FACULDADE UnB CEILÂNDIA

O evento tratou o tema a partir do entrecruzamento de questões sobre saúde mental, uso de drogas e HIV

O seminário acompanha as atividades realizadas pelo CRR com pessoas em situação de rua, estendendo o debate à comunidade do campus de Ceilândia. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Na última quinta-feira (28), a Faculdade UnB Ceilândia (FCE) recebeu o Seminário Internacional sobre uso de álcool e outras drogas, transtornos mentais e HIV em populações vulneráveis. A roda de conversa debateu sobre o tema com foco nas pessoas usuárias de drogas e naquelas em situação de rua e nos desafios que enfrentam para acessar a rede de saúde.

 

O evento foi organizado pelo Centro de Referência sobre Drogas e Vulnerabilidades Associadas (CRR-UnB/FCE), que é coordenado pela professora Andrea Gallassi. O seminário recebeu a professora de Medicina Annick Bórquez; o professor de Psiquiatria David Grelotti (ambos da Universidade da Califórnia San Diego, EUA); a professora de Serviço Social da Universidade Estadual de San Diego, EUA, María Luisa Zúñiga; e Francisco Bastos, da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz).

 

De acordo com a professora Andrea Gallassi, o debate do tema deve incluir as três principais questões que confrontam as pessoas em vulnerabilidade: os transtornos mentais, o uso de drogas e a infecção por HIV. “É muito importante fazermos um seminário desse com essas pessoas que têm um trabalho grande nessa área, principalmente para os alunos daqui da Ceilândia. Como a FCE tem diversos cursos da área da saúde, é necessário que os nossos estudantes tenham esse conhecimento justamente para saber como realizar a abordagem desses casos em sua vida profissional”, explicou.

 

Um dos pontos tratados foi a interligação dos temas. Ao mencionar o HIV, por exemplo, David Grelotti falou sobre como as condições sociais podem influenciar o contato com a doença. “Nossos estudos investigam se as condições sociais de um indivíduo podem torná-lo mais vulnerável à transmissão do HIV. E verificamos que sim, usuários de drogas e pessoas com depressão, por exemplo, têm mais riscos de infecção. A condição social desse paciente também adiciona dificuldades de acesso a tratamento de saúde”, relatou.

“Iniciamos a nossa parceria com a professora Andrea Gallassi com a intenção de entender melhor e trocar conhecimentos sobre os problemas com o uso de drogas nos dois países: Brasil e EUA”, contou a pesquisadora Annick Bórquez. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Para os estudantes, o evento foi oportunidade de observar a questão a partir da perspectiva de futuros profissionais da área da saúde. Como é o caso de Maria Aparecida Paniago, aluna do primeiro semestre do curso de Educador Político Social em Gerontologia, da Universidade do Envelhecer (UniSer).

“Essa é a minha primeira palestra após ingressar no curso e eu gostei muito. É um tema muito importante para nossa sociedade e que tem muita conexão com o que estudamos no nosso curso. Sabemos que existem muitos idosos nesta situação de vulnerabilidade”, compartilhou.

 

A mesa de abertura contou com a participação da professora da FCE Izabel Rodrigues; do decano de Assuntos Comunitários, Ileno Izídio da Costa, que também representou a reitora Márcia Abrahão; e da diretora da FCE, Laura Mangilli. Além dos parceiros do CRR, o deputado distrital Fábio Félix e Rafael Reis, do Instituto No Setor.

 

PESQUISA EM BRASÍLIA – Ao lado da professora Andrea, os pesquisadores convidados para a palestra, Annick, David e María, também são parceiros no Centro de Referência sobre Drogas e Vulnerabilidades Associadas. Um dos objetivos do projeto é entrevistar 800 brasilienses em situação de rua e em vulnerabilidade social, além de realizar testagens de HIV nesse público. Mais de 600 pessoas já foram entrevistadas.

 

“Queremos entender os problemas de saúde dessas pessoas, e também o acesso delas à rede assistencial, incluindo os problemas nesse acesso. Assim, poderemos avaliar e sugerir melhorias para a rede de saúde. O Brasil tem um sistema de saúde melhor do que o de muitos países, incluindo os EUA, que não oferecem saúde pública. Ainda assim, temos problemas de integração entre os serviços que fazem parte desse sistema. Nossa ideia é entender as necessidades e como ajudar essas pessoas a terem mais qualidade de vida", apontou Annick.

 

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