OPINIÃO

Edson Mintsu Hung é engenheiro, mestre e doutor pelo Departamento de Engenharia Elétrica da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília, onde atua como professor. Faz parte dos comitês de especialistas do Joint Picture Experts Group (JPEG), Motion Picture Experts Group (MPEG) e do Focus Group on Artificial Intelligence for Health (AI4H) da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Edson Mintsu Hung 

 

Desde o início da pandemia a Universidade de Brasília (UnB) tem ajudado, de forma voluntária, na manutenção de respiradores dos hospitais públicos do Distrito Federal. Em abril de 2020, a UnB associou-se à Iniciativa + Manutenção de Respiradores, uma rede voluntária encabeçada pelo Senai para realizar a manutenção de respiradores que estão sem uso, a fim de ajudar no tratamento de pacientes com a covid-19. A rede contou com 40 pontos para receber os equipamentos sem uso para atender a todos os estados brasileiros. Aqui no DF um polo de manutenção no Senai de Taguatinga foi criado com o apoio da UnB e do IFB (Instituto Federal de Brasília).

 

A Secretaria de Saúde do DF possui cerca de 950 ventiladores mecânicos, sendo que 430 são utilizados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Grande parte desses equipamentos possui contrato de manutenção e o restante é mantido pelo Programa de Descentralização Progressiva de Ações da Saúde (PDPAS). Esse projeto complementa o PDPAS ao agregar mais capacidade técnica e financeira para que a manutenção possa ocorrer no menor tempo possível.

 

Os ventiladores mecânicos, popularmente conhecidos como respiradores, são essenciais no tratamento de covid-19 que apresentam a Síndrome Respiratória Aguda Grave. Pois permite uma ventilação de ar com alta concentração de O2 sob pressão que evita uma piora da inflamação dos pulmões. Esses equipamentos são considerados de alta-rotatividade, uma vez que a maioria dos ventiladores necessitam de manutenção periódica (geralmente a cada 5 mil horas ou 208,3 dias), além de eventuais manutenções corretivas. Portanto o processo de manutenção deve ser contínuo, especialmente durante a pandemia.

 

Ao longo do ano de 2020, a equipe de manutenção recebeu no Senai-DF 99 ventiladores, sendo que 66 foram entregues funcionando e 33 foram considerados inviáveis (quando o custo de manutenção é próximo do valor de um equipamento novo, ou por dificuldades de adquirir peças). Essa iniciativa utilizou recursos de doações de empresas privadas, do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec). Em dezembro de 2020 o Senai-DF desmobilizou a infraestrutura montada em Taguatinga.

 

Em 2021, a UnB juntamente com o MPT e a Finatec, deu continuidade a este projeto, abrangendo outros equipamentos hospitalares. Mas com outro formato, passando a realizar a manutenção nos hospitais. Diversos ventiladores consertados no Senai-DF necessitaram de manutenção no ano de 2021 já que a vida útil de alguns componentes, como filtros, membranas e sensores são curtas. Nesta nova etapa foram consertados 70 equipamentos para o combate a covid-19, sendo a grande maioria ventiladores mecânicos pulmonares. Totalizando até o momento o reparo de 138 equipamentos médico-hospitalares que estavam sem uso. O processo de manutenção será realizado enquanto os hospitais tiverem urgência nos equipamentos hospitalares para o combate à covid-19 ou até quando durar a pandemia.

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