OPINIÃO

Isaac Roitman é doutor em Microbiologia, professor emérito da Universidade de Brasília e membro titular de Academia Brasileira de Ciências.

Isaac Roitman

 

A inspiração desse texto foi originada da observação da expressão facial, do comportamento e da oralidade de crianças e jovens que testemunham esse cenário de crise social profunda, de desastres ecológicos, de violência, de corrupção, de falta de ética e da pandemia da covid-19.


O confinamento de nossas crianças durante a pandemia, pode ser comparado a um passarinho dentro de uma gaiola que sobrevive e canta, mas mesmo triste não perde a esperança de voar em árvores de um galho a outro. Segundo o Conselho Nacional da Juventude, na pandemia cresceu a proporção de jovens que pensam em parar de estudar. Além disso, as dificuldades impostas pela crise sanitária causam impactos acentuados na saúde física e mental de pessoas de 15 a 29 anos.


Segundo esse estudo, os principais motivos que levam os jovens a interromperem os estudos são questões financeiras (21%) e dificuldades com ensino remoto (14%). Os principais sintomas são, depressão, angústia, ansiedade e insegurança em relação ao futuro. É imperativo desenvolver ações para ajudar os jovens a lidar com suas emoções e dificuldades. Adultos também são afetados de forma similar.


A falta de perspectivas, tem sido a principal causa do aumento de jovens que pretendem deixar o país que se tornará anêmico nessa verdadeira hemorragia que é a perda de talentos, com perda de inteligência, criatividade e energia. Esse fenômeno pode ser observado em muitos setores e particularmente no desmonte do sistema de Ciência e Tecnologia com a fuga de cérebros para países onde a Ciência é reconhecida como essencial para um desenvolvimento social e econômico pleno. Esse desalento do jovem com o futuro do Brasil, contrasta com a esperança de uma vida digna em outros países. Uma pergunta emerge. O que devemos fazer para que o jovem brasileiro tenha a esperança de viver no seu país com alegrias e dignidade?


Em primeiro lugar é fundamental que os formuladores de políticas públicas apoiem o pleno desenvolvimento dos jovens e garantam que eles possam realizar seus potenciais individuais e coletivos. É preciso que os jovens sejam construtores do próprio futuro, pois eles é que têm mais chances de viver nesse futuro.


Nesse contexto devemos tratar como tesouros as crianças entre 0 a 6 anos (primeira infância) aplicando os protocolos que emergem da neurociência para o desenvolvimento cognitivo pleno. Paralelamente estimular o desenvolvimento da afetividade familiar que seria estendida durante toda a educação fundamental e ensino médio que além da promoção de valores e virtudes, prepararia o jovem para ter um ofício que lhe proporcionasse prazer e vida digna. Todas as crianças e jovens brasileiros teriam à disposição uma educação de qualidade independente de sua classe social.

 

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Publicado originalmente no Correio Braziliense em 01/12/21.

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