FAC NA SEMUNI

Palestrantes analisaram a crise migratória no país latino-americano, o refúgio no Brasil e a importância da preservação da cultura

Carolina Claro, Gabriel Tardelli, Leany Torres e Aníbal Pérez durante a palestra Indígenas venezuelanos em migração e refúgio no Brasil, promovida pelo Irel na Semuni 2023. Foto: Marina Semeraro Rito/FAC

 

No começo da noite desta terça-feira (26), estudantes, professores, pesquisadores e membros da comunidade interessados em questões relacionadas à migração e aos direitos humanos marcaram presença em sala de aula do prédio do Instituto de Relações Internacionais (Irel) para participar da palestra Indígenas venezuelanos em migração e refúgio no Brasil, organizada em parceria com o projeto de extensão Mahsise, que oferece aulas de inglês para estudantes indígenas da Universidade de Brasília.

A professora Carolina Claro, especialista em migração e refúgio, falou sobre o contexto político e econômico na Venezuela que levou à migração dos venezuelanos para o Brasil, a maioria localizados em cidades de Roraima. Ela ressaltou a importância de ações políticas e jurídicas, tanto nacionais quanto internacionais, de amparo a essa população.

“Não há pensamento nem políticas públicas a médio e a longo prazo para a população venezuelana indígena ou não indígena que está no Brasil. Mas há a necessidade de proteção e de se pensar políticas migratórias", explicou a docente do Irel, mediadora da mesa.

Durante a apresentação do segundo painel, o antropólogo e integrante da Agência da ONU para Refugiados (Acnur) Gabriel Calil Maia Tardelli ressaltou a importância das políticas públicas existentes para lidar com a crise migratória, incluindo questões relacionadas a documentação, acesso a saúde e educação e proteção contra violência e exploração.

"Quando a gente olha para essa população, independentemente do que diz a lei ou de como essas pessoas serão classificadas pelo Estado, mas sim para as histórias delas e a memória de vida de cada um, a gente percebe que as violações foram constantes e remetem a um processo de longa duração", pontuou o antropólogo.

Tardelli também comentou as dificuldades que os venezuelanos sofrem ao chegar ao Brasil e os estereótipos atribuídos a eles: nômades, coletores e até selvagens. "Os desafios que os refugiados e imigrantes enfrentam no mundo é muito grande. Quando a gente olha o que eles enfrentam no Brasil, estamos falando de uma população que tem que lidar não só com a xenofobia, mas também com o racismo, por conta da mentalidade do senso comum", lamentou.

Estudantes, professores, pesquisadores e interessados em migração e direitos humanos marcaram presença no Irel. Foto: Marina Semeraro Rito/FAC

 

Pertencente ao povo Warao, Leany Torres contou sobre suas vivências no Brasil e ressaltou que é importante cultivar as origens e a cultura indígena independentemente das dificuldades impostas.

"Somos povos indígenas e temos a nossa própria cultura, a nossa forma de organização própria e nossa visão de mundo. Não só estamos convivendo com vocês, mas também temos a nossa própria forma de pensar", explicou Leany, moradora de uma comunidade indígena em Roraima há quatro anos e formada em turismo.

Aníbal Pérez, voluntário indígena e um dos líderes do povo Warao, que vive no Brasil há oito anos, falou sobre as dificuldades da imigração, recordou a tristeza de ver parentes na rua por conta das ações governamentais, tanto venezuelanas quanto brasileiras, e contou sobre a organização representativa dos Warao.

"O povo Warao está no processo de criar uma organização que nos represente e fale sobre as necessidades do nosso povo. E também estamos em processo de articulação com indígenas brasileiros para compartilhar vivências e lutas", disse Aníbal, atualmente morador de Brasília.

Além da participação dos palestrantes, também foram exibidos dois vídeos de indígenas venezuelanos: a pedagoga experimental e vice-presidente da Asociación Consejo Indigena Najakara Mooru (CINAMO), Diolimar Josefina Tempo Aray, e o assistente educacional e educador social Alberto Carlos Conejero Rangel. Eles contaram um pouco de sua história no Brasil e a importância de políticas públicas e direitos humanos para a cultura indígena.

Ao final do encontro, a professora Carolina Claro fez breve recapitulação dos principais pontos discutidos e foi aberto ao público espaço para perguntas. Para a advogada e mestranda de Antropologia da UnB Aline Araújo, o evento foi muito completo e esclareceu ao público a diversidade do povo Warao, além de ajudar a compreender o fluxo migratório que ocorre no país.

"O evento contribuiu muito para os alunos terem ideia de como ocorre esse fluxo migratório venezuelano, especificamente sobre os indígenas e para ouvirmos os relatos dessas pessoas", ressaltou.

 

 FAC NA SEMUNI – A Semana Universitária 2023 está a todo vapor! Até 29 de setembro, estudantes, professores, técnicos, pesquisadores e comunidade externa circulam pelos campi, envolvidos em centenas de atividades que apresentam a UnB e suas ações de ensino, pesquisa e extensão ao público.

Uma equipe de estudantes da disciplina Apuração Jornalística, da Faculdade de Comunicação, está acompanhando a programação e produzindo registros como o que você leu agora.

Para eles, uma oportunidade ímpar de praticar o que aprendem. Para o público leitor, a chance de ficar ainda mais bem informado sobre o que acontece na Semana Universitária. Fique ligado nos canais oficiais da Universidade de Brasília e aproveite o resultado dessa parceria.

 

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*estudante de Jornalismo da Faculdade de Comunicação (FAC), sob supervisão do professor Sérgio de Sá

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