CIÊNCIA

Estudo pioneiro com canabidiol, financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal, testa tratamento para pessoas com dependência de crack

UnB é primeira instituição do país a importar canabidiol para fins de pesquisa. Foto: Freepik


Após dez meses, o Decanato de Administração (DAF), o Gabinete da Reitora e a pesquisadora Andrea Gallassi, que coordena o Centro de Referência sobre Drogas e Vulnerabilidades Associadas da Faculdade de Ceilândia, da Universidade de Brasília (UnB), conseguiram a liberação do medicamento canabidiol para ser utilizado em pesquisa com dependentes de crack. A UnB tinha autorização de importação, emitida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas o insumo ficou parado no Aeroporto Internacional de Brasília por falta de autorização de retirada, que foi concedida na terça-feira (28).

“A gente não desistiu. A Universidade assumiu esse compromisso com a ciência, com a pesquisa que eu coordeno, e enfrentou todos esses obstáculos. Sou muito grata à equipe de importação do DAF e ao decano Abimael Costa, e ao Gabinete da Reitora que envidaram todos os esforços. O que aconteceu quase inviabilizou a pesquisa, mas vamos finalizar e apresentar evidências científicas bastante robustas neste campo”, conta Gallassi.

O objetivo da pesquisa, financiada pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), é comparar o uso dos tratamentos convencionais e o uso de canabidiol para tratar dependentes de crack. O estudo é um ensaio clínico duplo cego randomizado: são separados dois grupos de pessoas dependentes de crack, e cada grupo vai tomar um tipo de medicamento. O grupo controle é o que ingere os medicamentos convencionais para tratar a dependência. O outro recebe o medicamento canabidiol. Os participantes da pesquisa não sabem a qual grupo pertencem nem a equipe da pesquisa, ficando essa informação somente conhecida pela coordenadora do estudo e pelo farmacêutico responsável.

Após dez semanas de tratamento, a pesquisa mostrará se o grupo que recebeu o canabidiol tem uma resposta melhor com relação a quatro parâmetros: diminuição do uso de crack; melhoras na saúde mental (insônia, depressão, ansiedade) e física (melhora na ingestão de alimentos e no bem estar geral); melhora com relação aos sintomas de abstinência (falta do uso e vontade de uso); e se os eventos adversos são menores quando comparado ao outro grupo.

ENTENDA – A UnB foi a primeira instituição do país a solicitar a importação de canabidiol para fins de pesquisa, em 2019. Quando o estudo iniciou e o processo de importação foi finalizado, nenhum laboratório brasileiro produzia o medicamento. Até então, a Anvisa só tinha autorizado a importação de canabidiol para pessoa física, para tratar pacientes. “O recurso da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) saiu em 2017, mas passamos dois anos organizando toda a papelada e tendo reuniões com a Anvisa para que pudéssemos explicar a pesquisa e cumprir com todas as exigências para a importação”, detalha a Andrea Gallassi.

No período de março 2020 a julho 2021, a pesquisa ficou parada por conta da pandemia de covid-19. Quando retomou o trabalho, os pesquisadores enfrentaram obstáculos para obter as novas autorizações. “A equipe da Diretoria de Importação e Exportação do DAF foi incansável. Sabemos da nossa responsabilidade, principalmente porque é uma questão humanitária e de saúde pública. Foram feitas novas exigências, que não foram solicitadas na primeira vez que o grupo de pesquisa fez a primeira importação”, conta o decano de Administração, Abimael Costa.

 

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