OPINIÃO

Adauto João Pulcinelli é professor adjunto na Faculdade de Educação Física (FEF) da UnB. É doutor em Ciências da Saúde pela UnB.

Adauto João Pulcinelli

 

No dia 9 de outubro comemora-se o Dia do Atletismo, um dos esportes mais antigos do mundo. Sua origem data dos Jogos Pan Helênicos de 776 a.C. na Grécia, onde, diante de uma plateia que avaliava as qualidades dos atletas, eram realizadas competições de corridas a pé, saltos, arremessos de disco, dardo, provas combinadas, entre outras. Conhecido como o “esporte-base”, pois utiliza movimentos primários como correr, andar, saltar e arremessar, o atletismo testa a resistência física e habilidades do ser humano e conta a história esportiva do homem no planeta.

Muitos países dão importância à modalidade como meio de formação de crianças e jovens, sendo conteúdo da educação física escolar, pois, além de proporcionar vivências e experiência básicas fundamentais para o desenvolvimento motor, o atletismo serve de base para o aprendizado de outras modalidades. No Brasil, este esporte muitas vezes é ignorado pelos professores de educação física escolar sob alegação da falta de espaço físico e materiais adequados. Isto tem levado muitos estudantes a desconhecerem o atletismo. Num estudo de Sampaio e Silva (2014) com 56 alunos matriculados na disciplina Fundamentos do Atletismo (27 do curso de Bacharelado e 29 do curso de licenciatura em Educação Física), apenas 15 (27%) tiveram contato com o atletismo no período escolar que antecedeu a Universidade, enquanto os 41 restantes (73%) nunca tiveram contato com a modalidade.

No Brasil, a iniciação esportiva de crianças e jovens, na maioria dos casos, ocorre nos clubes, e o sucesso deste modelo necessita de uma massa de praticantes, onde é possível identificar àqueles com talentos relacionados ao desempenho esportivo. Se o número de praticantes não for mantido em longo prazo, a etapa seguinte (especialização) poderá ficar prejudicada e o modelo não funcionará adequadamente.

Historicamente o Brasil formou grandes nomes no atletismo mundial, mas, para que novos talentos continuem sendo revelados, é necessário oferecer oportunidades de práticas esportivas e, acima de tudo, promover e fomentar uma cultura de valorização do atletismo na escola, melhorar interação clube-escola, tendo como agente deste processo o professor de educação física, personagem identificado por atletas da atualidade como um dos coautores nas “primeiras letras” no esporte e condutor na transição do estágio de iniciação para o estágio da especialização esportiva.

Importante destacar que nos processos de iniciação esportiva, a criança não deve ser confundida com um adulto (ou atleta) em miniatura, pois ela tem características psicofísicas diferentes. Assim, o atletismo escolar não deve reproduzir os exercícios e métodos de treinamento dos atletas de elite, pelo contrário, deve ser praticado na forma de atividades pedagógicas que contemplem jogos lúdicos e competitivos que proporcionam manifestações de ações motoras básicas do ser humano, como correr, saltar, lançar e arremessar, não necessitando, portanto, de instalações e equipamentos complexos.

No âmbito da UnB, nesta data é oportuno homenagear o saudoso professor da Faculdade de Educação Física (FEF) Mario Ribeiro Cantarino Filho, pioneiro e grande incentivador do atletismo no Distrito Federal. Pela sua dedicação ao esporte, o novo Complexo de Pistas de Atletismo da FEF/UnB, recentemente inaugurado, leva merecidamente o seu nome. Também é preciso parabenizar o professor aposentado da SEEDF Raimundo Tadeu Martins Monteiro, cedido à FEF de 2003 a 2011, que foi treinador nas Paralimpíadas de Sidney em 2000 e auxiliar técnico da Seleção Brasileira Paralímpica em Londres 2012. Como professor na FEF, destacou-se pelo seu conhecimento, carisma, bom humor e habilidades na construção de materiais e equipamentos de treino utilizados por seus atletas e paratletas. Pela sua trajetória dentro do atletismo, o professor foi agraciado em 2022 com Prêmio Boas Práticas em Educação Física, concedido pelo Conselho Regional de Educação Física da 7ª Região, DF.

Vida longa ao atletismo brasileiro. Parabéns!

 

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