GESTÃO

Em mensagem, Márcia Abrahão cita mobilização pela retomada do calendário acadêmico e lembra que plano de recuperação está dividido em etapas

Queridas(os) docentes, técnicas(os) e estudantes,

Como estão? Já se vão mais de quatro meses desde que iniciamos as medidas de isolamento social na UnB, para evitar a propagação do novo coronavírus. Espero que estejam conseguindo superar este período difícil com o apoio da família, dos amigos e dos colegas da Universidade.

Infelizmente, os casos de covid-19 chegaram à nossa comunidade, inclusive com perdas. Toda a minha solidariedade aos que contraíram a doença e àqueles que perderam pessoas queridas nesta pandemia. Desejo que sejam fortes em meio ao sofrimento e às muitas incertezas que nos assolam.

De acordo com o último boletim do Comitê Gestor do Plano de Contingência em Saúde da Covid-19 da UnB (Coes), o número de casos e óbitos continua elevado no Distrito Federal e no Centro-Oeste. Mantemos, assim, a recomendação de ficar em casa sempre que possível.

O boletim informa sobre o aplicativo Guardiões da Saúde, que faz a vigilância participativa da nossa comunidade. Programa de fácil utilização, é uma forma de cuidarmos uns dos outros, a despeito da distância imposta pela pandemia.

Outras ações de cuidado vêm sendo promovidas pelo Subcomitê de Saúde Mental e Apoio Psicossocial do Coes, em parceria com a Diretoria de Atenção à Saúde da Comunidade Universitária (Dasu), o Hospital Universitário e as unidades acadêmicas. Também estamos acompanhando os membros da nossa comunidade que estão no exterior e dando treinamento para empresas e trabalhadores terceirizados que atuam na UnB.

Na última carta que dirigi à comunidade, em junho, falei sobre os trabalhos de preparação para a fase de recuperação da pandemia, coordenados pelo vice-reitor, professor Enrique Huelva, que preside o Comitê de Coordenação de Acompanhamento das Ações de Recuperação (CCAR). De lá para cá, nossa comunidade intensificou as discussões sobre a retomada das atividades acadêmicas suspensas pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) em março.

Houve amplo debate, trabalho colaborativo e uma pesquisa social inédita, que nos ajudou a mapear as condições socioeconômicas, de saúde e de acesso à tecnologia por parte da comunidade da UnB, principalmente pelos estudantes. Essa pesquisa foi realizada pelo subcomitê de Pesquisa Social do CCAR, composto por docentes especialistas, a quem agradeço publicamente. Os dados e relatórios da pesquisa estão em http://repositoriocovid19.unb.br.

A partir desse levantamento, o Decanato de Assuntos Comunitários (DAC) lançou edital de apoio à inclusão digital para estudantes de graduação dos cursos presenciais e a distância e para estudantes de pós-graduação stricto sensu. Os primeiros resultados serão divulgados nesta semana.

Uma comissão formada por representantes da Administração Superior, do Diretório Central dos Estudantes e de representantes discentes da assistência estudantil e indígenas está acompanhando todo o processo, muito bem conduzido pela Diretoria de Desenvolvimento Social do DAC. A Universidade vai prover condições de conectividade (computadores e internet) como parte de sua política de assistência estudantil.

Em outra frente, o Centro de Educação a Distância (Cead) está promovendo uma série de ações para melhor preparar nossas(os) docentes para ministrar aulas no formato não presencial, em caráter emergencial. Nesta semana, vamos chegar à marca de 1.000 docentes inscritos em algum dos cursos ministrados, número já maior do que o mapeado pela pesquisa como necessidade de formação. A Coordenação de Integração das Licenciaturas, do Decanato de Ensino de Graduação (DEG), também tem contribuído na preparação de profissionais para a utilização de novas ferramentas de ensino e aprendizagem.

A retomada do calendário acadêmico do 1/2020 e as condições sobre como ocorrerão as atividades neste período tão excepcional foram aprovadas pelo Cepe este mês, após quatro reuniões e mais de 25 horas de discussões. Antes disso, esses temas já haviam sido levados às unidades acadêmicas e para consideração dos sindicatos e do DCE em diversas conversas, que ajudaram a consolidar o Plano de Retomada em cinco etapas. A volta ocorrerá a partir de 17 de agosto, com três semanas para ambientação.

O professor Enrique Huelva tradicionalmente coordena os trabalhos do Cepe. Mas precisou se ausentar na última reunião, do dia 23 de julho, devido à surpreendente e triste morte de seu pai. Na presidência do Conselho, fiz questão de dizer que o retorno de forma não presencial é uma solução emergencial para minimizarmos os prejuízos na formação dos estudantes. Felizmente, a comunidade compreendeu que temos de estar irmanados para fazer o melhor semestre possível.

Paralelamente à nossa organização interna, continuamos ativos em diversas ações de enfrentamento da covid-19 junto à sociedade, em demonstração inequívoca do nosso compromisso social. Destaco aqui a participação da UnB, em parceria com o Instituto Butantan, no ensaio clínico para testar a eficácia da CoronaVac, a vacina chinesa contra o coronavírus.

Há também exemplos de afeto e solidariedade, como o projeto Cartas Solidárias, que entrega mensagens de agradecimento aos profissionais na linha de frente do combate à doença, e a Maratona Covidas-UnB, organizada pelo Parque Científico e Tecnológico da UnB (PCTec), para o desenvolvimento de soluções para a retomada. A cerimônia de premiação da maratona, virtual, foi emocionante.

Vale lembrar: iniciativas de pesquisa e inovação já selecionadas pelo Comitê de Pesquisa, Inovação e Extensão de combate à Covid-19 (Copei) ainda podem concorrer a financiamento em edital aberto até o dia 31 de julho pelo Decanato de Pesquisa e Inovação (DPI).

Nas próximas semanas, acompanharei as novas ações a uma certa distância, mas sempre com muita atenção. Precisarei me afastar da gestão da UnB. O vice-reitor estará à frente da Universidade e continuará coordenando os trabalhos para a retomada do primeiro semestre letivo de 2020.  
 
Continuaremos somando esforços para que a pandemia recue o mais rapidamente possível. Nossa prioridade é salvar vidas. Instituição científica e de educação pública de alto nível, a UnB seguirá dando exemplo para a sociedade. Internamente, vamos continuar atuando com planejamento, responsabilidade, solidariedade e ampla discussão antes de passarmos para as demais etapas do Plano de Retomada das atividades.

Embora momentaneamente separados, sigamos juntos.

Um abraço saudoso,

 

Márcia Abrahão
Reitora da Universidade de Brasília

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