OPINIÃO

 

Claudia Padovesi Fonseca é professora associada da Universidade de Brasília (UnB), líder do Núcleo de Estudos Limnológicos (NEL) – CNPq, mestre e doutora em área de Limnologia pela Universidade de São Paulo (USP). Realizou pós-doutorado na Universidade de Paris Pierre e Marie Curie, na França, e na Universidade de Granada, na Espanha.

Cláudia Padovesi Fonseca

 

“...poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.”

(Alberto Caeiro)

 


Aos 05 de junho celebramos o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data foi referente à abertura da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Humano em 1972, Estocolmo, Suécia. Junto houve a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente-Pnuma para planear diretrizes em usos sustentáveis e conservação ambiental.


A harmonia e a sustentabilidade são dizeres antigos e usados até hoje como pilares de uma sociedade no uso dos recursos ambientais. O lema idealizado diz que a Terra é a nossa única casa, e seus recursos ambientais são finitos e devem ser preservados pela humanidade.


A pandemia nos colocou em xeque atitudes dormentes e viáveis no tocante de uma vida sustentável em harmonia com a natureza. Uma delas é o partilhar de espaços e ações ambientais coletivas. Essas ações conferem ferramentas a serem usadas em defesa de direitos coletivos. Parte do princípio de que os efeitos gerados de degradação ambiental é tema de interesse planetário.


O equilíbrio entre o uso da humanidade dos recursos ambientais e a existência de mecanismos capazes de assegurar a sua preservação, ainda é uma tarefa árdua e complexa. A busca do ambiente ecologicamente equilibrado, e ao mesmo tempo de uso sustentável para a humanidade, requer responsabilidade ativa e meios que viabilizem a execução da demanda ambiental. A Carta Magna brasileira trata o meio ambiente como um direito fundamental, com seus mecanismos de defesa para assegurar a sobrevivência humana atual e de futuras gerações.


Água é um recurso essencial à vida. O solvente universal, a humanidade a usa e depende dela sob diversas formas, os chamados recursos hídricos. A água se enquadra como recurso renovável, a partir da sua constante reposição por meio das chuvas. Entretanto, a capacidade de se recompor está limitada pela sobrecarga de uso, bem como à deterioração de qualidade. Com as atividades humanas, o ciclo hidrológico recebe sobremaneira resíduos diversos, como lixo e esgoto, o que altera sua qualidade ao longo de seu curso. Muitas vezes, pode não ser capaz de absorver carga poluidora, e com isso, há sérios problemas ambientais, tanto curto como de longo prazo.


Em consideração à manutenção da boa qualidade aquática, bem como de sua disponibilidade, deve existir um gerenciamento na exploração e nos usos dos recursos hídricos da humanidade. Na medida que a água é essencial para o desenvolvimento humano e a sustentabilidade do planeta, devemos equacionar as necessidades e os diversos usos da água.


O Brasil possui um elevado deflúvio, com 12% de água doce planetária. Entretanto, a sua disponibilidade é desigual no país, tanto devido a diferenças naturais de clima, bem como à deterioração da qualidade por atividades humanas. Enquanto a região do nordeste vive uma crise hídrica permanente devido às condições climáticas, a região amazônica tem altas disponibilidade de água, apesar de boa parte da população não ter acesso à água tratada.


A exploração dos recursos hídricos no Brasil depende da concentração populacional humana. Índices elevados de cargas poluidoras nas águas são detectadas em regiões e cidades populosas, com a necessidade de maior disponibilidade de água para abastecimentos humanos. Os maiores entraves para a manutenção da qualidade das águas brasileiras são esgotos dispensados em corpos hídricos sem tratamento, o desmatamento e o uso inadequado do solo por insumos agrícolas e mineração.


Nos versos de Caeiro nos coloca em reflexão o significado do ambiente ao nosso redor. E fica aqui a minha humilde tradução de humanidade para o cuidar de nosso ambiente. O do pertencimento, de estar ligado a outros humanos, a outros seres vivos, de estarmos em uma rede de interação mútua. De sermos íntegros, múltiplos e abertos à diversidade. Viva o meio ambiente que está no nosso interior!



Fontes:
http://rmrh.igam.mg.gov.br/ojs3/index.php/NM/article/view/55
https://www.eosconsultores.com.br/exploracao-de-recursos-hidricos-no-brasil/

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