EXCELÊNCIA

Instituída em 1993, Ordem Nacional do Mérito Científico é condecoração máxima do país a profissionais com contribuições relevantes à ciência

 

Ordem Nacional do Mérito Científico e Tecnológico foi entregue a 85 profissionais de destaque em ciência, tecnologia e inovação. Foto: Cesar Itiberé/PR

 

Três professoras da Universidade de Brasília receberam a maior honraria nacional oferecida a cientistas: a Ordem Nacional do Mérito Científico e Tecnológico. Concepta McManus e Mercedes Bustamante, do Instituto de Ciências Biológicas (IB), foram admitidas na classe Comendador e Keti Tenenblat, do Departamento de Matemática (MAT), foi promovida à Grã-Cruz.

 

Instituída pelo Decreto nº 772/1993, a Ordem Nacional do Mérito Científico possui condecorações que são oferecidas após a deliberação de uma comissão técnica, que analisa nomes indicados por instituições ligadas à ciência. Os nomes dos agraciados são divulgados em agosto e a entrega da honraria acontece em outubro. A cerimônia deste ano ocorreu na última quarta-feira (17).

 

Para a professora Mercedes Bustamante, a comenda é um reconhecimento compartilhado com alunos e docentes, da UnB e de outras instituições. “Todos com quem tive o privilégio de poder colaborar, tanto diretamente, na pesquisa, como na gestão de ciência, tecnologia e educação”, credita. Ela considera que o mérito também é da própria UnB, que ofereceu oportunidades e condições para sua atuação.

 

“Fico feliz de ter sido agraciada com duas colegas da UnB, indicando a contribuição do desempenho das mulheres na Universidade e na ciência brasileira. É importante, neste momento, apresentar à sociedade que a ciência e a universidade pública são dois pilares que sustentam as opções para melhorar o presente e futuro do país”, comenta.

 

A professora Concepta, conhecida como Connie McManus, também acredita que o reconhecimento não veio exclusivamente por sua própria atuação. “É resultado de um trabalho de muitos anos, em uma carreira construída com outros pesquisadores. Em especial com nossos alunos, que muito contribuem para que haja sucesso na ciência”, atribui.

 

Em sua visão, o prêmio torna-se ainda mais especial por serem poucas as mulheres agraciadas. “Com muita garra e luta é possível, mesmo frente aos desafios que hoje a ciência coloca para quem quer seguir em frente”, lembra a docente, que também é diretora de Relações Internacionais da Capes.

 

A GRÃ-CRUZ Aposentada em 1995, mas ainda ligada à UnB pela pós-graduação, a professora Keti Tenenblat é a agraciada de maior grau da Universidade. Docente desde os tempos de graduação, ela é de origem turca e veio para o Brasil ainda criança. “Quando estudava na UFRJ, já dava aula para adolescentes. Quando me graduei, fui convidada para dar aulas na universidade. Nunca mais parei”, conta.

Professora Keti Tenenblat é grã-cruz na Ordem Nacional do Mérito Científico. Foto: Arquivo pessoal

 

Integrante do corpo docente da UnB desde 1973, Keti foi orientadora de sete professores do MAT e de um sem número de graduandos. “É claro que fico feliz pelo reconhecimento, mas faço isso, acima de tudo, porque gosto do meu trabalho", declara, com humildade, sobre a honraria recebida.

 

Professora emérita da UnB, membra da Sociedade Brasileira de Matemática, da Academia Brasileira de Ciências, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia Mundial de Ciências (TWAS), Keti Tenenblat tem sua principal atuação na área de geometria diferencial e sua aplicação às equações diferenciais.

 

Geometria diferencial é uma área da Matemática que se originou da junção do cálculo com a geometria e tem larga aplicação na Física, Engenharia e Astronomia. As equações diferenciais relacionam funções e suas derivadas e são utilizadas para o estudo de diversos fenômenos de Física e Engenharia, por exemplo.

 

Ao relembrar a carreira, ela destaca a solução para o teorema de Bäcklund para subvariedades de R²n-1. “Teve muita repercussão dentro da área. Trabalhos como esse contribuem para o reconhecimento internacional da produção brasileira”, considera, ao mencionar a entrada do Brasil, pela União Internacional de Matemáticos, no grupo de elite que reúne as nações mais desenvolvidas em pesquisa matemática.

 

INSPIRAÇÃO “Me sinto inspirada por tudo que a professora Keti representa à Matemática e por sua trajetória profissional”, elogia a professora Jaqueline Mesquita, também do MAT. Em 2018, Jaqueline passou a integrar o seleto grupo da Academia Mundial de Ciências na categoria de membro júnior. Keti é membro titular da Academia.

 

“Ela tem contribuído de forma significativa para a Matemática. Tê-la como referencial é fundamental para mim, me inspiro em seus passos para poder contribuir para a divulgação da ciência, bem como estimular jovens mulheres na área”, completa Jaqueline.

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