SEMANA UNIVERSITÁRIA

Palestra discute o que é possível aprender com o movimento de modernização universitária que completa cem anos em 2018

 

Paulo Vinícius (CTB), Rony Corbo, Luiza Calvette, Murilo Camargo (CEAM/UnB), Leonardo Serikawa (OEI) e Matheus Barroso (DCE/UnB) na mesa 100 anos da Reforma Universitária de Córdoba, na XVII SemUni. Foto: Luís Gustavo Prado/Secom UnB

 

Preocupação com a extensão, autonomia universitária e democratização do acesso. Esses elementos, que hoje regem grandes instituições públicas de ensino superior, surgiram a partir da Reforma Universitária de Córdoba, que completa 100 anos em 2018. Na ocasião, será realizada a Conferência Regional de Educação Superior (CRES), em Córdoba, na Argentina.

A proximidade da data comemorativa levou o tema a ser discutido durante a programação da XVII Semana Universitária (SemUni). Em debate realizado nesta terça-feira (24), especialistas e interessados se reuniram no anfiteatro 10 do ICC.

Entre os convidados, estiveram o diretor de Ensino Superior do ministério de Educação e Cultura do Uruguai, Rony Corbo, e o coordenador de Desenvolvimento de Cooperação Técnica na Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), Leonardo Serikawa.

HISTÓRICO – A Universidade Nacional de Córdoba foi fundada em 1613, na Argentina. No começo do século XX, era considerada uma “universidade perdida”, criticada por ser apenas uma fábrica de títulos.

A insatisfação do movimento estudantil levou universitários a combateram a elite e exigirem ruptura com a Europa, modernização científica, educação laica e independência na gestão financeira e do currículo da instituição.

Diretor de Ensino Superior do ministério de Educação e Cultura do Uruguai, Rony Corbo esteve na XVII Semana Universitária. Foto: Luís Gustavo Prado/Secom UnB

 

“Basicamente, o que reivindicaram foi autonomia, liberdade de cátedra e gratuidade do ensino”, explicou Rony Corbo. Além disso, foi proposto um modelo institucional por áreas de conhecimento, mais focado no desenvolvimento de ciência e tecnologia, formato que orienta universidades até hoje.

A reforma teve alcance continental e influência em diversas instituições de ensino superior latino-americanas, chegando a reverberar nas ocupações universitárias da França, em maio de 1968. Uma das lições deixadas pelo movimento foi que a universidade deve se aproximar das demandas da sociedade.

“O que os estudantes queriam naquela época pode nos pautar hoje”, afirmou Leonardo Serikawa. “Não precisamos procurar soluções no primeiro mundo. Podemos olhar o que nossos vizinhos têm para agregar”, acrescentou.

O professor do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (CEAM) da UnB Murilo Camargo concordou, ressaltando a necessidade de “olhar o passado para enxergar o presente e o futuro”. “Darcy Ribeiro foi quem melhor interpretou as demandas herdadas pelos ideais da reforma, respondendo esses anseios por meio da Universidade de Brasília”, completou Camargo.

Professor Murilo Camargo (CEAM/UnB) conectou os legados da Reforma de Córdoba e de Darcy Ribeiro. Foto: Luís Gustavo Prado/Secom UnB

 

SUCATEAMENTO – O coordenado-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UnB, Matheus Barroso, criticou o sucateamento das universidades públicas no Brasil. Ele citou o exemplo do ex-reitor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Naomar de Almeida Filho, que pediu exoneração do cargo no fim de setembro, denunciando tentativas de desmonte.

Naomar estará na UnB nesta quinta-feira (26), às 9h, para a palestra O futuro da universidade pública no Brasil, que acontece no anfiteatro 10.

Para Paulo Vinícius Santos da Silva, representante da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), uma universidade não se faz sem a participação dos estudantes. “É necessária uma aliança que garanta a permanência da universidade. Há pessoas tentando destruí-la”, alertou.

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