INCLUSÃO

Márcia Abrahão comprometeu-se a dar encaminhamento em colegiados para a discussão de uma política de acolhimento ao grupo, único no país

Alunos do Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais (Mespt) da UnB reuniram-se com a reitora Márcia Abrahão. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

Não é exagero dizer que o Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais (Mespt) da Universidade de Brasília tem gente de todos os cantos do Brasil. Indígenas, quilombolas, ribeirinhos, ciganos, entre representantes de outras etnias, se reúnem para aulas no Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS), em uma iniciativa de pós-graduação pioneira no Brasil e que vem inspirando instituições de outros países. Na última terça-feira (1º), a reitora Márcia Abrahão visitou a quarta turma de estudantes do Mespt para ouvir sobre as principais demandas do grupo.

 

“A educação escolar indígena e o acesso à educação superior e à pós-graduação de qualidade são essenciais para a formação de pessoas que possam continuar atuando na defesa dos nossos direitos”, defendeu Mário Nicácio, da etnia wapixana, de Roraima. Ele e os colegas entregaram à reitora uma carta na qual apontam a necessidade de políticas para facilitar a permanência dos estudantes no mestrado.

 

Uma das principais demandas diz respeito ao alojamento em apartamento de trânsito. O curso é realizado em regime de alternância (no qual o aluno passa um mês na Universidade e um mês na comunidade) e muitos têm dificuldade para se hospedar em Brasília.

 

A dirigente da UnB comprometeu-se a dar encaminhamento para que os colegiados da instituição discutam e estabeleçam uma política de acolhimento efetiva aos alunos do Mespt. “Por mais que esse curso tenha sucesso acadêmico, precisamos, agora, trilhar o caminho da institucionalização”, disse Márcia. “A mesma Universidade que os recebe precisa dar condições para que vocês concluam o curso com sucesso”, acrescentou.

 

A pescadora artesanal Eleonice Sacramento, que vem de uma comunidade do Recôncavo Baiano, destacou a importância da vaga no Mespt. “Talvez eu seja a primeira mulher pescadora a chegar a um mestrado sem deixar de ser pescadora”, contou. Para Lucimara Cavalcante, da etnia Rom Kalderash (cigana), a definição de uma política de acolhimento alinha-se aos objetivos de formação do curso. “Queremos que a Reitoria esteja ao nosso lado, para que tenhamos, na UnB, um exemplo de pós-graduação para o nosso país”, apontou.

 

BOLSAS – Durante a conversa com os estudantes, a reitora também afirmou que vai buscar diálogo com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) sobre a possibilidade de inclusão de bolsas de estudo para alunos de mestrados profissionais. As turmas do Mespt recebiam apoio financeiro a partir de um convênio com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), parceria que foi encerrada no ano passado.

 

O Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais é um curso multidisciplinar, que envolve diferentes unidades acadêmicas da UnB e se apoia no estabelecimento de turmas multiétnicas. “Esse é um princípio pedagógico que incentiva a formação de alianças e a intensa troca de experiências entre os participantes”, explicou a coordenadora do mestrado, Mônica Nogueira. Os estudantes também são incentivados a realizar trabalhos finais que gerem devolutivas para suas comunidades.

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