OPINIÃO

Possui graduação em Sociologia pela Universidade de Brasília (1976), mestrado em Sociologia – Université de Montréal (1979), doutorado em Sociologia – Université de Montréal (1987) e pós-doutorado pelo Centre dÉtudes de la Vie Politique Française – CEVIPOF, Paris, França. Professora titular da Universidade de Brasília; Agraciada, em fevereiro de 21017, pelo Conselho Universitário da Universidade de Brasília, com o titulo de professora Emérita, em solenidade realizada em novembro de 2017.    

Maria Stela Grossi Porto

 

Nos deixou a amiga e colega professora Ana Maria Fernandes. Mesmo com todo o seu espírito de luta, o câncer acabou vencendo seu corpo. Impossível não sofrer; por ela e por seu sofrimento, por sua família, e por todos nós, seus amigos, que estamos privados fisicamente de sua companhia: sofro as saudades, sofro a ausência, sofro a dor de quantos a amavam, e que não eram poucos.

 

Como colega, convivi com Ana, desde que cheguei à UnB. A amizade e o estreitamento dos laços de afetividade foram chegando com o tempo e se instalando, com a descoberta das identidades de pensamento, com o compartilhamento de uma maneira de sentir e viver a Universidade e de trabalhar por sua consolidação institucional. Compartilho e aproprio-me da definição que dela fez nossa amiga Fernanda Sobral: Ana foi uma construtora de instituições, tanto dentro quanto fora da UnB. Sua atuação fora da UnB, na SBS, na SBPC como vice-presidente e na ANPOCS como membro da diretoria em muito contribuiu para o fortalecimento da reputação de excelência da UnB. Seus vários prêmios – desde o de Melhor tese ANPOCS, até a condecoração pela Academia de Ciência – são o justo reconhecimento por seu trabalho pela ciência no Brasil e, muito particularmente, pela sociologia; sua vida atesta a vocação constante pelo fortalecimento e institucionalização da ciência, particularmente das ciências sociais.

 

Na Sociologia, sua atuação deu-se na chefia do departamento, como coordenadora de pós-graduação e como formadora de inúmeros alunos, na graduação e na pós, espalhados hoje em diferentes instituições de pesquisa e/ou agências governamentais. Nas demais instâncias da UnB, foi decana de Pós-Graduação, reitora por um curto período, em substituição ao professor Lauro Morhy, diretora da Editora da Universidade, e diretora do CEPPAC. Por onde passou, deixou sua marca de seriedade, competência e comprometimento com a vida acadêmica.

 

Nunca chegamos a dividir a sala de aula, mas dividimos o planejamento e a estruturação de um lindo curso de Introdução à Metodologia que organizamos juntas e que nos deu grande prazer ao introduzirmos leituras e autores até então não utilizados nesta disciplina. E partilhamos, muitas vezes, os mesmos apartamentos e espaços físicos em nossas andanças por encontros, congressos e seminários no Brasil e mundo afora. Experiências que deixarão saudades.

 

Por isso mesmo é que hoje, é para a amiga até mais do que para a acadêmica Ana Maria que fico motivada a deixar este testemunho. Querida amiga Ana, hoje pela manhã, chorando por sua ausência não conseguia deixar de me lembrar de sua risada, alta, alegre e franca, de sua personalidade forte, nunca evitando dizer o que fosse para você um imperativo, ético, estético ou cientifico; ao mesmo tempo, esbanjando sua enorme capacidade de afeto, de carinho e de generosidade. Todas qualidades que agigantam, agora, a certeza da grande falta que você já está nos fazendo, mas que saberemos, com o tempo, transformar em uma doce e carinhosa lembrança. Tenha certeza de que você será, querida amiga Ana, sempre uma presença doce, forte e imprescindível para nós.       

 

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