CONSUNI

 

No dia 10 de outubro de 1973, Honestino Guimarães foi sequestrado por agentes do Estado brasileiro. Desde então, Honestino é um desaparecido político. Seus crimes, de acordo com a documentação produzida pela própria Ditadura Militar, eram participar e liderar mobilizações estudantis, manter a UNE em funcionamento clandestino e atuar numa organização de resistência contra a ditadura.

A história de Honestino está imbrincada na história da Universidade de Brasília. Ele era presidente da Federação dos Estudantes da Universidade de Brasília em 1968, ano de intensas manifestações populares e da invasão policial-militar ao campus, em agosto, a pretexto justamente de se prenderem líderes estudantis. Honestino foi expulso da UnB no mesmo Ato em que José Carlos de Almeida Azevedo era nomeado como vice-reitor e interventor militar na universidade. Entre 1968 e 1973, fugindo de uma condenação injusta e desmedida, Honestino viveu na clandestinidade, mantendo sua atuação política. Os anos que se seguiram a 1968 viram uma UnB cada vez mais cercada, monitorada, reprimida – não sem contar, é claro, com as colaborações eventuais de membros da comunidade universitária à Ditadura Militar.

Honestino continua desaparecido até hoje, cinquenta anos depois. O crime cometido pela ditadura continua, assim, assombrando o presente de uma frágil e ameaçada democracia. É dever da Universidade de Brasília denunciar essa situação e envidar esforços para esclarecer um crime continuado, um crime ainda não resolvido e que ainda é sentido por familiares e amigas de Honestino, por todas as pessoas que almejam uma democracia efetiva para nosso país.

 

Brasília, 17 de novembro de 2023

Conselho Universitário

Universidade de Brasília