OPINIÃO

Amelia Regina Alves é pesquisadora associada do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações (PSTO) da UnB. Doutora em Psicologia, coordena grupo de pesquisa em comportamento consumidor com foco em satisfação e qualidade em telefonia móvel.

Amelia Regina Alves

 

Este texto pretende, apenas, situar o contexto atual sobre pesquisas na área, uma vez que o entendimento teórico e ideológico sobre o tema possui enorme variância, protagonizado por diversos fatores. Obviamente, não conseguirá discorrer sobre o aquecimento das polêmicas e a diversidade de posicionamentos que constituem a esfera das relações consumeristas no Brasil.


É fato que ganhos concretos advieram do Código de Defesa do Consumidor dos anos 1990 e de normas que o regulam, quando o “espírito da época” ainda não patrocinava o grande volume de acesso à informação da atualidade. Ademais, mudanças de paradigmas trouxeram ao debate as relações consumeristas e a necessidade de melhor se conhecer e entender esse fenômeno.


O primeiro editor do Journal of Consumer Research (JCR), Ronald Frank, assumiu, com base no enfoque multidisciplinar, que a pesquisa do consumidor deveria, primariamente, adaptar, aplicar e, possivelmente, estender teorias desenvolvidas em disciplinas básicas como psicologia, sociologia, economia e comunicação, direito. Assim, linhas de pesquisa na ciência do comportamento, ao longo dos últimos 30 anos, centraram seus estudos no efeito da percepção pós-compra em relação às decisões futuras e estabeleceram modelo cognitivo sobre os antecedentes e as decisões decorrentes da satisfação do consumidor. Debruçaram-se sobre o processo decisório, motivadores do consumo e o pós-venda. Influenciaram, desde então, estudos recentes. Demarcaram conceitos importantes, sobretudo na ciência do comportamento. Não sem razão, muitas das variáveis envolvidas no paradigma de satisfação e qualidade são construtos que não podem ser medidos objetivamente, pois são construtos latentes.


Reconhecido professor emérito da Universidade de Brasília, Luiz Pasquali, doutor em Avaliação e Medidas em Ciência do Comportamento, acrescenta, literalmente (2010, p.107), que:


[...] o traço latente surge referido sob expressões como variável hipotética, variável fonte, fator, construto, conceito, estrutura psíquica, processo cognitivo, traço cognitivo, habilidade, atitude, tendência, entre outros. As estruturas latentes são atributos não perceptíveis à observação empírica direta. Sua mensuração se dá de forma indireta, por meio de comportamentos, ou mesmo de desempenhos no sentido a permitir que seja cientificamente abordado e compreendido.


Reiterando que não há, aqui, a tentativa de se resolver a diatribe instalada com a revisão do SAC e pesquisas decorrentes, mas deixar clara a diferença de perspectivas investigativas, quando se trata de avaliar “percepção de consumo”, é necessário demarcar o método investigativo. No caso do comportamento de consumo, o objeto de estudo é o processo psicológico denominado “Traço Latente”. Sendo um campo da psicologia, deve ser, portanto, cientificamente estudado por meio da representatividade de comportamentos. Essa colocação acaba fazendo demarcação profunda e importante sobre o objeto de estudo da pesquisa empírica. 

 

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