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OPINIÃO

Saulo Maia Said

 

Onde estão empregados os egressos do seu curso (no governo, na iniciativa privada, no terceiro setor, na academia)? Qual proporção está empregada? Quanto tempo eles demoraram pra conseguir um emprego? Eles estão trabalhando na mesma área de sua graduação ou precisaram atuar em outras áreas? Os alunos consideram a formação do curso relevante para a sua atuação profissional? Essas são algumas das principais perguntas constantes em pesquisas de egressos. (Confira no fim desse texto o link para o arquivo onde compilamos algumas pesquisas de egressos já realizadas na UnB). A notícia ruim é que, atualmente, a UnB não possui nenhuma pesquisa de egressos, existindo apenas iniciativas isoladas de alguns poucos Institutos e Departamentos, cada qual com questionário e metodologia próprias.

 

Realizar pesquisas de Egressos é essencial para reformular a ênfase dos cursos ou mesmo a sua grade curricular. Afinal, a Universidade pública precisa ter um compromisso com a sociedade e com seus próprios alunos. Realizamos uma pesquisa nos relatórios de autoavaliação da UnB disponíveis na internet, isto é, os anos de 2006, 2010, 2011, 2012 e 2013. Em 2005, a UnB iniciava um projeto institucional de pesquisa de egressos, mas essa ideia foi abandonada nos anos seguintes. Naquela oportunidade, foi elaborado um banco de dados com todos os formados da UnB entre 1993 e 2002 e realizadas pesquisas de egressos dos cursos de Desenho Industrial, Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Elétrica, Agronomia, Administração, Contabilidade, Biologia e História; a partir dessas pesquisas foram gerados relatórios sobre a situação dos egressos.

 

Em todos os relatórios a partir de 2010, a Universidade reconhece (e lamenta) a ausência de uma política institucional de avaliação dos seus egressos, como se evidencia no relatório de 2013:

 

Por outro lado, o perfil de egressos pretendido pelas unidades acadêmicas em seus Projetos Político Pedagógicos continuou a ser timidamente avaliado. A falta de uma política institucional de acompanhamento de egressos restringe e limita os dados de egressos a estudos isolados de alguns cursos em que podem ser obtidos dados sobre discentes formados. (Relatório de Avaliação Institucional, UnB, 2013, p 43)

 

Comentando a posição da UnB em um ranking de Universidades, o reitor Ivan Camargo também reconheceu que a UnB ainda carece de informações detalhadas sobre seus egressos (cf. CORREIO BRAZILIENSE, 28/5/2014). O que existe, hoje, são poucas iniciativas isoladas de Departamentos e Faculdades, cada qual com questionário e metodologia próprias. Vale destacar, nesse sentido, as iniciativas do Campus de Ceilândia, que avaliou recentemente os egressos dos cursos de Terapia Ocupacional e Saúde Coletiva.

 

Nos últimos anos, a Universidade de São Paulo se destacou ao priorizar a pesquisa de egressos, lançando o portal Egressos, onde os alunos podem responder o questionário de forma rápida e fácil, pela internet. O objetivo da Universidade era usar os resultados na avaliação das Unidades acadêmicas.

 

A proposta da Aliança pela Liberdade é tornar prioritária a pesquisa de egressos e criar mecanismo que incentivem as unidades acadêmicas a propor e implementar soluções (caso as pesquisas demonstrem que a formação tem contribuído pouco para a carreira dos alunos). Não somos os donos da verdade e existem detalhes das pesquisas que precisam ser discutidos nos conselhos. Mas, detalhes técnicos a parte, queremos mais pesquisas de egressos e queremos que as pesquisas sejam usadas para reformular os cursos.

 

Acreditamos que a expansão do acesso as Universidades públicas no país rompeu com o velho elitismo brasileiro e com o beletrismo universitário. A Universidade não pode mais ser pensada para atender apenas aos apetites intelectuais de professores. Também os alunos não podem, em sua maioria, se dar ao luxo do diletantismo, contando com o sustento da família. A Universidade precisa conhecer o destino daqueles que ela forma e trabalhar para que a formação seja cada vez mais atual e relevante para a carreira dos seus egressos. O Brasil precisa priorizar essas pesquisas e a UnB, que já nasceu com vocação vanguardista, tem total capacidade para cumprir essa missão.

 

Saulo Maia Said é graduado em História pela UnB.

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