OPINIÃO

Maria Hosana Conceição é química, professora da Faculdade de Ceilândia. Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação-PPG PROFNIT/ UnB.  

 

 

 

Maria Hosana Conceição


Os 60 anos da Universidade de Brasília (UnB), comemorados em 2022, ainda estão em nossas atuações, sejam nas ações das Unidades Acadêmicas e de Gestão, sejam nos editais de fomento dos decanatos da UnB. Por exemplo, estamos com as inscrições abertas, para o Edital do Decanato de Graduação (DEG/UnB), intitulado Prêmio Anual de Inovação no Ensino de Graduação da Universidade de Brasília, que tem como objetivo,  reconhecer e valorizar práticas pedagógicas inovadoras, em nível de graduação, que contribuam para modernização e democratização do processo de ensino-aprendizagem, pautadas nas demandas contemporâneas no campo da educação superior e no desenvolvimento do pensamento crítico e da construção coletiva.  

Esse tema atual das Tecnologias e Inovação no Ensino nos remete ao início dos anos 80, quando a UnB completava seus 20 anos, e os inventores Jaswant Rai Mahajan e Hugo Clemente de Araújo; professores, que participaram da  fundação do Instituto de Química (IQ/unB), que também comemorou o seu sexagenário, foram valentes e depositaram no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) a sua descoberta, uma Patente de Invenção (PI) intitulada Processo de Preparação de Oxabicicloalquenos.  

Naquele ano de 1982 a UnB, ainda, não dispunha da equipe técnica do Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CDT/UnB), hoje, também, chamado de Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT/UnB), para orientar na escrita da patente. Assim, os inventores não pouparam esforços e motivação e buscaram ajuda na Secretaria da Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo para a escrita da patente e o seu depósito, no INPI, com o número PI 8108582, em 30/12/1981 e, nove anos depois, em 25/10/1988, receberam a expedição da carta da patente.  

Mas não se tratou somente do depósito e da concessão da PI, foi muito além disso, em 1983, o professor Mahajan e o professor Hugo Clemente, foram agraciados com o Prêmio Governador do Estado, no XI Concurso Nacional do Invento Brasileiro, emitido pela Serviço Estadual de Assistência aos Inventores [SEDAI], São Paulo, pela invenção. A PI “Processo para Preparação de Oxabicicloalquenos”, trata-se de compostos que somam de 15 a 17 átomos no sistema bicíclico e que são importantes matérias-primas para as sínteses de almíscares lactônicos. Os inventores colaboraram com as pesquisas da UnB, nos anos 80, com o desenvolvimento de um processo de preparação de oxabicicloalquenos, com rendimento de 90% a 93%,  envolvendo a adição controlada de enaminas cíclicas às cetonas e aldeídos insaturados. Assim, o caráter inovativo se deu nas etapas seguintes das reações que ocorreram, in situ, resultando numa maior economia e eficiência do processo da síntese.  

É importante alinhar a invenção dos pesquisadores do IQ/UnB ao tema da UnB “Futuro é Agora”, principalmente, porque o Futuro de Agora pode estar espelhado nas importantes invenções ocorridas, ainda, no período da construção da UnB. Por exemplo, nos anos 80, tínhamos os periódicos para consulta na Biblioteca Central (BCE/UnB)e os reagentes no almoxarifado do IQ para os trabalhos na bancada do laboratório de Síntese Orgânica que os possibilitou fazer a invenção e a inovação.  Por outro lado, hoje já contamos com as ferramentas tecnológicas, de inteligência artificial (IA), para nos auxiliar nos cálculos das melhores rotas sintéticas dos compostos orgânicos, por exemplo, e diminuir o retrabalho. Assim, nos dias de hoje podemos elaborar um Manual Tecnológico, no formato de um e-book ou, até mesmo, podemos preparar uma aula no Power Point com a ajuda da IA das plataformas do Office 365 (O365), ou, ainda, construir uma equipe no Teams e tantas outras tarefas inovadoras na Universidade.


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