HISTÓRIA

José Alberto Vivas Veloso é professor aposentado da Universidade de Brasília e criador do Observatório Sismológico (SIS), da mesma universidade. Graduado em Geologia, mestre em Geofísica pela Universidad Nacional Autónoma de México, estudou Sismologia no International Institute of Seismology and Earthquake Engineering, no Japão. Trabalhou na Organização das Nações Unidas, em Viena (Áustria), na montagem de uma rede mundial de detecção de explosões nucleares. É autor do livro O terremoto que mexeu com o Brasil.

Alberto Veloso

 

Este é o ano do 260º aniversário do Terremoto de Lisboa, de 1º de novembro de 1755, um evento singular na História da Humanidade. Além de derrubar, queimar e inundar pedaços da capital lusitana, ele chacoalhou porções do velho continente, também atingido por um vigoroso maremoto que continuou sua marcha rumo ao Atlântico Sul, chegando ao litoral brasileiro.

Investigado e reestudado durante séculos, pareceria não haver mais fatos extraordinários a revelar sobre o emblemático terremoto do século XVIII. Mas, baseado em fontes primárias, demonstramos que as águas do tsunami não somente lavaram cerca de mil quilômetros do litoral brasileiro, como também fizeram alguns estragos e ceifaram pelo menos duas vidas.

Isso é relevante e inédito, pois não se tinha conhecimento de um teletsunami que houvesse ocasionado problemas no Brasil. Portanto, deve-se acrescentar em nossa História que, além da elevação de impostos, da entrega de mais ouro e diamantes para custear a reconstrução de Lisboa, o Brasil foi afetado fisicamente pelo terremoto de 1755.

A chegada desse tsunami é usada como pano de fundo para descrever e explicar terremotos brasileiros, do passado e do presente, alguns dos quais provocaram danos materiais e pessoais. Existem surpresas!

Há pouco mais de 300 anos um terremoto de magnitude estimada 7.0 fez estragos no terreno, balançou uma região de milhares de quilômetros quadrados e agitou as águas do rio Amazonas à semelhança de um tsunami localizado.

Seu epicentro estava muito próximo de onde cresceria Manaus. Em 1769, um tremor marinho, tão forte como os maiores sismos já registrados no país, contribuiu para elevar o nível da sismicidade na margem continental sudeste brasileira, local de nossos recursos petrolíferos.

No último quarto do século XIX, vários deslizamentos de terra, associados a chuvas torrenciais e pequenos tremores, contribuíram para uma grande catástrofe em terras mineiras e, poucos anos depois, o imperador D. Pedro II sentiu um tremor quando se encontrava em Petrópolis e determinou o estudo do fenômeno.

Há novas informações sobre o maior terremoto registrado no Brasil (magnitude 6.2), em Mato Grosso, em 1955, e também se revive a mais intensa série sísmica ocorrida no país, mais precisamente no município de João Câmara, RN.

Enfim, o livro, que será lançado em Brasília na próxima quarta-feira (2), mescla acontecimentos sismológicos com outras histórias que passeiam por reinados de Portugal, chegam ao Brasil Colônia, atravessam o Império e atingem os nossos dias, mostrando que os terremotos continuarão acontecendo porque a máquina geológica que os produz não cessa de trabalhar.

Tremeu a Europa e o Brasil também
Autor: Alberto Veloso
Chiado Editora, 412 pp.
Preço: R$40,00

Veja também:
Link do programa Fantástico, baseado no Capítulo 5 do livro

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