MOVIMENTO ESTUDANTIL

Márcia Abrahão também foi palestrante no 1º Seminário Desafios da Educação, parte da programação do evento da União Nacional dos Estudantes

Congresso reuniu milhares de estudantes do Brasil na UnB. Foto: Jamile Ferraris/MJSP

 

A reitora Márcia Abrahão, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso participaram da abertura do 59º Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune), na noite de quarta-feira (12), no Centro Comunitário Athos Bulcão da Universidade de Brasília. O evento foi marcado por dois atos, um em memória aos 50 anos sem Honestino Guimarães, líder estudantil desaparecido durante a ditadura militar, e outro em defesa da democracia. O Conune segue até 16 de julho. Segundo a UNE, são esperadas cerca de 10 mil pessoas durante toda a programação.

Marcia Abrahão destacou que a educação, a ciência e a pesquisa vivem um novo momento no Brasil, em que voltaram a ser respeitadas e valorizadas. “Eu, como reitora, posso vir aqui comemorar sem temer um corte no orçamento amanhã e sem ouvir que somos uma universidade da balbúrdia. Nós, então, fazemos ‘balbúrdia’ há 61 anos e vamos continuar lutando pela democracia do nosso país e pela inclusão nas nossas universidades públicas”, afirmou.

Flávio Dino pediu a união dos estudantes, dos mais diversos espectros políticos, em defesa de pautas como o fortalecimento do ensino público e da democracia. “Todo mundo aqui é contra o fascismo, contra o golpismo e contra a extrema-direita. Todo mundo defende a educação pública gratuita de qualidade para todos no Brasil. Todos são contra a discriminação dos negros, das mulheres e da comunidade LGBT+”, argumentou o ministro.

Luís Roberto Barroso ressaltou que o enfrentamento ao autoritarismo é fundamental para a construção de um Brasil menos desigual. “Nós temos compromisso com a história, de fazer um país maior e melhor, e isso se faz com democracia, estudo e argumentos. A capacidade de ter interlocução mostra que estamos do lado certo, por tratar todos com respeito mesmo com a divergência”, disse o ministro.

UNIVERSIDADES – A reitora da UnB defendeu o fim da lista tríplice para escolha de reitores das universidades federais. No último governo, o então presidente da República não respeitou a decisão da comunidade
acadêmica em diversas instituições e nomeou os segundos e terceiros colocados.

“Hoje, para manter a democracia, nós precisamos mudar a lei de nomeação de reitoras e reitores. O que vivemos nos últimos anos, com vários colegas eleitos e não nomeados, não podemos viver novamente no nosso país. Nós precisamos mudar a lei, e a nossa associação, a Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), encaminhou ao Congresso Nacional uma proposta no sentido de acabar com a lista tríplice e respeitar a democracia das universidades”, explicou Márcia Abrahão.

Em 2003, a UnB fez história ao ser pioneira no programa de cotas entre as universidades federais. Este ano, a iniciativa completou duas décadas e a reitora Márcia Abrahão ressaltou a necessidade de aperfeiçoar os mecanismos de ingresso e permanência de estudantes universitários. “Precisamos aprovar uma nova lei de cotas que aprofunde as cotas raciais e sociais no nosso país. Nós precisamos também de um programa nacional de assistência estudantil que seja uma lei, para que a gente não dependa mais de um decreto.”

No evento, Márcia Abrahão frisou, também, a atuação dos pesquisadores durante a pandemia de covid-19, além da participação do movimento estudantil pela educação. “Hoje, nós estamos aqui porque a ciência permitiu que estivéssemos sem máscara e vivos! E porque vocês foram para as ruas conosco, não deixando as universidades serem fechadas. Justamente na data de hoje, o Ministério da Educação encerrou o programa das escolas cívico-militares”, acrescentou.

Márcia Abrahão homenageou o colega de formação, o geólogo Honestino Guimarães, desaparecido durante o regime militar. Foto: Reprodução Instagram

 

A reitora homenageou Honestino Guimarães, primeiro colocado no primeiro vestibular para Geologia da UnB. Presidente da Federação dos Estudantes da Universidade de Brasília, Honestino foi perseguido e preso pela ditadura militar. Ele desapareceu em 1973. “Seria um geólogo brilhante”, disse Márcia Abrahão, ela própria geóloga de formação.

DESAFIOS DA EDUCAÇÃO – Unanimidade entre as palestrantes, a política de assistência estudantil e o orçamento da educação foram os principais desafios debatidos durante o 1º Seminário Desafios da Educação, na manhã da quinta-feira (13), no Memorial Darcy Ribeiro, o Beijódromo. Participaram a reitora da UnB, a reitora do Instituto Federal de Brasília (IFB), Luciana Massukado; a reitora eleita do IFB, Veruska Ribeiro Machado, e a diretora de Desenvolvimento da Rede de Instituições Federais de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Tânia Mara Francisco.

A reitora Márcia Abrahão elencou os desafios enfrentados pelas instituições de ensino superior, como os sucessivos cortes orçamentários realizados pelo governo anterior. Ela também destacou que há muito o que avançar, e voltou a destacar a necessidade de revisão da Lei de Cotas e a instituição de uma lei para a assistência estudantil.

Presidente da UNE, Bruna Brelaz criticou a forma como o movimento estudantil foi tratado nos últimos governos. “A nossa geração era barrada e até mesmo violentada quando fazíamos nossas manifestações, que eram justas. Hoje, os estudantes são ouvidos pelo Ministério da Educação”, disse.

Massukado elencou três desafios da educação: consolidação do orçamento, recursos humanos e infraestrutura. “Precisamos de mais gente atuando, ficamos sem reposição de servidores aposentados. Com relação à infraestrutura, não é apenas construir, mas ter condições de dar a manutenção adequada”, afirmou

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