OPINIÃO

Christina Maria Pedrazza Sêga é professora aposentada da Universidade de Brasília e doutora em Ciências da Comunicação (Universidade Nova de Lisboa).

Christina Maria Pedrazza Sêga

 

Desde que o primeiro cartão natalino foi enviado na Inglaterra, em 1843, idealizado por Sir Henry Cole e ilustrado pelo artista plástico inglês, John Horsley, que esse hábito se consolidou no mundo, de forma geral. Quanto mais distante era o destino, mais forte era a emoção em receber as costumeiras mensagens natalinas e de próspero ano novo impressas, apenas com a reiterada expressão manuscrita "são os votos de ..." acompanhada do nome do remetente. Sem criatividade em elaborar outras mensagens, elas se tornaram clichês ou estereótipos. E o compromisso em retribuir tais votos tornava-se obrigatório.

 

A troca de cartões foi sempre uma forma de lembrança, carinho, saudade e reconhecimento. Com o tempo, essa prática também foi adquirida por alguns estabelecimentos comerciais e bancários como forma de fidelizar seus clientes.

 

Com a chegada da internet, o costume de enviar cartões postais caiu em desuso sendo substituído pelos e-mails ou cartões virtuais em razão da praticidade do tempo, eficiência, despesas com cartões e preço de postagens.

 

Se por um lado, os cartões postais sempre transmitiram a sensação de tornar próximas as pessoas distantes do nosso convívio, por outro lado, esquecemos muitas vezes que o próximo está bem ao nosso lado, como os nossos vizinhos.

 

Não poderia haver uma data mais apropriada para se comemorar o Dia do Vizinho que uma próxima, ou melhor, vizinha ao Natal - 23/12. Do italiano "vicino" (próximo), propagou-se no português popular: "o zinho ( indivíduo) que vi". Ora, se vi ou se vejo é porque está próximo. Quantas vezes você enviou ou recebeu um cartão natalino do seu vizinho? Será que ao menos teve tempo de desejar-lhe o mesmo que enviou pelos postais ou pela internet?

 

Preocupados com cotidiano atarefado, com a integridade física e de bens materiais, hoje nos equipamos com dispositivos de segurança cada vez mais sofisticados, afastando-nos da antiga comunicação e interação pessoal que havia entre os vizinhos. Mesmo assim, o vizinho é o mais próximo de nós, depois daqueles que habitam em nosso lar.

 

Nem sempre temos o vizinho que idealizamos e nem sempre somos o próximo como ele gostaria. Porém, é ele quem aguenta nosso barulho ou do cachorro latindo; é ele quem primeiro ouve nosso grito de socorro; é ele quem alerta você de um problema na sua casa; é ele quem chama a polícia, a ambulância ou bombeiro se for o caso. Sim, é ele, o vizinho, quer dos lados, da frente ou do fundo.

 

Por tudo que ele é capaz de fazer ou já fez por nós, "Boas Festas, Vizinho!".

 

 

 

 

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