OPINIÃO

José Matias-Pereira é economista e advogado. Possui doutorado em Ciência Política pela Universidade Complutense de Madri (UCM-Espanha) e pós-doutorado em Administração pela Universidade de São Paulo (FEA/USP). É professor-pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade de Brasília. Autor, entre outros livros, de Finanças Públicas, 7. ed. GEN-Atlas, 2018.



José Matias-Pereira

 

Para tratar da crise econômica que se abateu sobre a economia mundial, em especial, no Brasil, é necessário recordar a origem e os efeitos das medidas adotadas para enfrentar a pandemia de covid-19. A divulgação, em dezembro de 2019, pelo governo chinês da existência de uma doença infecciosa causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), detectada na cidade de Wuhan, na China, com elevado nível de letalidade, alarmou o mundo. Ao longo de 2020, a doença se alastrou pelo planeta de forma devastadora, vitimando cerca de 1,8 milhão de pessoas. O agravamento da pandemia colapsou os sistemas de saúde dos países ricos e pobres, que passaram a adotar medidas restritivas (lockdowns), relegando a um plano secundário os seus efeitos na economia. Essas medidas provocaram fortes quedas nas economias da grande maioria dos países no mundo (exceto a China).

 

Os resultados do desempenho da economia em 2020 revelam que os custos das medidas adotadas para enfrentar a pandemia no Brasil, notadamente os lockdowns, foram bastante elevados. O Produto Interno do Brasil caiu 4,1% naquele ano (IBGE, 2021). Constata-se que apenas a agropecuária (+2%) teve crescimento na comparação com o ano de 2019. Por sua vez, a indústria teve uma queda de 3,5% e serviços de 4,5%. Os efeitos dessa recessão econômica em 2020 causou diminuição dos níveis de produtividade das indústrias; aumento do desemprego; diminuição da renda das famílias; queda nos níveis de investimento; perda de faturamento em comércios, serviços, entre outros efeitos danosos.

 

Diante desse cenário inquietante, agravado pela segunda onda da pandemia de covid-19, a principal indagação dos especialistas e do mercado diz respeito à consistência do processo de recuperação da economia brasileira em 2021. Assim, indaga-se: os indicadores do desempenho da economia brasileira no primeiro trimestre permitem afirmar que a recuperação em 2021 irá ocorrer em forma de V? A recuperação da economia em forma de V ocorre quando, após uma queda abrupta da atividade econômica, acontece uma alta na mesma intensidade.

 

Os dados divulgados pelo Sistema de Contas Nacionais Trimestrais (IBGE) sobre o desempenho do PIB brasileiro no primeiro trimestre deste ano indicam, em princípio, que a recuperação da economia está ocorrendo de forma consistente. Esse cenário positivo está respaldado na comparação do primeiro trimestre de 2021 com os últimos três meses de 2020, o que resultou no crescimento de 1,2% do PIB. Observa-se que a agropecuária foi favorecida pela melhora na produtividade e no desempenho de alguns produtos, sobretudo, a soja, que tem maior peso na lavoura brasileira e previsão de safra recorde este ano. O avanço das indústrias extrativas (3,2%) ajudou a atividade industrial, que também registrou crescimento na construção (2,1%) e na atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (0,9%). O único resultado negativo ficou nas indústrias de transformação (-0,5%).
 

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