ÓRGÃOS COLEGIADOS

Solenidade homenageou egressos da Universidade de Brasília com o título de Honra ao Mérito. Convidados e gestores destacaram momentos importantes na história da instituição

A reitora Márcia Abrahão e o vice-reitor Enrique Huelva destacaram o legado da UnB e os desafios para o futuro. Foto: Beto Monteiro/Ascom GRE

 

O Conselho Universitário (Consuni) especial em comemoração aos 62 anos da Universidade de Brasília homenageou cinco egressos com o título de Honra ao Mérito. Durante a sessão solene, a decana mais antiga em exercício, Maria Emília Walter – à frente do Decanato de Pesquisa e Inovação (DPI), – e o professor emérito José Carlos Coutinho relembraram momentos importantes da história da UnB que fizeram da instituição uma universidade pioneira e de excelência. O evento ocorreu no Espaço da Memória da UnB, antigo SG-10, na sexta-feira (26).

A celebração começou com uma apresentação do Coral da Universidade de Brasília – fundado por estudantes, em 1981 –, conduzido pelo maestro Éder Camúzis. “Parabéns à UnB pelos seus 62 anos e parabéns a Brasília, que fez aniversário de 64 anos. Essa cerimônia, neste prédio histórico, é muito emocionante. Temos dois reitores da UnB [José Geraldo e Ivan Camargo] presentes, o que demonstra a importância da continuidade da história da nossa Universidade”, comemorou a reitora Márcia Abrahão.

“A UnB criou as cotas raciais, em 2008. Depois, em 2012, tivemos que defender as cotas no Supremo Tribunal Federal (STF). E, agora, aprovamos o processo seletivo 60mais. Mais uma inovação da Universidade de Brasília. Somos uma comunidade que não aceita a perda da autonomia. É interessante ver como nossos estudantes de diferentes gerações veem a UnB e, como nós, depois de formados, carregamos essas características. Somos sempre ousados, não abrimos mão da democracia, não abrimos mão de pensar soluções para os problemas do nosso país e do nosso povo. Continuamos na luta por uma universidade inclusiva, democrática e com responsabilidade social”, destacou a reitora Márcia Abrahão.

A decana Maria Emília Walter refletiu sobre o cenário em que a UnB se encontra. “Apesar de estarmos atravessando momentos difíceis, de movimentos de docentes e técnicos, que buscam melhores condições financeiras, de trabalho e de carreira, este é um momento em que devemos celebrar a nossa instituição”, disse.

O coral da UnB recebeu os presentes com uma apresentação musical. Foto: Beto Monteiro/Ascom GRE

 

“Com todas as dificuldades encontradas pela Universidade, ao longo da história, de períodos de ditadura militar, de governos que vêm cortando recursos do ensino superior público, em nível federal, de pandemia, de ataques de certos grupos sociais ao nosso trabalho e às nossas atividades, resistimos! Resistimos e temos resiliência, de forma corajosa e atenta ao contexto que vivemos”, completou a decana.

O professor emérito José Carlos Coutinho, docente aposentado da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), salientou a atuação da Universidade de Brasília na defesa da democracia.

“Cheguei em 1968. Quando vim para cá, eu era um gaúcho. Aqui, me tornei um brasileiro. Lembro da primeira reunião do Consuni. Essa reunião, que durou quase 10 horas, terminou com a punição de estudantes que protestaram contra a ditadura. Lembro desse fato como uma das lições de civismo que se praticou nesta Universidade. O reitor daquela época não existe mais, e a Universidade é o que Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro pensaram para ela”, relatou.

A autonomia universitária e a inclusão foram os temas da fala do vice-reitor Enrique Huelva. “A autonomia só se realiza através do livre exercício da diversidade”, argumentou. Com bom humor, ele apontou desafios recentes vividos pelo Brasil. “Há um ano, por ocasião das celebrações do 61º aniversário da UnB, afirmei, movido mais pelo otimismo do que pela razoabilidade, que teríamos superado os inconvenientes geológicos de viver numa Terra plana, o temor biológico de virar algum tipo de crocodiliano após tomar uma vacina, ou os cortes de verbas decorrentes da nossa conhecida propensão à balbúrdia”, comentou, ao ponderar sobre a necessidade de as pessoas se manterem “vigilantes” a ações contra a universidade e contra a ciência.

RECONHECIMENTO – Cinco egressos da Universidade de Brasília receberam título de Honra ao Mérito – láurea concedida a ex-estudante que tenha alcançado reconhecimento nacional ou internacional. Os homenageados foram: o antropólogo Carlos Rodrigues Brandão (post mortem), o arquiteto e urbanista Cláudio Acioly Junior, a nutricionista Lucilene Maria de Sousa, o economista Marwil Jhonatan Davila Fernandes e o médico Paulo Marcelo Gehm Hoff. A reitora Márcia Abrahão, o vice-reitor Enrique Huelva e os reitores José Geraldo (2008-2012) e Ivan Camargo (2012-2016) fizeram a entrega dos diplomas.

 

Mestre em Antropologia Social pela UnB, Carlos Rodrigues Brandão, falecido em 2023, foi representado pela sobrinha Lilah Amorim. “Agradeço à Universidade de Brasília, que oportunizou essa homenagem ao meu tio”, celebrou Lilah. Carlos deixou um legado de inspiração para pesquisadores sociais de diferentes gerações, além de uma vasta obra dedicada às comunidades do campo e à educação popular. A viúva de Carlos, Maria Alice Brandão, também agradeceu à Universidade. “Carlos partiu, mas tenho certeza que ele está no meio de nós, muito feliz e cheio de amor.”

Especialista em habitação, urbanização de favelas, e gestão do desenvolvimento urbano, Cláudio Acioly Junior tem mais de 40 anos de experiência. Ele atuou em cerca de 30 países e é professor associado ao Lincoln Institute of Land Policy, em Massachusetts (EUA). “Foi a UnB que me proporcionou esse ambiente fértil, saudável e estimulante para me desenvolver como profissional e cidadão. Sou muito orgulhoso por ter lutado pelas liberdades democráticas, pela qualidade da educação”, afirmou o homenageado, em vídeo transmitido durante o evento. Claudio, que mora fora do país, foi representado pela mãe, Teresinha Accioly. “Aqui, ele aprendeu a ter opiniões próprias”, disse Teresinha, ao receber o diploma em nome do filho.

Lucilene de Sousa alcançou o reconhecimento nacional e internacional por participar de projetos de pesquisa e extensão voltadas para a saúde pública. Formada em Nutrição pela UnB, hoje é diretora executiva da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG). “Pisar na UnB é reviver uma história de vitória. Vim da zona rural. Vivi intensamente o que é a Universidade: morei na Casa do Estudante (CEU), fiz minhas refeições no Restaurante Universitário (RU), estudava na Biblioteca Central (BCE). Hoje, como educadora, levo a bandeira da educação que transforma, que traz oportunidades”, descreveu.

O economista, professor e pesquisador da Universidade de Siena, na Itália, Marwil Fernandes, também foi um dos egressos que receberam a Honra ao Mérito no Consuni especial. “Lembro com muito orgulho e com muito carinho dos anos que passei na Universidade de Brasília”, disse, em vídeo. Residente fora do Brasil, ele foi representado pelo docente da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão de Políticas Públicas (Face) José Luis da Costa Oreiro.

Por fim, o médico e membro da Academia Nacional de Medicina Paulo Gehm Hoff recebeu a homenagem pela atuação na consolidação de instituições de apoio ao tratamento e pesquisa sobre o câncer. “É muito bom participar da comemoração dos 62 anos da UnB. Todos nós queremos contribuir com o avanço do Brasil. A UnB nos ensinou muitas coisas além da prática da medicina”, ressaltou.