DEMOCRACIA

Na Câmara dos Deputados, Márcia Abrahão repudiou ataques sofridos pelas instituições nos últimos anos

Márcia Abrahão argumentou pelo fim da lista tríplice para escolha de reitoras e reitores das universidades federais durante a audiência na Câmara. Foto: Lívia Leite/Andifes

 

A reitora Márcia Abrahão participou da Audiência Pública Autonomia Universitária na Eleição de Reitoras e Reitores das Universidades Federais, presidida pela deputada Ana Pimentel (PT-MG), na Câmara dos Deputados, na quarta-feira (23). Recém-eleita presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Márcia Abrahão defendeu o fim da lista tríplice para a escolha de reitoras e reitores das universidades federais e que a chapa mais votada pela comunidade universitária seja nomeada pelo presidente da República.

 

“Que se torne realmente uma eleição e que o mais votado ou a mais votada seja nomeado, respeitando a autonomia das universidades na forma de decisão e que a escolha se dê entre discentes, docentes e servidores técnico-administrativos. Deixa de se chamar consulta e passa a ser uma eleição”, afirmou Márcia Abrahão.

 

Diante das intervenções nas instituições de ensino superior, a presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Francieli Rebelatto, acredita que o caminho também é realizar eleições paritárias. “A comunidade universitária é diversa, e todos estudantes, trabalhadores técnicos, professores, trabalhadores terceirizados têm que intervir no processo de democracia e de construção da nossa gestão democrática”, disse. Ela ressaltou a necessidade de recompor e ampliar o orçamento universitário, para garantir a autonomia e produzir conhecimento, ciência, tecnologia e extensão.

 

A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Manuella Mirella, afirmou que os estudantes universitários sonham em construir um país melhor e são “patrimônio vivo". A deputada federal Carol Dartora (PT-PR) classificou as instituições de ensino superior como espaços fundamentais para superar as desigualdades e para instituir a inclusão por meio das cotas.

Lideranças femininas participaram da audiência pública Autonomia Universitária na Eleição de Reitoras e Reitores das Universidades Federais. Foto: Lívia Leite/Andifes

 

A deputada federal Ana Pimentel reforçou que posicionamentos hostis contra as universidades federais e contra a educação não podem ser naturalizados, sobretudo, na “casa do povo brasileiro”. “Esse tipo de ataque, de discurso de ódio, de negação da ciência, que se tornou de maneira articulada um projeto político no nosso país, é o mesmo que dá subsídio para construir violência contra as crianças nas escolas, para atacar a comunidade LGBTQIAPN+ na nossa sociedade, para atacar os negros e negras e mulheres”, enfatizou.

 

De acordo com a secretária de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Denise Carvalho, apesar de caracterizadas como meio de garantir soberania à nação, as universidades, em 100 anos de existência no país, são alvos históricos de ataques e perseguições. Ainda assim, 90% da produção científica brasileira é oriunda das instituições públicas.

 

Para o presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Vinícius Soares, a universidade é um polo de resistência democrática que precisa ser respeitado para cumprir a função social de garantir o desenvolvimento da população e mitigar as desigualdades sociais. Ele frisou a importância da atuação dos reitores nos últimos anos: “Enquanto os estudantes estavam nas ruas lutando contra o governo Bolsonaro, os reitores estavam fazendo essa luta institucional contra o desmonte das nossas universidades”, lembrou.

 

A escolha dos gestores das universidades pelo presidente da República desqualifica a universidade, segundo a representante do Observatório do Conhecimento Mayra Goulart. “Violar a autonomia universitária é violar a produção do conhecimento, é infantilizar a nossa capacidade de escolher o nosso caminho, é trazer para dentro dos campi a figura da censura em sua mais profunda compressão: a censura das ideias”, argumentou.

 

Participaram da Audiência o deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ), a coordenadora-geral da Fasubra Sindical, Cristina Del Papa, a deputada federal Natália Bonavides (PT-RN), o deputado federal Jorge Solla (PT-BA), a professora da UFG Geovana Reis, o deputado federal Alexandre Lindenmeyer (PT-RS), o deputado federal Pedro Uczai (PT-SC), a deputada federal Érika Kokay (PT-DF) e o deputado federal Prof. Paulo Fernando (Republicanos-DF).

 

FRENTE PARLAMENTAR – A reitora Márcia Abrahão esteve no lançamento da Frente Parlamentar em Defesa da Universidade Pública, à noite, em espaço no Lago Sul. A iniciativa do deputado federal Tadeu Veneri (PT-PR) e da deputada Ana Pimentel propõe o acompanhamento de atos institucionais e governamentais, gerar debates e modificar a legislação para beneficiar o ensino superior público. A reitora falou sobre a documentação que entregou ao ministro da Educação, Camilo Santana, pontuando passos para a reconstrução do orçamento das universidades públicas.

 

“É para isso que nós vamos trabalhar arduamente e não podemos fazer isso sem os nossos parlamentares e sem os nossos estudantes. Vamos trabalhar fortemente para que a reconstrução do país se dê respeitando a educação, a ciência e a tecnologia do nosso país”, afirmou a reitora Márcia Abrahão.

 

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