnologias para a Gestão Acadêmica, promovido pelo Decanato de Ensino de Graduação (DEG), no auditório da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec).

“Qualquer ação de melhoria dos cursos passa por interagir com os coordenadores, e a nossa ideia com esse evento é iniciar um ciclo de atualização das tecnologias que esses coordenadores dispõem para trabalhar na qualidade e na melhoria dos cursos”, lembrou o decano de Ensino de Graduação, Diêgo Madureira.

Desenvolvida em 2020 por demanda do Colégio de Pró-Reitores de Graduação da Andifes, a Ecograd, plataforma do ecossistema de dados da graduação das instituições federais de ensino superior (Ifes), foi uma das inovações apresentadas aos coordenadores.

A ferramenta agrega informações do Censo da Educação Superior e institucionais de universidades públicas e particulares em todo o Brasil, e as disponibiliza em 35 painéis analíticos. Por meio destes, é possível ter um panorama dos indicadores de qualidade dos cursos e traçar um comparativo entre universidades e entre graduações de acordo com diferentes filtros.

Decano de Ensino de Graduação, Diêgo Madureira enfatizou trabalho do DEG para apoio na melhoria da qualidade dos cursos e papel dos coordenadores neste processo. Foto: Anastácia Vaz/Secom UnB

 

Atualmente, 65 instituições de ensino superior e centros federais de educação tecnológica já aderiram à Ecograd, que conta, por enquanto, com dados até o Censo de 2021. A UnB é uma destas instituições e a expectativa é que, em breve, os coordenadores de curso possam se cadastrar para uso da plataforma.

“Ela tem como característica principal integrar diversas fontes de dados do ensino superior. Essa ferramenta traz principalmente autonomia para as universidades federais. Quem trabalha com dados da educação superior sabe que não é tão trivial assim lidar com esses dados, até porque a estrutura desses dados muda a cada ano”, enfatizou o coordenador da plataforma e professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), José Jorge Dias.

CONHEÇA – Os painéis são organizados em três categorias: Ocupação, evasão e diplomação; Indicadores de qualidade; e Egressos e mundo do trabalho. É possível, por exemplo, filtrar os dados de uma instituição por ano, por série histórica, por categoria (instituição pública ou particular), por região, para visualizar dados como a média do Conceito Preliminar de Curso (CPC), o Índice Geral de Cursos (IGC), o Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD) e outras medidas adotadas nas avaliações do Inep

Há, ainda, painéis com dados sobre número de matriculados, formados, taxa de formação – dentro do tempo mínimo do curso ou não –, taxa de evasão – sendo possível observar em qual ano após o ingresso ela se concentra – e de ocupação, trancamentos, vagas ofertadas, preenchidas e novas. Do mesmo modo, é possível avaliar a inserção dos egressos no mercado de trabalho de acordo com o perfil discente – por sexo, por salário médio, por setor econômico, entre outros. Essas informações permitem observar a evolução do curso ao longo dos anos e com relação a outras instituições.

Ao apresentar a plataforma, José Jorge também adiantou uma novidade em primeira mão: “Além de atualizar os indicadores disponíveis do novo Censo da Educação 2022, já estamos fazendo análises sobre outros bancos de dados. A gente vai integrar, agora, os dados do Sisu [Sistema de Seleção Unificada], e aí, por exemplo, a gente vai ter um painel que seleciona o ano do curso da instituição e ele vai dar o percentual da origem dos alunos e, desse percentual, quais realmente se matricularam”.

Euler Garcia, professor da FGA, é um dos idealizadores de um sistema que reúne indicadores do Enade e propõe ações para cursos com resultados ruins nos quesitos avaliados. Foto: Anastácia Vaz/Secom UnB


ANALISAR E AGIR – Outra facilidade que o DEG disponibilizará aos coordenadores de curso são relatórios com análises de indicadores disponíveis na avaliação do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e orientações de ações que podem ser adotadas para avanço na qualidade dos cursos. Os documentos serão gerados a partir de um sistema criado por docentes da Faculdade UnB Gama (FGA) que faz a compilação e cruzamento desses dados. Coordenadores de cursos que passaram pelo Enade em 2021 receberam, pela primeira vez, o relatório.

O sistema observa, sobretudo, as respostas ao Questionário do Estudante, aplicado como parte da avaliação do Enade. A partir de perguntas positivas e com níveis de concordância, o questionário levanta informações sobre o perfil dos discentes e aspectos do curso e da formação, o que inclui o ingresso por políticas de ação afirmativa, extensão, infraestrutura dos cursos, internacionalização, interesse no exercício da atividade profissional, entre outras. Quanto mais respostas em concordância, melhor o nível de percepção sobre a excelência da graduação.

A proposta do sistema é a de oferecer parâmetros de comparação dos níveis de concordância com as questões em relação aos cursos da UnB e a nível nacional e recomendar ações objetivas para os quesitos em que o curso apresente um baixo desempenho. “O nosso objetivo não é ficar somente numa representação informativa a nível de espectro de resposta, a gente queria algo mais ativo, transformador. Daí veio a ideia de elencar essas questões com ações”, comentou Marcelino de Andrade, professor da FGA e um dos idealizadores do sistema.

Ao todo, foram elaboradas 34 ações a serem sugeridas para diferentes perguntas, segundo nível de criticidade de como os quesitos são percebidos pelos respondentes. Todas as orientações incluem detalhes de instâncias que poderão auxiliar na execução. Há, ainda, indicações positivas nos casos de bons resultados dos cursos.

“Então, o que a gente considera é que isso aqui [o Enade] é uma declaração de impacto, não é uma declaração de desempenho da UnB. A UnB pode construir tantas salas, reformar salas, abrir vagas, mudar um bando de coisas, mas qual é o impacto percebido pelo aluno?”, analisou Euler Garcia, docente também responsável pela concepção da ferramenta.

PASSOS ADIANTE – Na UnB, a Coordenação de Acompanhamento de Ensino de Graduação (Caeg) do DEG atua no apoio às coordenações de curso e estudantes durante os ciclos avaliativos do Enade a partir de informações consolidadas sobre esses instrumentos e seus processos.

Uma das estratégias de apoio é a conscientização dos discentes sobre a importância de responder às avaliações e contribuir para melhoria de seus cursos, já que os indicadores impactam a distribuição de recursos federais para as instituições de ensino superior e que a participação na prova é obrigatória para colar grau.

Coordenador da Caeg/DEG, José Lúcio Tozetti destacou, no seminário, que a UnB manteve um bom desempenho no Enade em 2022, que avaliou 14 cursos da instituição na área de ciências sociais. Segundo o resultado preliminar, a UnB alcançou 4,8 no conceito e ainda obteve pontuação de 68,6 na formação geral e de 57,2 em conhecimentos específicos, valores maiores do que no Brasil como um todo, cuja média é de 52 e 40,8, respectivamente.

Ele citou que a instituição tem se saído ainda melhor nas avaliações in loco, feitas junto aos cursos não convocados para o Enade. “Os cursos da Universidade e o desempenho dos nossos alunos vão muito bem, ficando acima da média nacional. A UnB está entre os 25% das IES com cursos com melhor desempenho.”

Coordenadores de curso receberam manual com orientações sobre os procedimentos para gestão das graduações. Foto: Anastácia Vaz/Secom UnB

 

Para que a instituição siga com bons resultados, o DEG, junto à Caeg, está estruturando novas estratégias para contribuir na gestão acadêmica. “Com todos esses dados e todo esse conhecimento que a Caeg tem com avaliações, estamos iniciando um programa de melhoria dos indicadores de avaliação como uma forma tanto da Universidade manter a sua excelência como também continuar melhorando os indicadores e não deixar cair”, anunciou José Lúcio.

Outro auxílio aos gestores se materializou em um manual, distribuído durante o seminário, com os principais procedimentos, regras, funções e características da coordenação de curso. A versão digital está disponível no site do DEG.

O decanato prevê, ainda, a adoção de um sistema que utiliza inteligência artificial para predizer a chance de evasão dos estudantes de graduação. A ideia é que a partir dele sejam gerados relatórios sob demanda para as coordenações, de forma a auxiliar a traçar ações para mitigar a situação. Esta novidade será apresentada em nova reunião com os coordenadores.

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.