CIÊNCIA E DEFESA

Principal finalidade da instalação é verificar o cumprimento do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares (CTBT), em parceria com a ONU. Eventos como passagens de meteoros também são detectados

Estação de Infrassom operada pela UnB tem tecnologia estratégica para a defesa mundial e é a única do país capaz de monitorar eventos de grande porte que suscitam frequências inaudíveis ao ser humano, como a passagem de meteoros. Imagem: Pxfuel

 

Na madrugada do dia 9 de agosto, um meteoro cruzou o céu de Brasília e caiu no município mineiro de Januária. A movimentação do corpo celeste foi captada pela Estação de Infrassom da Rede Internacional de Monitoramento de Explosões Nucleares, operada e mantida pelo Observatório Sismológico (Obsis) da UnB, em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU).

Única do tipo no Brasil, a estação é motivo de orgulho para a comunidade acadêmica. O Obsis é referência nacional em detecção de tremores de terra. Basta uma pesquisa rápida na internet para perceber que, sempre que o solo balança no Brasil (e até no exterior), a grande mídia recorre aos relatórios do Observatório.

Acontece que a tecnologia de detecção de infrassom vai além desta linha de atuação. “A estação de infrassom I09BR está em operação desde 2001, entretanto poucos estudos foram realizados por brasileiros sobre essa tecnologia. Menos de dez. Nos últimos anos, começamos a trabalhar com essa ciência relativamente jovem”, conta Brandow Lee, mestrando da UnB e pesquisador do Obsis.

A ESTAÇÃO – A estação fica no Parque Nacional de Brasília e faz parte do seleto número de unidades que operam dessa forma: no mundo há mais 59 unidades. "Tivemos o apoio dos pesquisadores do CTBTO [Organização do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares], que nos deram treinamento. Todo o conhecimento que adquirimos estamos passando adiante. Foram criadas duas disciplinas na pós-graduação para estudarmos o infrassom. Há muito o que se pesquisar”, explica Lee.

Entre as principais capacidades das estações infrassônicas estão a detecção sistemática de explosões químicas em mineradoras, terremotos, bólidos cósmicos, rompimento da barreira do som por aeronaves, abertura e fechamento de vertedouros em usinas hidrelétricas, erupções vulcânicas nos fenômenos meteorológicos (tempestades magnéticas e chuvas severas).

Brandow Lee conta que a equipe do Obsis busca incentivar cada vez mais estudantes a aprenderem sobre a tecnologia infrassônica. Na imagem, ele aparece ao lado do professor do IG/UnB Lucas Vieira. Foto: Arquivo pessoal

 

“Trabalhamos com análise contínua dos dados das estações de infrassom. Além disso, quando ocorre um evento diferente (bólido/meteoro, erupção vulcânica, explosão acidental, lançamento de foguetes, etc.), fazemos boletins para divulgar à comunidade, com o intuito de despertar novos estudantes a trabalhar com o infrassom”, diz Brandow Lee. O pesquisador conta que a chuva de meteoros Perseidas, ocorrida na segunda semana de agosto, não foi captada pela estação.

As pesquisas da estação também são divulgadas em congressos nacionais e internacionais. Só no ano de 2021, a equipe participou do CTBT Science and Technology 2021 (organizado pela CTBTO) e do EGU (European Geosciences Union) General Assembly 2021, e se prepara para marcar presença no 17º Congresso Internacional da Sociedade Brasileira Geofísica. Além disso, criaram uma sessão exclusiva para trabalhos sobre a tecnologia infrassônica no 4º Simpósio Brasileiro de Sismologia.

Sobre a atuação no CTBT, Lee explica que a caracterização de eventos sísmicos, infrassônicos e hidroacústicos está diretamente relacionada com a verificação de testes nucleares clandestinos. Como o Brasil assinou e ratificou o Tratado, em 1998, a equipe tem acesso aos dados de todo o Sistema de Monitoramento Internacional (IMS), elaborado para avaliar essas relações.

 

*estagiária de Jornalismo na Secom/UnB.

 

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