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Reitora da UnB chamou a atenção para o comprometimento das futuras gerações e as perdas para a assistência estudantil

Reitora Márcia Abrahão analisou o impacto do corte orçamentário para a UnB. Imagem: Reprodução/ANPG

 

A reitora Márcia Abrahão participou, nesta quarta-feira (19), de uma live para discussão dos impactos das reduções orçamentárias para a educação superior, a ciência e a tecnologia do país. O debate, que contou também com a ex-reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Soraya Smaili, foi organizado pela Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG) e pelo Sindicato Nacional dos Gestores Públicos em Ciência e Tecnologia (SindGCT).

 

"Agora, durante esta crise [provocada pela pandemia], percebemos que os países a saírem na frente foram aqueles com investimento permanente em pesquisa. O avanço em ciência não ocorre do dia para a noite. Isso precisa ser construído aos poucos, com apoio à pesquisa básica e repasse de recursos públicos, como ocorre em todas as nações", argumentou a reitora da UnB.

 

Ela também falou sobre as consequências dos cortes para a assistência estudantil. "No caso da UnB, a redução foi de 7%. Neste momento de crise econômica, sabemos que as famílias têm ainda mais dificuldades. Isso significa que vamos ter mais jovens desamparados nas universidades", lamentou, defendendo a discussão de caminhos para enfrentamento ao problema. Este ano, o orçamento da UnB na Lei Orçamentária Anual (LOA) está 8,2% menor do que em 2020.

 

A ex-reitora Soraya falou sobre a divisão do orçamento das universidades públicas federais em duas unidades orçamentárias (UOs). Uma delas, com 60% do total dos recursos, depende de autorização extra do Congresso Nacional para ser utilizada. Na semana passada, o governo repassou os recursos das UOs extras para a UO de cada universidade, entretanto, foram utilizados recursos das próprias instituições para isso. "Não foram os 60% que estavam na LOA, mas sim o nosso superávit que havia sido acumulado de anos anteriores", criticou.

 

"Todos os cortes afetam profundamente as nossas estruturas de pesquisa. Temos que reverter essa situação antes que seja tarde", defendeu Soraya Smaili. Ela lembrou, ainda, da aprovação da lei complementar n. 177, que liberou recursos para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Entretanto, as verbas não chegaram ao Fundo.

 

FUGA DE CÉREBROS – A presidenta da ANPG, Flávia Calé, afirmou que a situação orçamentária e a retenção de bolsas de pós-graduação estão provocando uma "fuga de cérebros" para outros países. "A democratização do acesso ao ensino superior abriu as portas para muitas pessoas e democratizou, também, a pós-graduação. Mas precisamos apoiar esses estudantes, sob pena de perdermos uma geração inteira."

 

Roberto Muniz, diretor-presidente do SindGCT, endossou a crítica: "O CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] está com o orçamento mais baixo dos últimos dez anos, com R$ 22 milhões. Só a verba para propaganda do Ministério da Ciência e Tecnologia é mais que isso. Em um país assolado pela pandemia, R$ 22 milhões não significam absolutamente nada", disse.

 

Nas considerações finais, a reitora da UnB também destacou os potenciais prejuízos para as futuras gerações. "Nossas universidades formam médicos, enfermeiros, professores, químicos, biólogos, sempre com excelência. Se não tivermos condições de formar bem essas pessoas, estamos comprometendo o futuro."

 

Confira a íntegra da live:

 

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