OPINIÃO

Eloisa Pilati é professora do Instituto de Letras e Diretora de Planejamento e Acompanhamento Pedagógico das Licenciatura (Dapli) do Decanato de Ensino de Graduação (DEG)

Eloisa Pilati

 

Em 15 de outubro celebrou-se o Dia do Professor, ótima oportunidade para nos lembrarmos da importância das professoras e professores em nossas vidas e para refletirmos sobre a situação da docência em nosso país.

 

Professoras e professores deixam marcas em nossa formação, nos ajudam a ampliar nossos horizontes, a alcançar nossos sonhos, a enxergar o mundo sob diferentes ângulos. Aprendemos, com Paulo Freire, que “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”, que somos “sujeitos-históricos” e que, nas relações educativas, a “competência técnico científica e o rigor” devem andar lado a lado com a “amorosidade”.

 

Indo além desse âmbito de compromisso pessoal e político da profissão docente, é consenso (ou deveria ser) que a qualidade na educação é fundamental para a manutenção da democracia, para a emancipação dos sujeitos e para o desenvolvimento de qualquer nação. Países considerados desenvolvidos investem muito em educação e ciência, porque sabem da sua importância para o bem estar social e para o combate às desigualdades. E, nós, educadores e educadoras, sabemos que a educação de qualidade só pode ser alcançada com investimentos perenes na formação docente inicial e continuada.  

 

A educação brasileira enfrenta recentemente uma intensificação de seus desafios históricos, tais como a enorme desigualdade social que deixa nossos estudantes em situação de vulnerabilidade, a ausência de políticas públicas efetivas para a valorização dos profissionais da educação, deixando-os sem condições dignas de trabalho e de sobrevivência, o escasso investimento em pesquisas na área, entre tantos outros. Não bastassem tais desafios, há agora necessidade de encarar os prejuízos educacionais agravados pela pandemia. Quando mais precisamos de professoras e professores com capacidade de enfrentar essas realidades, infelizmente verificamos o financiamento público da educação ser cortado em níveis absurdos.  

 

Na educação superior, segundo dados do projeto Sou Ciência, desde 2016 verificam-se baixíssimos valores de investimento nas Universidades Federais. Na educação básica, o investimento na educação caiu de 1,4 do PIB em 2014 para 0,7 em 2021 – o menor investimento da década. No que se refere às creches, a perspectiva do orçamento do MEC para 2023 é a de financiar a construção de apenas 05 creches em todo o país.

 

Em atitude totalmente contrária a esse movimento de corte de recursos e ataque à educação pública, a Universidade de Brasília tem ampliado suas ações voltadas às Licenciaturas.

 

Desde 2008, a UnB já contava com uma Coordenação de Integração das Licenciaturas, vinculada à Diretoria Técnica de Graduação, no Decanato de Ensino de Graduação (Ato da Reitoria n. 14/2008). Em 2021, para ampliar as ações voltadas para a formação inicial de professores, foi criada uma Diretoria específica para as Licenciaturas – a Diretoria de Planejamento e Acompanhamento Pedagógico das Licenciaturas – DAPLI (Ato da Reitoria 06/2021).  

 

Entre os objetivos dessa diretoria estão a garantia do espaço das Licenciaturas nas políticas da UnB, a promoção da integração entre as Licenciaturas na UnB (41 habilitações); a intensificação e a institucionalização do diálogo entre a UnB, a Secretaria de Educação, o Instituto Federal e a sociedade em geral e o fomento constante para ampliação da qualidade de formação inicial e continuada de professores, por meio de ações inovadoras e de excelência acadêmica.  

 

A DAPLI possui duas coordenações internas, a CIL (Coordenação de Integração das Licenciaturas) e a CPLic (Coordenação de Projetos especiais das Licenciaturas) e duas Comissões permanentes importantes: a Comissão Permanente das Licenciaturas e a Comissão de Estágios. Essas duas Comissões são formadas por docentes indicados pelas Unidades que têm atuado de forma incansável para garantir, aprimorar e ampliar as ações e projetos de apoio às Licenciaturas na UnB. Além dessas, há a Comissão da Primeira Infância, que busca pensar a organização do Espaço de Pesquisa em Primeira Infância em construção.

 

A fim de promover o diálogo sobre as inúmeras ações realizadas por docentes e discentes das Licenciaturas da UnB, a Dapli mantém inúmeras iniciativas, tais como: Boletim das Licenciaturas, Canal no Youtube UnB + Educação, ações nas redes sociais, realização de Fóruns das Licenciaturas, participação em editais de iniciação à docência, desenvolvimento de inúmeras parcerias com a SEEDF, ações de apoio às pesquisa sobre a primeira infância e sobre os estágios entre muitas outras (https://www.deg.unb.br/licenciaturas).

 

Nesse primeiro ano de existência, mesmo considerando os impactos da pandemia e de cortes orçamentários, docentes e discentes, reafirmando seu compromisso com a “Licenciaturas em Ação”. Edital exclusivo para a formação de professores e realizado em parceria entre Decanato de Graduação e o de Extensão. Esse edital, financiado exclusivamente pela UnB, tem entre seus objetivos a promoção de projetos pedagógicos com abordagens inovadoras para apoiar o processo de ensino e aprendizagem na educação básica; o fortalecimento da relação entre a Universidade de Brasília e as escolas públicas de educação básica, visando potencializar a formação inicial de professores da educação básica e o Incentivou os(as) licenciandos à produção e inovação de conhecimentos. O Edital já apoiou mais de 60 projetos, dos quais participaram como bolsistas centenas de futuros professores. Muito já se fez, apesar dos cortes no orçamento das universidades públicas, e há ainda muito a se fazer, pois o desafio é enorme.

 

Outra ação importante da Diretoria e de suas Coordenações é a oferta do Curso de Extensão sobre Escrita Acadêmica, que tem aberto 400 vagas a cada semestre, para que os estudantes da universidade e da comunidade aprimorem suas habilidades nessa área tão importante.

 

Voltando à influência dos grandes mestres, a UnB aprendeu com Darcy Ribeiro que deve ser uma universidade de vanguarda, capaz de pensar o Brasil como problema e como projeto. Para isso, deve estar em diálogo permanente com a sociedade, pois um projeto de país emancipado, soberano e popular não pode prescindir da universidade pública. No âmbito das universidades, a formação de professores deve ser tema de atenção e cuidado, pois, como Anísio Teixeira nos ensinou, “não pode existir democracia sem o desenvolvimento da máquina de produzir a democracia, que é a Escola Pública”.

 

 

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