CIDADANIA

Cerimônia oficial debateu o protagonismo e a construção de um futuro melhor e trouxe novas perspectivas para a igualdade de gênero, tema da 23ª Semuni

A reitora, Márcia Abrahão Moura, e a decana de Extensão, Olgamir Amancia, participaram do evento de encerramento da Semana Universitária, em que falaram a público composto por extensionistas, estudantes, professores e estudantes de escolas públicas do DF. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Após dias agitados com rica programação, o encerramento oficial 23ª Semana Universitária (Semuni), na última sexta-feira (29), contou com empolgante palestra na área da Saúde, com a participação da Secretária de Saúde Digital do Ministério da Saúde (MS), Ana Estela Haddad, de forma remota, e da Diretora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Fabiana Damásio. O evento ocorreu no Anfiteatro 9 do Insituto Central de Ciências (ICC), campus Darcy Ribeiro.

 

A mediação ficou por conta da vice-diretora da Faculdade UnB Ceilândia (FCE), professora Laura Toni. Na abertura da mesa, participaram a reitora Márcia Abrahão Moura e a decana de extensão, Olgamir Amancia.

 

De modo remoto, a secretária do Ministério da Saúde deu início à palestra, falando sobre a criação da Secretaria de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI/MS). O órgão é responsável por formular políticas públicas para a gestão da saúde digital, fazer a proteção de dados e apoiar a transformação digital do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

“O acesso à informação em saúde é muito importante para qualidade de vida, autocuidado, para tomada de decisões e para que cada um possa autonomamente cuidar da saúde”, disse Ana Estela. “A falta de informação e a falta de democracia nas relações, prejudica e fragiliza também o processo de cuidar da saúde”, afirmou.

 

Entre os projetos da nova secretaria, está a criação da Rede Nacional de Dados (RNDS), mecanismo que conecta os sistemas de informações em saúde. Ele é o responsável pela digitalização e integração dos dados presentes no aplicativo ConecteSUS, baixado por mais de 40 milhões de brasileiros.

Secretária de Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad falou sobre a digitalização das informações de saúde no país e sobre a importância desses dados para a população. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Segundo a secretária, ao longo dos últimos 35 anos, o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) criou mais de 200 sistemas de informação. Hoje, com maior demanda por integração, deu-se a criação e ampliação constante da RNDS, que trabalha em etapas para a construção de imensa rede de dados em saúde do país.

 

“Por causa desse trabalho, hoje o ConecteSUS já está integrado ao aplicativo Gov.br. Nele, conseguimos ter acesso ao nosso certificado de vacinação e outras funcionalidades nativas. Em breve, exames, prescrição de medicamentos, atendimentos feitos, avaliações dos profissionais também serão acessados nesse super aplicativo”, anuncia.

 

Entre os lançamentos previstos ainda para este ano, dois demonstram a relevância do cuidado em saúde feminina: o Equidade SUS e o Dignidade Menstrual, que serão hospedados dentro da plataforma.

 

REALIDADE – Incitando o pensamento crítico da plateia, a diretora da Fiocruz, Fabiana Damásio, questionou o tema da Semuni de forma proposital. “Em um país em que temos uma mulher assassinada a cada seis horas e onde ocupamos o quinto lugar no aconselhamento para combate a violências contra a mulher, como é que a gente pode ter um futuro feminino?”, iniciou a fala.

 

Os dados apresentados pela gestora fazem parte do VII Relatório Luz sobre a Agenda 2030 no Brasil, lançado no final de setembro. O documento é elaborado pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GTSC A2030), uma coalizão que reúne 64 organizações não governamentais, movimentos sociais, fóruns, redes, universidades, fundações e federações brasileiras para tratar de metas de desenvolvimento acordadas no âmbito da Organização das Nações Unidades (ONU). De acordo com os dados do documento, o Brasil é o 92º entre 153 países no ranking de garantia de equidade para mulheres. Ele ainda aponta que, em 2022, os registros de violência ou agressão às mulheres cresceram 4,5%, em relação ao ano anterior.

 

“Esse não é um quadro que eu trago para impactar, mas para dizer o quanto de coragem a UnB tem ao propor esse tema”, comenta Fabiana. “Eu vejo como coragem e ousadia. E, acima de tudo, como esperança, porque traz a possibilidade de a gente repetir como um mantra e materializar esse desejo da construir um futuro mais justo e digno para todas as mulheres em sua diversidade”, justifica.

 

Fabiana ainda citou a parceria com a UnB no projeto Mais meninas na ciência. “A gente criou estratégias para fazer com que esse exercício de dignidade e cidadania pudessem acontecer com maior plenitude. Nesse projeto, que é nacional, pudemos trazer as meninas para as universidades, elas escutaram a história de outras pesquisadoras e também conheceram o papel da universidade”, pontuou.

 

Finalizando a fala, a pesquisadora usou um poema da escritora Conceição Evaristo, para falar sobre a história ancestral feminina. “O Brasil passa a se olhar a partir daquilo que ele é: femininino, equânime e diverso. Por isso, me inspirei em outras mulheres para continuar repetindo esse mantra. O futuro é feminino!”, citou Fabiana.

Diretora da Fiocruz, Fabiana Damásio instigou o público presente ao apresentar dados e falar sobre os problemas que a sociedade precisa enfrentar para que o futuro seja, de fato, feminino. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

BALANÇO – Foram realizadas cerca de 1.100 ações, ofertadas por unidades acadêmicas, centros e decanatos da UnB, com o apoio a 4.250 estudantes de 95 escolas públicas, mais de 100 bolsistas envolvidos e mais de 43.264 inscritos nas atividades, que ocorreram em diversos turnos e departamentos, dos quatro campi.

 

“Encerramos uma agenda extensa e muito importante, que demonstra a qualidade das atividades, e que contou com a ocupação de todos os espaços da Universidade”, pontuou a decana.

 

“Eu tenho muito orgulho dessa Universidade e honra de carregar no meu peito o fato de ter estudado aqui na UnB. É por isso que a gente traz muitos estudantes de escola pública para conhecer a Universidade”, disse. Ao longo da semana, mais de 90 ônibus percorreram os campi UnB Gama, UnB Ceilândia, UnB Planaltina e Darcy Ribeiro, além da Fazenda Água Limpa (FAL), no Núcleo Bandeirante.

 

A reitora aproveitou a oportunidade para salientar a importância da integração da sociedade com a Universidade. “Se a gente não tem a sociedade concordando e apoiando o que a gente faz, não vamos estar fortalecidos. Queremos que todos estejam presentes em nosso ensino, pesquisa e extensão, que são de excelência e têm forte compromisso social”, salientou.

 

Na oportunidade, a decana ainda entregou formalmente à reitoria uma minuta construída a partir da proposição feita pelas mulheres da comunidade acadêmica, com demandas das técnicas, mães dos coletivos, do sindicato e de estudantes responsáveis por crianças pequenas.

 

“Reconhecer os obstáculos daqueles que cuidam e que são mães ou pais de crianças para poder estar aqui. Já que nós ainda não temos política pública para responder a essa demanda em nosso país, a UnB se propõe com a construção de uma política para garantir esses direitos”, frisou Olgamir.

 

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