3 ANOS DE GESTÃO

Aumento de estudantes em atividades e reajuste de bolsas ampliaram o número de projetos que levam iniciativas da Universidade para a população

 

Cada dia mais próxima da sociedade, a Universidade de Brasília tem seguido à risca o que sonhavam Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira. Não há muros. Na verdade, agora, pode-se visualizar até trajetos de corrida e caminhada passando pelos prédios icônicos do campus Darcy Ribeiro. A Corrida e Caminhada UnB/HUB é um exemplo de atividade de extensão que procura integrar a população às atividades da instituição. Os atletas do Distrito Federal já incluíram no calendário a atividade que teve a sua primeira edição em 2022, no aniversário de 60 anos da UnB.

A Universidade não apenas recebe as pessoas, ela se faz presente além de Plano Piloto, Ceilândia, Gama e Planaltina. Está nos polos de extensão de Recanto das Emas, Paranoá, Cidade Estrutural, território Kalunga e Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Atualmente, são quase 3,6 mil ações de extensão, cerca de 1,5 mil bolsistas e aproximadamente 600 técnicas e técnicos administrativos da Universidade coordenando projetos.

Ao todo, o Decanato de Extensão (DEX) lançou seis editais em 2023. Foram 1.446 bolsas, sendo que 50 delas ocorreram antes do reajuste, que aumentou o benefício de R$ 400 para R$ 700. O valor, pago por nove meses, soma R$ 5,8 milhões. Em 2022, eram R$ 2 milhões.

A decana de Extensão, Olgamir Amancia, comemora que a extensão atingiu um outro patamar na formação acadêmica, sobretudo com a inserção curricular a partir de 2023 na grade dos cursos de graduação. Foto: Beto Monteiro/Ascom GRE

 

“É reconhecido o quanto temos conseguido envolver a nossa comunidade na extensão. E a participação de docentes e técnicas e técnicos administrativos se torna cada vez mais forte na consolidação dessa dimensão formativa. Em todos esses anos, temos insistido em trabalhar coletivamente, compartilhando conhecimentos”, destaca a decana de Extensão, Olgamir Amancia.

“Antigamente, não tínhamos essa oportunidade. A coordenação de projetos pelos técnicos é fundamental para nos aproximar ainda mais da extensão, um dos pilares da universidade, que impacta diretamente na sociedade”, ressalta o servidor técnico-administrativo Fernando Silva, bibliotecário na Biblioteca Central (BCE).

Coordenador do Espaço Ler da BCE, Fernando Silva celebra a participação de mais técnicas e técnicos administrativos em atividades de extensão. Foto: Arquivo pessoal

 

Fernando foi estudante de graduação e mestrado da UnB e hoje coordena o Espaço Ler da BCE, projeto de extensão voltado às comunidades externa e interna. “Essa era uma demanda histórica da Universidade: que o pessoal da comunidade externa pudesse ter empréstimo domiciliar. A gente tem uma curadoria de livros de literatura e, com o Espaço Ler, tudo o que a gente tem aqui pode ser emprestado para todo mundo”, explica o servidor.

Ao coordenar projetos de extensão, os servidores têm previsão de melhoria na carreira por meio da progressão por mérito. E os certificados podem ser usados para concorrer às vagas de mestrado e doutorado. Com o fomento à qualificação de servidores, promovido pela Reitoria por meio do Decanato de Gestão de Pessoas (DGP), a frequência nos cursos de mestrado da UnB também tem incentivado que esses servidores queiram coordenar projetos de extensão.

Para a servidora da UnBTV Aline Romio, que está fazendo o mestrado profissional no Programa de Pós-Graduação em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação (Profnit) na UnB, o curso é uma forma de desenvolvimento tanto profissional quanto pessoal. “Quero estar mais junto com projetos de extensão e de pesquisa. Acredito que trabalhar com ações de extensão, pesquisa e outros projetos dentro da Universidade é bem bacana. A pós-graduação amplia essas oportunidades, inclusive de convivência com colegas da UnB que a gente não tem tanta proximidade”, conta.

Dados mostram evolução da oferta de extensão na Universidade. Artes: Igor Outeiral/Secom UnB

 

Nos últimos três anos, as ações de extensão passaram de 1,9 mil para cerca de 3,6 mil. Isso se deve ao engajamento de estudantes, docentes, técnicas e técnicos administrativos. A participação de técnicos, não apenas como coordenadores, mais do que dobrou de 2022 para 2023. Eram 566 no ano passado, atualmente são 1.095. Uma crescente que ocorre desde 2020, quando esses servidores passaram a encabeçar projetos de extensão.

Gráfico mostra aumento da oferta de bolsas de extensão. Arte: Igor Outeiral/Secom UnB

 

BOLSAS – Em abril, a UnB anunciou o reajuste das bolsas de extensão. O valor teve aumento de 75%, passando de R$ 400 para R$ 700, equiparando-se às bolsas de iniciação científica. Houve também um crescimento de 37% no número de beneficiários, sendo que eram 644 em 2022 e, atualmente, são 1.023. O estudante do 2º semestre de Ciências Sociais Artur Cunha Crispim é bolsista no projeto Vivência UnB, coordenado pela servidora Kely Reis e orientado pelo professor Alexandre Pilati. A iniciativa promove visitas de alunos do ensino médio à Universidade de Brasília.

“A bolsa é indispensável para a realização das atividades no projeto. Ela confere legitimidade ao nosso trabalho, como uma atividade profissional. Por trás das visitas, há horas de planejamento dos roteiros – a partir de comunicação com os departamentos e institutos da UnB –, muito trabalho administrativo, de gestão de redes, de comunicação visual e, claro, há o trabalho intelectual. Nunca pensei tanto na potência da universidade pública quanto agora, me sinto em diálogo com grandes vozes, como as de Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira e Florestan Fernandes”, revela Crispim.

Artur Cunha Crispim ressalta que, graças à atividade de extensão que participa, ele tem um novo entendimento sobre a importância das universidades públicas no desenvolvimento do país. Foto: Arquivo pessoal

 

A docente da UnB Paula Gomes é coordenadora do projeto de extensão Universidade e Escola sem muros, da Faculdade de Educação (FE), que ocorre no Centro de Ensino Fundamental 801 do Recanto das Emas. Para ela, uma das ações mais significativas no fomento da extensão universitária é o aumento expressivo das bolsas dos extensionistas. “Esses estudantes atuam nos projetos junto de professores e técnicos administrativos de forma muito mais intensa, qualificada, o que resulta um impacto muito maior da extensão universitária na nossa sociedade”, pondera.

GRADUAÇÃO – Com a recente inserção curricular da extensão na graduação – regulamentada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) –, com ao menos 10% da carga horária dos cursos, a decana Olgamir Amancia avalia que a medida trará benefícios. “O debate que foi aberto, que assegura a implementação da inserção, trouxe a extensão para outro patamar de visibilidade. A comunidade acadêmica compreende que uma formação qualificada só será possível com a presença da extensão nesse processo.”

O decano de Ensino de Graduação, Diêgo Madureira, afirma que a inserção curricular com carga horária mínima de 10% vai permitir que os estudantes se aprofundem ainda mais no seu objeto de estudo e conheçam oportunidades na área em que atuarão após a formação. “São experiências verdadeiramente enriquecedoras, que transcendem as atividades possíveis em sala de aula. Nossos discentes precisam ter a vivência, que é uma parte fundamental em qualquer curso de graduação”, reforça.

O Instituto de Ciências Humanas (ICH) tem tradição na oferta da extensão. Contudo, diante da inserção curricular, surge o desafio de expandir essas iniciativas, tema amplamente debatido na unidade acadêmica. "Reconhecemos o vasto potencial que a extensão universitária carrega, especialmente no enriquecimento da formação profissional de nossos estudantes, fomentando uma integração mais profunda entre a Universidade e a comunidade. Embora represente um desafio, acreditamos que os benefícios decorrentes para o ensino superior serão notáveis", comenta a diretora do ICH, Neuma Brilhante.

A Semana Universitária é um evento aberto a todo o público e gratuito. Neste último ano, ocorreu entre 25 e 29 de setembro. Foto: Beto Monteiro/Ascom GRE

 

SEMUNI – Em 2023, a Semana Universitária (Semuni) bateu recordes: 1.100 ações cadastradas e cerca de 43 mil inscrições – em 2022, foram 31.644 inscrições e 735 iniciativas; e, em 2021, 36.464 inscritos e 804 atividades. O DEX também promoveu visitas de mais de 9 mil estudantes de 95 escolas do Distrito Federal e de Goiás. Ao todo, R$ 350 mil foram distribuídos por meio de bolsas para os graduandos participantes das ações. Além disso, 15 unidades acadêmicas receberam apoio financeiro para ofertar atividades no turno noturno, iniciativa que ampliou o acesso à Semana Universitária.

“A Semuni de 2023 foi a maior da história da UnB! A qualidade que perseguimos com a intersecção do ensino, da extensão e da pesquisa esteve presente em toda a programação, em todos os campi, desde a manhã até a noite. Essa interação da UnB com a sociedade é fundamental para a promoção do desenvolvimento social e econômico. Por meio de ações como as apresentadas na Semana Universitária, nós mostramos que a academia vai muito além da sala de aula”, defende a decana de Extensão, Olgamir Amancia.

 

Dados reforçam como a Semuni 2023 foi histórica. Arte: Igor Outeiral/Secom UnB

 

CORRIDA – Marcando o início da 23ª edição da Semana Universitária, ocorreu a segunda edição da Corrida UnB/HUB, no campus Darcy Ribeiro. A atividade, realizada pelo DEX e pelo Hospital Universitário de Brasília (HUB), busca promover a interação social e os cuidados com a saúde. No total, 350 atletas e entusiastas competiram nos circuitos de 5 km e 10 km. A primeira edição aconteceu em 2022, celebrando os 60 anos da Universidade.

“A corrida é uma ação de promoção da saúde da nossa comunidade. Estudantes, servidores e público externo fazem da corrida uma iniciativa de sucesso. Além do benefício para a saúde e para a qualidade de vida, possibilita ao HUB cumprir seu papel de integrador da UnB à sociedade”, explica a superintendente do Hospital Universitário, Elza Noronha.

Trajeto começou no estacionamento do HUB e passou por espaços históricos da UnB, como o ICC e a BCE. Foto: Reprodução

 

Robson Meira, o primeiro colocado na categoria Pessoa com Deficiência (PcD), foi um dos visitantes que celebrou a oportunidade. “Muito bom ter participado da corrida, ainda mais por ter tido essa inclusão dos atletas PcD. É essencial órgãos públicos como a UnB darem incentivo para aqueles que se questionam, mas se descobrem capazes de fazer algo assim”, afirma.

EDUCAÇÃO – Com cinco polos de extensão – Recanto das Emas, Ceilândia, Paranoá, território Kalunga e Chapada dos Veadeiros, em Goiás –, a UnB vem ampliando cada vez mais a atuação junto à sociedade. No Recanto das Emas, ocorre o projeto Universidade e Escola sem muros, da Faculdade de Educação (FE). O supervisor pedagógico do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 801 – unidade que recebe a iniciativa da FE –, Daniel Lemes, afirma que os resultados da atuação da Universidade junto aos alunos da escola são concretos e visíveis.

 

A realização de fóruns socioculturais aproxima a universidade da comunidade em que os polos de extensão estão localizados: em Ceilândia, Paranoá e território Kalunga, por exemplo. Fotos: DEX/Divulgação

 

A inauguração do polo de extensão no Recanto das Emas, em 2019, contou com a presença do atual presidente do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Roney Nemer; da reitora Márcia Abrahão, do administrador do Recanto das Emas, Carlos Dalvan; da decana de Extensão, Olgamir Amancia; da docente Iracilda Pimentel Carvalho; e o assessor especial da Presidência da FAP-DF, à época, Luiz Germano Guimarães Teixeira. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

“O projeto auxilia nossos estudantes a serem protagonistas do desenvolvimento de seu aprendizado. Você vê o engajamento desses estudantes, o interesse e, ao mesmo tempo, a mudança de postura deles em sala de aula, porque tudo isso acaba dando um novo significado para eles”, afirma Lemes. Desenvolvido por professores e estudantes da FE, o Universidade e Escola sem muros trabalha com a interdisciplinaridade e promove oficinas on-line e presenciais, incluindo produção de conteúdo para as plataformas digitais do projeto.

No CEF 801 do Recanto da Emas, ocorre o projeto Universidade e Escola sem muros, da Faculdade de Educação. Foto Divulgação/Projeto UESM

 

Para a extensionista Maria Regina Silva, a ação rompe barreiras e democratiza o aprendizado do ensino superior. “Por trabalhar com os alunos da escola, o projeto permite que alguns conhecimentos, que eram apenas teóricos, sejam vivenciados na prática. Além disso, é possível apresentar a UnB para as crianças e instigar nelas a vontade de ingressar na instituição”, explica a discente.

MEMÓRIA – Em 15 de dezembro, data de aniversário dos 62 anos da lei de criação da UnB, foi inaugurado o Espaço da Memória da Universidade de Brasília no prédio SG-10. O edifício histórico abrigava o antigo Centro de Planejamento (Ceplan), cujo primeiro diretor foi Oscar Niemeyer, e conta com obras de arte como três murais pintados pelo arquiteto que projetou Brasília.

Mais de 20 imagens de obras de autoria de oscar Niemeyer foram doadas pelo neto do arquiteto, o fotógrafo Carlos Niemeyer. Foto: Beto Monteiro/Ascom GRE

 

O espaço, que está sob a gestão do Decanato de Extensão (DEX), tem o objetivo de ser um local de referência nacional de preservação, comunicação e pesquisa da história da Universidade. Valendo-se do patrimônio histórico e cultural da instituição, o memorial vai promover ações de pesquisa, ensino e extensão integradas à sociedade.

Neto de Oscar Niemeyer, o fotógrafo Carlos Niemeyer doou mais de 20 imagens de obras do arquiteto ao Espaço da Memória da UnB. Os itens são parte da exposição permanente do local. A expectativa é de que o Espaço Memória seja aberto ao público em fevereiro. Em breve, o Decanato de Extensão vai disponibilizar um formulário para agendamento da visita.

 

SÉRIE DE REPORTAGENS 3 ANOS DE GESTÃO:

>> Especial relembra principais ações da atual gestão da UnB

>> Cada dia mais sustentável, UnB alcança resultados inéditos

>> Em um triênio, UnB dobra ações de extensão