OPINIÃO

Eduardo Oliveira Soares é doutor em Arquitetura e Urbanismo e servidor da Universidade de Brasília. https://linktr.ee/eduares

Eduardo Oliveira Soares 

 

Além da comunidade da Universidade de Brasília que frequenta seus campi constituídos de concreto e de farta vegetação, a UnB também está presente no ciberespaço, onde, por meio de tecnologia de ponta, computadores e, principalmente, pessoas se conectam gerando informações e narrativas. As redes sociais são parte desse desdobramento para além do mundo material.

 

O Instagram é uma das principais redes sociais da atualidade. Nele, os perfis relacionados à Universidade de Brasília, como parte de um desdobramento do mundo tátil, constituem um espaço em que há incessantes postagens que criam narrativas a serem curtidas, respondidas, replicadas, debatidas. Como de praxe em locais dedicados à formação universitária, sua influência transborda os limites físicos, disseminando-se para além dos seus campi ou da cidade em que está localizada.

 

As polifônicas, fragmentárias e efêmeras narrativas das redes sociais registram o cotidiano universitário, os espaços físicos, a estrutura organizacional, os processos internos, os momentos de lazer, as contradições, as conquistas que dizem respeito à UnB e à sua comunidade. Em pesquisa realizada em março de 2023, verificou-se que, no Instagram, há 530 perfis relacionados à UnB. Há tanto os institucionais, quanto os de associações e demais atividades universitárias.

 

O total de seguidores das contas no Instagram relacionadas à UnB supera o número de um milhão. Mesmo considerando que um mesmo usuário pode seguir várias contas, essa quantidade indica a grande capacidade de articulação em uma rede social em prol de assuntos da Universidade. As dez contas com maior número de seguidores são: @unb_oficial; @unbsincera; @unbpaquera; @bceunb; @unbtv; @unbemes; @unbdormidos; @unbidiomas; @extensaounb; e @dceunb.

 

Uma informação relevante a respeito dos perfis é que não basta “seguir” para ter acessos às postagens. É o algoritmo, um dispositivo gerenciado por meio de Inteligência Artificial, que define o que será mostrado a cada usuário. Essa curadoria, porém, nem sempre parece lógica ou inteligente, podendo passar a sensação de que “agora a minha história é um denso algoritmo” (Anjos Tronchos, 2021) que flui sem o meu controle. Dentre algoritmos e experiências aparentemente reais a sociedade atual vai reinventando formas de ver e de registrar as cidades.

 

Ao visualizar cada perfil no Instagram percebe-se um modo de narrar e de interagir na porção virtual da Universidade de Brasília. Navegar por essa comunidade virtual permite que se descubram várias atividades e vários vínculos que, no dia a dia, talvez não estejam tão evidentes. 

 

A força e a especificidade das narrativas nas redes sociais estão relacionadas com a multiplicidade de autorias, abordagens, temas, formas. O conteúdo caleidoscópico, muitas vezes caótico, dá legitimidade para que cada internauta selecione, contextualize e assimile o seu conteúdo de maneira profundamente individualizada.

 

A versão completa da pesquisa que abordou essas questões está publicada no artigo @redesunb As polifônicas, fragmentárias e efêmeras narrativas sobre a Universidade de Brasília no Instagram. Como parte do processo de elaboração desse estudo sobre a presença da UnB nas redes foi criado um perfil (conta) no Instagram, denominado @redesunb. O objetivo dessa conta foi seguir o maior número possível de perfis relacionados à UnB.

 

Uma instituição do porte e da complexidade da UnB têm várias feições e narrativas. As redes sociais permitem que a sociedade elabore várias delas. Se o denso algoritmo permitir, nos encontraremos por lá.

 

 

 

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