Pio Penna Filho
Israel já passou de todos os limites na Faixa de Gaza. Além dos intensos bombardeios que destruíram ou danificaram grande parte da infraestrutura local, o Estado de Israel há muito tempo vem restringindo o acesso dos palestinos a alimentos. Portanto, a fome virou uma verdadeira arma de guerra.
O objetivo de Israel é submeter e humilhar toda a população palestina que vive na Faixa de Gaza, eliminando o máximo de pessoas possível e forçando a migração dos sobreviventes. A única conclusão plausível para as atrocidades que estão sendo cometidas é de que Israel deseja transformar Gaza em território israelense, sem a presença ou com presença mínima de palestinos.
Encurralados numa estreita zona, os habitantes de Gaza estão sem alternativas. Estão cercados e à mercê das tropas de Israel. A ajuda humanitária é bloqueada e a distribuição de alimentos, remédios e outros itens essenciais para a sobrevivência é controlada e feita pelas tropas de ocupação.
Como sempre, os mais velhos e as crianças são os mais afetados. A fome e a desnutrição estão assumindo proporções assustadoras, com o número de óbitos aumentando sem parar. Apesar das denúncias internacionais, feitas por meio de organizações de ajuda humanitária e mesmo de vários países, Israel segue inflexível e dando sequência a uma série de violações do direito humanitário e do direito internacional.
Realmente, parece não existir limites para a brutal guerra de extermínio que os israelenses estão conduzindo em Gaza. A restrição alimentar é apenas mais uma maneira de eliminar os palestinos. Centenas são mortos por semana por meio de ataques violentos. Além disso, a precarização quase total dos serviços de saúde, resultado dos bombardeios e destruição de hospitais, associada à falta de medicamentos e profissionais capacitados, faz o número de mortos aumentar ainda mais.
A Faixa de Gaza foi transformada num verdadeiro campo de concentração. Ninguém entra e ninguém sai. Isso nos faz lembrar os horrores dos campos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. E justamente Israel, um Estado judaico, está replicando esse modelo de opressão.
É incrível como os próprios israelenses não reajam às brutalidades promovidas pelo governo de Benjamin Netanyahu contra os palestinos. Vale lembrar que, contra esse elemento, há um mandado de prisão em aberto expedido pelo Tribunal Penal Internacional. Ou seja, estamos nos referindo a um criminoso internacional. De certa forma, a população de Israel, em sua maioria, parece agir como cúmplice de um governo criminoso, tal qual a maioria da população alemã se comportou frente aos crimes nazistas liderados por Adolf Hitler.
Os crimes de Israel não se restringem apenas à Faixa de Gaza. Os israelenses já atacaram o Líbano, a Síria, o Iraque, o Iêmen e o Irã. Naturalmente, não fariam isso sem a concordância e o suporte dos Estados Unidos. Milhares de pessoas nesses países sucumbiram diante das bombas de Israel.
A utilização da fome como arma de guerra não é novidade. O que assusta é ver isso acontecendo em pleno século XXI contra uma população desarmada, sem recursos. Depois da invasão da Faixa de Gaza, veio o cerco e agora a inanição. Existe uma lógica e um objetivo político por trás de tanta maldade. Israel quer despovoar a palestina para promover sua anexação. Assim como os nazistas falharam em seu plano de extermínio dos judeus, Israel irá falhar com seu objetivo de destruir os palestinos.
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