PESQUISA

Dados revelados pela ferramenta SciVal mostram crescimento na quantidade e na qualidade dos artigos de pesquisadores da Universidade

 

A produção científica da Universidade de Brasília despontou como uma das mais proeminentes do país. Dados revelados pela ferramenta SciVal – utilizada por instituições como Universidade de São Paulo (USP) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para análise de dados sobre pesquisa – revelam que, em um período de seis anos, o impacto das citações de pesquisadores vinculados à UnB aumentou mais de 100%.

Em 2016, o chamado impacto normalizado por citação (Field-Weighted Citation Impact, na sigla em inglês) atingiu 1.45, ou seja, os pesquisadores da Universidade foram 45% mais citados do que a média global. Houve também um aumento significativo da produção de artigos. O indicador de produção científica (Scholarly Output) chegou a 9.771 itens em 2016, evidenciando um aumento de 42% nos seis anos considerados na análise.

“Os dados levantados pelo SciVal são valiosos e revelam que a UnB aumentou a quantidade de sua produção científica e a qualidade do que vem produzindo”, destaca o vice-reitor, Enrique Huelva.

O SciVal é um software desenvolvido pela editora científica Elsevier para a gestão estratégica da pesquisa. A ferramenta utiliza a base Scopus e permite a comparação com mais de 8,5 mil instituições de todo o mundo. Também possibilita a verificação do nível de colaboração entre os pesquisadores, das áreas de excelência e das que precisam de mais atenção para se desenvolver. “Temos, agora, um mapeamento completo, que nos permite dar passos mais seguros para a melhoria da qualidade acadêmica”, comenta Huelva.

Arte: Secom/UnB

 

INVESTIMENTO As equipes dos decanatos de Pós-Graduação (DPG) e de Pesquisa e Inovação (DPI) analisaram as métricas apresentadas pelo software e verificaram relação direta entre o aumento do número de docentes da UnB e da produção científica. Entre os anos de 2009 e 2013, 577 professores ingressaram no quadro permanente da instituição, um aumento de 32%. Entre 2013 e 2016, foram 185 docentes (8%).

“Professores que entraram na UnB na época do Reuni têm, atualmente, forte atuação na pós-graduação. São jovens docentes, adaptados à instituição e que têm muita potência”, afirma a decana de Pós-Graduação, Helena Shimizu.

Emerson Fachin Martins, da Faculdade UnB Ceilândia (FCE), é um desses professores. Ele entrou para o quadro permanente em agosto de 2008, para lecionar no curso de Fisioterapia. Meses mais tarde, participou da criação do Núcleo de Tecnologia Assistiva, Acessibilidade e Inovação (NTAAI) da Universidade, à época, um dos primeiros núcleos de excelência reconhecidos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação nessa temática.

Professor do curso de Fisioterapia na FCE, Emerson Fachin Martins coordena o Núcleo de Tecnologia Assistiva, Acessibilidade e Inovação (NTAAI) da UnB. Foto: Arquivo pessoal

 

“Para sermos produtivos, temos que ter muita gente envolvida. Tenho nove alunos que lideram seis times de pesquisa, com a presença de estudantes de graduação, pós e estagiários. Em cada um desses times, há pelos menos dois artigos sendo gestados”, conta Emerson. O docente também atua em parceria com pesquisadores estrangeiros, uma variável que, segundo os dados do SciVal, aumenta o impacto das publicações científicas.

“Temos forte relação com o Inria [Instituto Nacional de Pesquisa em Informática e Automação, na França]. Somos complementares: eles fazem o desenvolvimento robótico e nós, no Brasil, ficamos responsáveis pela interface que treina a máquina junto aos pacientes”, explica Emerson. O Plano de Internacionalização da UnB, recentemente aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), traz uma série de diretrizes para alavancar a colaboração dos pesquisadores da instituição com colegas de fora do país.

LONGO PRAZO A parceria com cientistas de outras instituições – estrangeiras ou nacionais – também é marcante no trabalho do professor Pavel Shumyatsky, do Departamento de Matemática (MAT), que está na lista dos dez pesquisadores com maior produção científica na UnB. “A Matemática tem problemas que todo mundo quer resolver. Eu tenho algumas ideias, mas elas não são suficientes”, diz o docente, estudioso de uma área da álgebra chamada teoria de grupos.

Shumyatsky lembra que, assim como em outras áreas do conhecimento, os artigos levam tempo para gerar impacto na comunidade científica. “Em média, são cerca de dois anos até ser publicado. Um ano depois da publicação, começa a ter um impacto invisível, ou seja, as pessoas começam a entender do que se trata. Penso que o impacto, de fato, só surja depois de uns cinco anos”, estima.

Professor Pavel Shumyatsky, do Departamento de Matemática (MAT), que está na lista dos dez pesquisadores com maior produção científica na UnB. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

O próprio indicador do SciVal leva esse tempo de diferença em consideração. “O indicador Field-Weighted Citation Impact aplica uma janela de três anos de citação; por exemplo, para um item publicado em outubro de 2007, as citações recebidas a partir do restante do ano de 2007 até dezembro de 2010 serão contabilizadas”, esclarece o SciVal Metrics Guidebook.

DESAFIOS Além de ampliar e consolidar a internacionalização e seguir investindo na pesquisa e na pós-graduação, outro desafio para a melhoria da qualidade acadêmica é incrementar a relação entre a Universidade e o setor produtivo. Os dados do SciVal mostram que apenas 1% da produção científica é feita em colaboração com empresas.

“O DPI foi criado nesse contexto. Temos uma pesquisa básica muito forte, mas não está no escopo de nossas atividades acadêmicas a transmissão do conhecimento para fora da universidade”, diz a decana de Pesquisa e Inovação, Maria Emília Walter.

Segundo ela, a instituição vem trabalhando em um conceito diferenciado de inovação, que compreenda não apenas universidade, governo e setor produtivo. “Estamos incluindo o social, além da tríplice hélice da inovação (academia, governo e empresas/indústria). Esperamos abrigar, no Parque Tecnológico, iniciativas de empresas que contemplem tecnologias sociais.”

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.