SÉRIE DIREITOS HUMANOS

Iniciativa consolidada no Laboratório de Estudos Amefricanizados em Relações Internacionais luta contra a invisibilização de pensadores negros e suas ideias

 

A temática dos direitos humanos está sempre pulsando na Universidade de Brasília. Em 27 de março, o ministro da pasta no governo federal, Silvio Almeida, abre o semestre letivo no #InspiraUnB. O bate-papo com a comunidade acadêmica acontece às 17h, no auditório da Associação dos Docentes da Universidade (ADUnB). Em 2022, foram instituídas a Câmara e a Secretaria de Direitos Humanos (SDH), para liderar as ações institucionais relacionadas ao assunto, debaixo da Política de Direitos Humanos da Universidade. Os Prêmios Anísio Teixeira e Mireya Suárez reconheceram iniciativas da comunidade acadêmica que promovem os direitos humanos. Nesta série de reportagens, você lê detalhes sobre cada um desses projetos vencedores. O sexto material é sobre a disciplina Raça, diáspora africana e relações internacionais.

"Onde estão os intelectuais negros?". Provocação está no site do Laboratório de Estudos Amefricanizados em Relações Internacionais (Lacri) da Universidade de Brasília. Imagem: Reprodução

 

A disciplina Raça, Diáspora Africana e Relações Raciais (RDARI) tem o objetivo de analisar contribuições do pensamento negro e viabilizar debates a respeito de branquitude, racismo, migrações e direitos humanos. Ela é oferecida pelo Laboratório de Estudos Amefricanizados em Relações Internacionais (Lacri) da Universidade de Brasília, preenche a lacuna de abordagem de questões raciais no Instituto de Relações Internacionais (Irel). A iniciativa venceu Prêmio Mireya Suárez de Direitos Humanos na categoria Educação Superior, em 2022.

Professor da disciplina, Vinícius Venancio diz que o reconhecimento valoriza um trabalho importante de letramento racial, feito de forma totalmente voluntária. “Receber o Prêmio Mireya Suárez é uma forma de mostrar a importância do curso na formação dos internacionalistas que ingressam na UnB, que vêm buscando cada vez mais centrar os debates internacionais por meio da raça e como ela estrutura as discussões mundiais.”

O curso apresenta referências teóricas para repensar as relações internacionais a partir do conceito de raça. Para isso, ela ressalta trabalhos acadêmicos de intelectuais provenientes da diáspora africana. A fim de pôr um fim à invisibilização de pensadores negros e suas ideias.

Entre os princípios que guiam o projeto está a consciência de que nem todos possuem o mesmo conhecimento a respeito de pautas raciais, e, por isso, os semestres se iniciam a partir da conceitualização de raça e racismo, partindo do básico para assuntos mais complexos.

Pós-graduando em Antropologia, Vinícius Venancio foi professor voluntário na premiada disciplina Raça, Diáspora Africana e Relações Raciais. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

A RDARI é a disciplina que, entre as optativas do curso de Relações Internacionais, mais recebe demanda, formando uma lista de espera de mais de 50% das vagas ofertadas. Nos últimos dois semestres, foram disponibilizadas duas turmas com 45 estudantes cada.

Ela é proveniente de um projeto de extensão e não possui pré-requisitos. Foi oferecida pela primeira vez no segundo semestre de 2019 e ministrada em mais dois semestres desde então, sempre por professores voluntários. Embora tenha como público-alvo estudantes de Relações Internacionais, a disciplina recebe alunos das mais variadas graduações.

Venancio fala sobre os êxitos do projeto. “Acredito que as maiores conquistas da disciplina são a institucionalização da discussão sobre raça nas Relações Internacionais, que aparecia de forma marginalizada junto aos estudantes negros que buscavam o conhecimento, assim como a formação de um contingente de discentes que entrará no mercado de trabalho com um olhar mais crítico para as relações raciais”, avalia.

Na última edição (1º/2022), como parte do trabalho final, os discentes traduziram 20 artigos e capítulos de livros que estavam, originalmente, em inglês, espanhol ou francês para uso didático, além de produzirem legenda para um vídeo sobre raça e racismo. O material está sob revisão e será disponibilizado gratuitamente para a UnB e para outras universidades, democratizando o acesso a teorias sobre esses temas.

PRÊMIO – Com foco em práticas pedagógicas emancipatórias de direitos humanos desenvolvidas no âmbito da UnB, o Prêmio Mireya Suárez foi entregue a quatro projetos. Estudar em Paz ganhou na categoria Educação Básica. Oficinas de Direitos Indígenas e Audiovisual no Acampamento Terra Livre (ATL) 2022 conquistou a vitória em Educação em Contextos Não Escolares. No eixo Educação Superior, a disciplina Raça, diáspora africana e relações internacionais foi a vencedora. O Laboratório de Garantia de Direitos Políticos (LabGDP) recebeu o prêmio em Educação para Profissionais do Sistema de Justiça e/ou de Segurança.

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