OPINIÃO

Caio Frederico e Silva é diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília. Doutor pela UnB e Arquiteto e Urbanista pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Coordenador do Laboratório de Sustentabilidade Aplicada à Arquitetura e ao Urbanismo (LaSUS/UnB) e pesquisador colaborador do Critical Landscapes Design Lab (GSD/Harvard University).

Caio Frederico e Silva

 

A Universidade de Brasília respira arquitetura. O campus Darcy Ribeiro provoca uma relação tão aberta com a cidade de Brasília que arranca suspiros de quem visita a nossa cidade, a nossa Universidade e a nossa escola. Somos a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), nascida junto à Universidade de Brasília, e que está localizada no coração do campus, na ala norte do Instituto Central de Ciências, o nosso minhocão.

Em 21 de junho de 2021 a nova direção da FAU foi empossada. Abraçamos a responsabilidade e o compromisso de contribuir com a formação das novas arquitetas e novos arquitetos da UnB. A cerimônia de posse ocorreu pela primeira vez na própria estrutura da Faculdade, desta vez, no recém inaugurado auditório prof. Jayme Golubov, que homenageou o antigo professor de expressão e representação, que é também autor de uma obra que fica instalada no edifício da reitoria.

Neto de pioneiro da construção de Brasília, sempre fui impregnado pelo recado que Brasília passou ao país: lugar da arquitetura, da invenção e das oportunidades. Meu avô Wenceslau, filho de quilombola do interior do Piauí, foi mestre de obras da construção de Brasília, e que, ao voltar para Teresina, assumiu projetos ousados como a Igreja da Vermelha, que hoje encontra-se em processo de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan). Ele me fez respirar arquitetura e Brasília desde cedo.

A missão da diretoria da FAU, é, portanto, possibilitar que os novos arquitetos e as novas arquitetas continuem se inspirando pelas paisagens de Lucio Costa, pela pedagogia de Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira e pelas invenções de Niemeyer. Para isso, a nova gestão da FAU traz cinco eixos para conduzir a Faculdade pelos próximos quatro anos: instituição, formação, cultura, infraestrutura e diversidade.

No eixo instituição, reafirmamos nosso compromisso com a ética e a transparência em todas as ações empreendidas no cargo, contando com o apoio e a participação de todos nessa boa relação institucional. Pretendemos fomentar a articulação da FAU com os seus alunos, ex-alunos, professores aposentados, entidades de classe e a Administração Superior. Uma FAU forte, parceira dos estudantes, dos professores, dos técnicos, e parceira da UnB.

No eixo formação, pretendemos planejar uma reforma curricular qualitativa a partir da atuação recorrente e propositiva do Núcleo Docente Estruturante com forte atuação dos três departamentos desta Faculdade, compreendendo os desafios geracionais e tecnológicos impostos. Nossa intenção é tornar a curricularização da extensão uma boa prática de formação, engrandecendo a formação na FAU e da UnB.

No eixo cultura, destacamos a sua importância para a formação das futuras arquitetas e futuros arquitetos. A FAU é um polo de cultura desta Universidade e precisa se reencontrar com as exposições, os Projetos de Extensão de Ação Contínua, e a promoção e participação de atividades de cultura dentro e fora da Universidade.

No eixo infraestrutura, pretendemos reabilitar os espaços da FAU e nos aproximarmos da Secretaria de Infraestrutura e do Centro de Planejamento Oscar Niemeyer (Ceplan), que já fez parte da FAU, para que juntos, possamos ser referência no ICC. Pretendemos também fortalecer os centros existentes como o CPAB, Cediarte e o LabZERO.

No eixo diversidade, precisamos construir na FAU um ambiente saudável em que todas as pessoas tenham oportunidades iguais de crescimento e desenvolvimento, independentemente de sua origem, gênero, raça ou qualquer outra característica. A diversidade é uma riqueza que deve ser valorizada e respeitada dentro e fora desta Faculdade e desta Universidade. Neste sentido, pretendemos viabilizar o vestibular indígena para esta escola, valorizando os saberes dos povos originários.

Acreditamos que as portas abertas da FAU, torne-se, para além da metáfora, um bom hábito, onde os futuros arquitetos e urbanistas que serão responsáveis pela construção de um futuro mais sustentável, belo e mais humano, tenham aprendido nos corredores do minhocão (ICC) as lições basilares para a sua vida profissional, onde a Universidade de Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira, Oscar Niemeyer e Lelé sejam inspiração contínua. Afinal, Brasília é uma cidade de portas abertas.

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