OPINIÃO

Gláucio Castro Júnior é professor associado e pesquisador do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas (LIP/IL). É o primeiro doutor surdo em linguística pela UnB.

Gláucio Castro Júnior



O mês de Setembro é um período especial para a Comunidade Surda e para todos aqueles que estão comprometidos com a promoção da efetiva inclusão e conscientização sobre as pessoas Surdas. É durante este mês que celebramos o "Setembro Azul," uma iniciativa global que visa destacar e promover a compreensão e a aceitação das pessoas Surdas em nossa sociedade.

O Setembro Azul é uma oportunidade para focarmos em vários aspectos importantes. É uma ocasião para celebrar a rica cultura Surda e as línguas de sinais. A língua de sinais é uma forma de comunicação vibrante e expressiva que é vital para muitas pessoas Surdas em todo o mundo. Reconhecer a língua de sinais, como a Libras como uma língua legítima é um passo crucial para a visibilidade, isonomia e a igualdade de oportunidades em relação aos não-surdos.

Além disso, o Setembro Azul também nos lembra da importância de promover a Acessibilidade. Isso inclui a disponibilidade de intérpretes de língua de sinais em eventos acadêmicos, a promoção da Libras em diferentes espaços, a acessibilidade em sites e aplicativos, dentre outras ações. A acessibilidade é fundamental para garantir que as pessoas Surdas tenham igualdade de oportunidades em todas as áreas da vida.
 
Outro aspecto relevante é a conscientização sobre as questões de saúde auditiva. Durante o Setembro Azul, é importante lembrar que a surdez pode afetar pessoas de todas as idades, e a prevenção e o diagnóstico precoce de problemas auditivos são cruciais. A educação sobre a importância da saúde auditiva e o acesso a serviços de qualidade são elementos essenciais para melhorar a qualidade de vida das pessoas Surdas.

O Setembro Azul é uma oportunidade para abordar questões sociais e culturais que afetam a Comunidade Surda, como o capacitismo, o estigma e os desafios enfrentados na educação e no mercado de trabalho. A conscientização gerada durante este mês pode ajudar a mudar atitudes e promover uma sociedade mais inclusiva e acolhedora.

No dia 26 de setembro, comemoramos no Brasil o Dia Nacional do Surdo, data oficializada por meio da Lei nº 11.796 de 2008. Essa data foi escolhida em homenagem à fundação da primeira escola para Surdos do Brasil, o INES (Instituto Nacional de Educação para Surdos), em 1857, no Rio de Janeiro. É uma data dedicada a reconhecer a importância das pessoas Surdas, sua cultura, história e luta por direitos e a efetiva inclusão. Esta ocasião não só celebra as conquistas dos Surdos, mas também destaca a necessidade premente de mais representatividade Surda e o princípio central: "Nada sobre nós, sem nós."
 
A Representatividade Surda, principalmente em espaços de gestão é essencial para garantir que as políticas, práticas e decisões que afetam a comunidade Surda levem em consideração suas necessidades e perspectivas únicas. O princípio "Nada sobre nós, sem nós" destaca a importância de incluir a voz das pessoas Surdas em todas as discussões e decisões relacionadas a elas, queremos como pessoas Surdas estar envolvidas no planejamento, nas decisões, nas ações e nas políticas que podem impactar e mudar como um todo. Isso significa que as políticas sociais, educacionais, culturais e de saúde devem ser desenvolvidas em colaboração com as pessoas Surdas, considerando suas opiniões e experiências.
 
O Setembro Azul nos convida a refletir sobre como podemos apoiar a Comunidade Surda durante todo o ano, promovendo a igualdade de oportunidades, respeitando a diversidade artística, cultural, histórica e Linguística. É importante trabalharmos juntos para construir espaços onde todas as vozes sejam valorizadas. Vamos aproveitar este mês para aprender mais sobre a pessoa Surda, conhecer a Cultura Surda e as perspectivas dos servidores Surdos da UnB, bem como dos alunos Surdos da graduação e pós-graduação da UnB e fazer a diferença em nossa comunidade acadêmica, garantindo que o azul de setembro brilhe como um símbolo de efetiva inclusão e representatividade.

 

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