OPINIÃO

Yann Amoussou é do Benim, professor de francês e formado em Relações Internacionais pela UnB. Fundador do site de notícias Afroapaixonados, coordena o projeto África nas Escolas e é dono da Roupasafricanas.com e staryann2@gmail.com.

Yann Amoussou

 

É de conhecimento geral que o mundo é composto por seis continentes. Um deles concentra 1/7 da população mundial e é o segundo em dimensão territorial. Estou falando da África.


A história da África é incrivelmente densa começando pela descoberta do fóssil mais antigo registrado, passando pelas incríveis civilizações e reinos que revolucionaram a história da humanidade ou ainda pelo processos de escravidão, de colonização e de remapeamento.


São tantas informações que ficaria impossível expor todos esses elementos num dia só. Afinal, por que comemorar e compartilhar conhecimentos sobre a África apenas no dia 25 de Maio se podemos fazer isso uma semana inteira?E o que seria mais autêntico do que receber essas informações de nativos do próprio continente?

 

Foi pensando nisso que a Semana da África foi instaurada na UnB - Universidade de Brasília.


Nas próximas linhas, vou explicar como funciona a Semana Africana e vou expor minha opinião de ex-aluno da instituição sobre os eventos que aconteceram durante esse evento.

Antes de falar da Semana da África, acho importante apresentar para vocês o programa que permite a organização deste evento.

Conhecido como Programa de Estudantes – Convênio de Graduação – , o PEC-G viabiliza a formação no ensino superior para cidadãos de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordos educacionais e culturais. Esse programa é uma parceria entre os ministérios das Relações Exteriores e da Educação e as universidades públicas -federais, estaduais e particulares As notas gerais do ensino médio e do secundário dos alunos influenciam bastante na escolha dos participantes. Os países africanos que participam do PEC-G são 29. Isso explica a presença dos alunos africanos na UnB.


Agora que sabemos de onde vem a iniciativa, vamos falar da Semana em si.

 

A priori, várias tentativas de divulgação das culturas africanas foram feitas ao longo dos anos, mas esse novo formato de semana da África começou em 2018 quando alguns alunos africanos aproximaram-se da Secretaria de Assuntos Internacionais (INT) para sugerir a organização de eventos que permitissem uma melhor visibilidade do continente africano. O objetivo era criar atividades que desmistificassem e desconstruissem os preconceitos comumente repassados sobre a África, ajudando a conhecer as realidades pelo olhar de nativos, bem como retribuir o acolhimento recebido pela comunidade africana dentro da universidade. O lema escolhido era: "A África não é um país".

 

Esse pedido crescente foi aceito pelo então responsável pelo PEC-G, Rogério Almeida, que prontamente se dispôs a auxiliar na organização de todos os alunos envolvidos e não mediu esforços para tornar o evento possível.

 

As edições anteriores da Semana da África foram compostas de várias atividades que contaram com oficinas de tranças, palestras, desfiles de modas, ensaios, danças africanas, feiras, entre outras. Vários palestrantes como professores renomados,pesquisadores, historiadores além dos próprios alunos africanos apresentaram temas ligados aos 54 países africanos sem esquecer de ligá-los ao Brasil. O desfile de moda e os ensaios trouxeram um empoderamento que relembra a realeza africana mas também remete a imensa diversidade cultural. Quem participa da Semana costuma sentir essa imersão e os feedbacks são sempre positivos.

 

Um último ponto que não pode ser esquecido é a questão gastronômica. No dia 25 de Maio, dia da África, o Restaurante Universitário adota uma nova cara, tanto com o vestuário dos funcionários que usam estampas típicas quanto no próprio cardápio que é composto por pratos típicos e pode ser saboreado por toda a comunidade acadêmica.

Portanto, pode-se dizer que a Semana da África surgiu da vontade dos alunos africanos do PEC-G de compartilhar as vivências e informações relacionadas à África. O conjunto de eventos costuma parar a UnB e a programação pensada pelos estudantes busca mostrar tudo o que o continente tem de bom a oferecer. A experiência é única e quem participa acaba sempre aprendendo, pois todas as atividades são interativas e atendem a todos os gostos. Como ex-aluno da UnB e participante do comitê de organização das últimas edições, sinto-me honrado em poder compartilhar esse momento com vocês e gostaria de convidá-los encarecidamente a participarem. Garanto que não vão se arrepender!

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