OPINIÃO

Rodolfo Augusto Melo Ward de Oliveira é programador Visual da UnB. Doutorando em Artes Visuais e mestre em Arte Contemporânea pela linha de pesquisa, Arte e Tecnologia, da Universidade de Brasília - UnB (2019). Pós-Graduado em Relações Internacionais pelo Instituto de Relações Internacionais IREL/UnB (2020). Pós-Graduado em Análise Política e Políticas Públicas pelo Instituto de Ciência Política - IPOL/UnB (2018).

Rodolfo Ward

 

O início do nosso pensamento sobre o belo e a estética tem como época as mitológicas gregas, em que imperava o pensamento matemático e geométrico refletido em toda as esferas sociais. É importante trazermos esses elementos para entendermos a origem do pensamento ocidental, hegemônico, em relação ao estudo do belo e em um segundo momento a origem da disciplina estética no âmbito acadêmico.


Tatarkiewicz (2001) articula o desenvolvimento do conceito de arte desde a época da Grécia antiga até os dias atuais. Àquela época, a palavra arte tinha um significado muito mais amplo e era utilizada de forma coloquial para todos os tipos de fazer, de produção. As palavras músico, poeta, arquiteto não se faziam necessárias naquele contexto histórico. Os gregos não utilizavam as denominações artes visuais, música, poesia, arquitetura como nos dias atuais, porque não necessitavam desses conceitos, pois a divisão do trabalho artístico era diferente e muitas vezes coletiva, como a música e a dança, uma vez que um único nome representaria essa união.


Para os gregos, a palavra arte era entendida como toda forma de produção com destreza, ou seja, toda a práxis era arte. Um carpinteiro, escultor, pintor eram considerados artistas pois produziam com destreza. As divisões também se davam em razão do esforço físico utilizado na produção da obra: se havia esforço físico, era considerada arte inferior; se não havia, era considerada arte superior. Escultores estavam no mesmo patamar de carpinteiros, pois ambos produziam determinado produto artístico e faziam esforço físico; em contrapartida, o músico era considerado superior, pois utilizava apenas seu intelecto para realizar sua arte. Apresentaremos breves e sintéticas definições sobre o belo no decorrer da história acadêmica ocidental. Iniciando pelo complexo pensamento de Platão a respeito do belo.


Para Platão (340 a.C.) o belo é o ideal da perfeição só podendo ser contemplado em sua essência por meio de um processo de evolução filosófica e cognitiva do indivíduo por meio da razão, que lhe proporcionaria conhecer a verdade harmônica do cosmo. Este processo proporcionaria a superação das ilusões e aparências sensórias do mundo, revelando sua verdadeira essência, essa essência de certa forma, divina, está além de formas físicas e experiências empíricas. Por isso a arte para Platão é uma distração da verdadeira essência das coisas. Para o filósofo, a arte é a reprodução do mundo, que por sua vez, é a representação de ideias no mundo manifesto e por isso a arte distancia a mente da realidade e consequentemente do Belo. O filósofo reconhece que a arte possui valor em si mesma, por isso, cria confusão com o objeto real e deturpa a essência do belo. Essa conceituação de Platão tem forte ligação com conceito de real, pois não permite mediações de nenhum tipo. A arte, para ele, está ligada a emoções e sentimentos que distorcem e influenciam as pessoas. “Nesse sentido o caminho do filosofo é o caminho para a realidade e a verdade.” (GREUEL, p. 148, 1994).

 

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