PRÊMIO CAPES

Vencedor do prêmio de melhor tese, trabalho discute o tema a partir de diferentes teorias e ideologias

Foto: Júlia Seabra/UnB Agência

 

O trabalho Proteção social no capitalismo: contribuições à crítica de matrizes teóricas e ideológicas conflitantes da socióloga Camila Pereira acaba de receber o Prêmio Capes de melhor tese na área de Serviço Social. O trabalho foi orientado pela professora Ivanete Boschetti no Programa de Pós-Graduação em Política Social da Universidade de Brasília.

 

Segundo a autora, o estudo analisa o conceito de proteção social para diferentes teorias e ideologias. “Descobri que inexiste um conceito único”, aponta. “Vários conceitos embasam políticas mundo afora”, afirma. Para fazer o estudo, ela escolheu oito correntes teóricas e ideológicas e as agrupou em três matrizes dominantes: residual, socialdemocrata e socialista.

 

Pereira diz que a maior parte das ações posta em prática hoje em dia segue os preceitos da matriz residual. “É a ideia de Estado mínimo”, diz. “A política protetiva age como instrumento de controle e mantém o sistema capitalista funcionando sem sustos", avalia. De acordo com ela, esse modelo, nascido nos Estados Unidos, se espalhou pelo mundo e predomina também no Brasil.

 

“Na socialdemocrata, leva-se em conta direitos sociais”, destaca. “Apesar de também existir exploração nesse modelo, ele protege maior número de pessoas, que pagam altos impostos para manter bons sistemas de transporte, saúde e educação”, completa. Como exemplo dessa matriz, ela cita a Dinamarca, onde viveu cinco meses. "Pude observar como funciona na prática.”

 

Por último, ela fala da matriz socialista que vê a proteção social como contradição. A pesquisadora explica que o bem-estar total, segundo o socialismo, só seria possível em outro sistema econômico que não o capitalista. “O modelo socialista não deixa de apresentar, contudo, uma visão ideal de proteção social que é emancipatória e capaz de libertar os seres humanos de qualquer opressão.”

 

Ainda de acordo com ela, políticas, programas e projetos executados entre 1945 e 1975 na Europa foram usados como base de comparação na pesquisa. "Período em que se estabeleceu uma relação entre direitos e necessidades sociais."

 

Para a pesquisadora, estudar o tema é importante para entender os interesses que estão por trás das ações e, assim, avaliar a efetividade delas.

 

Ela defende políticas nessa área e menos preconceito sobre o assunto. "Qualquer pessoa pode vir a precisar de políticas de proteção, inclusive as voltadas para os mais pobres", observa. Para citar casos extremos, ela diz ter conhecido, em suas pesquisas, médicos, engenheiros e até um ex-diretor de banco em situação de rua.

 

A tese concorre ao Grande Prêmio Capes, que acontece no final do ano. Na ocasião, serão escolhidos os três melhores trabalhos em cada área do conhecimento: exatas, biológicas e humanas.

 

Esta é a terceira vez que uma tese do Serviço Social orientada pela professora Ivanete Boschetti ganha o prêmio. Os professores da UnB Evilasio Salvador e Maria Lucia Lopes foram premiados em 2008 e 2011, respectivamente.

 

Clique aqui para ler o trabalho na íntegra.

 

Para saber mais:

 

Prêmio Capes destaca teses da UnB

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