OPINIÃO

Rafael Amaral Shayani é professor do Departamento de Engenharia Elétrica, da Universidade de Brasília. Doutor em Engenharia Elétrica pela UnB. 

Rafael Amaral Shayani

 

Professores têm um papel muito nobre na sociedade. Muito mais do que transmitir conhecimento, são responsáveis por formarem cidadãos reflexivos, que considerem contextos sociais, culturais, econômicos e políticos em sua vida profissional, que atuem de forma coerente com Direitos Humanos e valores humanizadores, tais como a dignidade, a liberdade, a igualdade, a justiça, a paz, a autonomia, o coletivo, entre outros, e que participem no desenvolvimento da sociedade brasileira com compromisso social, ambiental e ético. Mas como desenvolver essas características nos estudantes?

A geração dos atuais estudantes não pensa da mesma forma que a geração dos professores. Atualmente, com todo o conhecimento da humanidade disponível na internet, os alunos se interessam cada vez menos por aulas expositivas. O próprio professor fica desmotivado ao perceber que poucos alunos efetivamente prestam atenção às suas aulas expositivas, tão carinhosamente preparadas.

Por outro lado, a atual geração de estudantes busca justiça social e possui uma preocupação ambiental muito mais aflorada do que a geração dos professores. Os alunos anseiam por deixar sua marca no mundo, resolver grandes problemas da humanidade, mas muitas vezes não entendem como o conhecimento teórico obtido em sala de aula podem ajudá-los nessa jornada.

Esse é um cenário que está implorando por inovações educacionais. De um lado, estudantes ansiando por resolver grandes problemas da sociedade; de outro, professores que precisam contextualizar a teoria ensinada em sala de aula. Parecem duas peças de quebra-cabeça que se encaixam perfeitamente. Trata-se de uma grande oportunidade para a adoção, nas disciplinas, de metodologias de aprendizagem ativa baseada em projetos.

O ser humano é nobre por natureza e fica feliz ao promover a melhora do mundo. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU apresentam temas nobres que podem ser trabalhados em disciplinas de todos os cursos, por meio de metodologias de aprendizagem ativa baseada em projetos. Neste novo arranjo didático, a extensão universitária surge como uma forma de aproximar o estudante da sociedade, para que possa ver o problema com seus próprios olhos, ouvir a voz da sociedade com seus próprios ouvidos e entender o problema com sua própria compreensão. Esta experiência extensionista prepara os estudantes para serem profissionais que atuarão com justiça e consciência social, ambiental e ética.  

A extensão universitária não é mais uma coisa que os professores devem fazer. Trata-se de uma inovação educacional, a qual traz mais motivação aos estudantes e soluções para a sociedade.  

A motivação do estudante é peça-chave no ensino! Os professores devem chamar os estudantes a “cuidar zelosamente das necessidades da era em que vivem e concentrar vossas deliberações em suas exigências e seus requisitos” (Bahá’u’lláh, 1817-1892). Um aluno motivado demonstra paixão pelo aprendizado e estuda com alegria e afinco! A extensão pode gerar esta motivação!

 

 

 

 

 

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