Peça: Relógios de Areia - experimento Woyseck


ADUnB 20:00 - 00:00:00 23/11/2018 - 24/11/2018
Relógios de areia – experimento Woyseck remete à figura do bíblico profeta Jonas, metamorfoseado em mula do tráfico, revisitando os recônditos do seu medo ancestral – a baleia –, invocando-a polissemicamente. O texto de Maria Shu foi apresentado no XV Quartas Dramáticas – Incômodos e, agora, ganha encenação que aprofunda as metáforas textuais-cênicas, desdobra as duas personagens centrais, Jonas e Baleia,  e explora com sonoridades, o pictórico e o poético num escoamento contínuo de pó e gritos. 
 
Sobre o texto de Maria Shu: 
Travestida em troca dialógica, a narrativa poética reúne, no início, Jonas e a baleia. Aproveitando a ressonância bíblica dos nomes, a dramaturga Maria Shu desencadeia um rico processo de associações entre o ato de engolir, antropofágico, e o desmembramento corporal do estivador no acidente de trabalho, a devoração dos filhos por figuras míticas como Cronos (...). Participam da mesma cadeia associativa as barrigas de aluguel do mais recente comércio do corpo feminino, a caça de baleias prenhes, a refeição do marinheiro que engole dissabores. (...) É visível que o texto se constitui numa espécie de problematização do processo dramático, dando margem a que a autora experimente variados exercícios de sobreposição de máscaras. (Sílvia Fernandes)
 
 
Peça: Relógios de Areia - experimento Woyseck